Muitos séculos atrás se acreditavam que a alma se encontrava
dentro do corpo. Pesquisadores passaram a abrir cadáveres buscando, sem
sucesso, encontrar a alma. Como não a encontraram, disseram que no corpo morto
não haveria alma, pois tinha ido embora. Passaram a abrir corpos de pessoas
vivas, geralmente prisioneiros de guerra e escravos.
Se não podemos ver a alma, como podemos comprovar sua existência e
saber para onde ela irá após o fenômeno chamado de morte?
A doutrina foi codificada por Allan Kardec, com o lançamento de O
Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, em Paris, França. Este foi o
pseudônimo assumido pelo conhecido educador Hippolite Leon Denizard Rivail, que
se dedicava ao estudo dos fenômenos espíritas sob a ótica científica.
Foi o próprio Kardec quem definiu o Espiritismo como sendo a
ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como suas
relações com o mundo material.
A codificação espírita, assentada em tríplice aspecto – científico
filosófico e religioso – está estabelecida em princípios fundamentais que
constituem o seu alicerce e lhe dão autoridade.
Embora não haja um número específico dos princípios básicos da
doutrina espírita (uns falam em 5 pontos, outros em 7 e outros ainda falam
em10) citaremos aqueles que, em nosso entender, são os mais importantes.
Fundamentos espíritas
Existência de Deus: É o princípio e o “fim” de tudo. É o criador, causa primária de
todas as coisas. Deus é a Suprema Perfeição, com todos os atributos que
possamos imaginar e ainda muito mais.
Imortalidade do espírito: Antes de sermos seres humanos, filhos de nossos pais, somos, na
verdade, filhos de Deus. O espírito é o princípio inteligente, criado por Deus,
simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus
próprios esforços. Como espíritos, já existíamos antes de nascer e
continuaremos a existir depois da nossa morte física. A morte não existe e isto
é demonstrado pelas manifestações mediúnicas, fenômenos de quase morte, terapia
de vidas passadas, lembranças de encarnações anteriores, manifestações
extracorpóreas, etc.
Reencarnação: É o mecanismo natural de evolução dos espíritos. O espírito é quem
decide e cria seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio,
que é a capacidade de escolher; assim, ele tem a possibilidade de se
desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se... tornar-se cada vez mais consciente de
sua realidade transcendental. Isto requer um aprendizado que o espírito só
consegue encarnando no mundo e reencarnando quantas vezes forem necessárias. O
progresso adquirido pelo espírito através das múltiplas experiências de vida,
nas inúmeras existências, não é tão somente intelectual, mas também, o
progresso moral, que vai aproximá-lo cada vez mais de Deus. Os espíritas não
creem na metempsicose, ou seja, a volta do espírito no corpo de animal.
Comunicabilidade entre os espíritos: O Espiritismo demonstra a possibilidade de comunicação entre os
espíritos encarnados (vivos) e os espíritos desencarnados (mortos) através da
mediunidade. Os espíritos agem sobre nós, os encarnados, mas essa ação é quase
restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a
matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos
especiais; essas pessoas são chamadas de médiuns. Pelo médium, o espírito
desencarnado pode se comunicar se puder e quiser. Essa comunicação depende do
tipo de mediunidade ou faculdade do médium, que pode ser feita pela fala
(psicofonia), pela escrita (psicografia), por batidas (tiptologia), etc.
Lei da causa e efeito: A lei da causa e efeito é o mecanismo de retribuição ética
universal a todos os espíritos, segundo a qual, nossa condição atual é
resultado de nossos atos passados. A escolha nos pertence, logo, as
consequências boas ou más são resultados de nossas próprias decisões. Se agora
estamos sofrendo, podemos concluir que a causa do sofrimento advém das nossas
atitudes, desta ou de outra encarnação. Nós construímos a nossa evolução e
escolhemos o caminho a percorrer.
Pluralidade dos mundos habitados: A Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo. A
matéria existe em variados graus, desde a mais até a menos densa e isso indica
a possibilidade de mundos em variados graus de densidade, e que neles podem
existir seres inteligentes com corpos mais ou menos sutis. A doutrina espírita
ainda classifica os mundos segundo seu grau de evolução, como por exemplo,
mundos primitivos, mundo de expiação e provas, mundos de regeneração, etc. A
Terra ocupa o segundo grau na evolução, como mundo de expiação e provas,
destinado a espíritos ainda iniciantes no uso da razão e do sentimento.
Evolução da doutrina
São estes princípios que constituem os alicerces da codificação
espírita. Sobre estas bases se assentam o Espiritismo. Ele não impõe os seus
princípios. Convida os interessados em conhecê-los e a submeter seus
ensinamentos ao crivo da razão. Cada espírita é livre para concordar ou não com
estes conceitos. Kardec, inclusive, nos adverte para que, caso a Ciência
comprove que alguns pontos doutrinários estejam equivocados, fiquemos com a
Ciência. Com certeza não podemos alterar a codificação kardequiana, mas, o
Espiritismo, acima de tudo, é uma doutrina evolucionista e não pode ficar
estagnada em dogmas.
Artigo publicado na
Revista Cristã de Espiritismo, edição 100.
Escrito por Tadeu José
Laurenti
PAZ E LUZ!
Nenhum comentário:
Postar um comentário