domingo, 29 de março de 2009

Aprendendo com as emoções


Muitas vezes nos deparamos com dificuldades intransponíveis que nos levam à busca de auxílio para nos equilibrarmos. E, uma dessas terapias alternativas tem sido a freqüência aos centros espíritas
Assim, nele chegamos com altas expectativas de melhora, depositando na casa ou em um de seus dirigentes, toda a responsabilidade de cura e reequilíbrio.
Passadas algumas semanas ou meses, nos deparamos com a distância imensa entre o que esperávamos conseguir e o que realmente atingimos e, algumas vezes, saímos por aí criticando e adjetivando este e outros centros epíritas de “fracos “.
Essa postura crítica decorre do imediatismo natural dos ocidentais e do total desconhecimento a respeito de nós mesmos.
Comecemos com uma questão: nos conhecemos profundamente?

O complexo humano: razão, emoção e espírito
Esse autoconhecimento a que nos referimos não é apenas o comportamental, mas sim o mais amplo possível. Segundo Kardec, somos um complexo humano formado de corpo físico, corpo espiritual ou perispírito e espírito propriamente dito, portanto, para nos conhecermos integralmente é preciso conquistarmos cultura nesses diversos aspectos de nós mesmos.
Perguntamos, então: É preciso estudarmos anatomia, biologia, fisiologia, psicologia, e tantas outras “gias” para nos conhecermos?
Muitas vezes um médico ou psicólogo muito estudado e culto mal se conhece ou tem olhos para descobrir e conhecer o próximo ou pelo menos seus pacientes. Entram nesse caso, diversas virtudes espirituais, como por exemplo, o amor ao semelhante, a humildade, a caridade, a paciência, o perdão, etc.
Sermos autodidatas e termos humildade para aprender já é um grande caminho para o aprendizado do autoconhecimento. Em seu livro A Gênese, Kardec nos explica que somos espíritos eternos que vêm evoluindo milênio a milênio, vagarosamente, realizando estágios na matéria de diversas formas: mineral, vegetal, animal e recentemente conquistamos a individualidade humana e com certeza, nessa forma iremos estagiar por muitos e muitos milênios mais.
Nesse processo evolutivo conquistamos instintos valiosos para chegarmos até a condição de humanos, instintos esses que ainda prevalecem muito em todos nós. Com a experiência reencarnatória estamos aprendendo a transformá-los em emoções e seguidamente em sentimentos, tudo com o desenvolvimento da razão e do conhecimento. Mais ainda adiante, com certeza, conquistaremos a habilidade de transformarmos essas emoções em sentimentos e esses sentimentos em Amor Verdadeiro. Assim somos nós. Espíritos eternos evoluindo desde o instinto até o amor desinteressado por nosso próprio esforço.
Temos ajuda? Claro, constantemente obtemos ajuda, mas a maioria das vezes não temos consciência desse auxílio, que vêm da infinita bondade divina, que coloca junto de nós pessoas e circunstâncias que nos impelem para frente, evitando estacionarmos na ignorância, por medo (o grande vilão), por preguiça mental e física, por orgulho, falta de perdão, mágoas, etc.

Aprender a administrar
Autogerenciar nossas emoções é a chave para um bom desempenho em todos os aspectos de nossa vida, inclusive para a harmonia e o progresso espiritual. Uma pessoa totalmente desequilibrada e dominada por emoções fortes e avassaladoras dificilmente conseguirá captar mensagens edificantes e proveitosas para sua vida ao, por exemplo, assistir uma palestra em uma casa espírita, e mais, a captação de fluidos benéficos no momento do passe será grandemente reduzida por desequilíbrios emocionais ou por falta de crença.
Nem sempre podemos controlar situações ou controlar outras pessoas, mas podemos controlar nossa maneira de reagir a elas. Portanto essa será sempre a nossa grande e maior conquista: escolher o nosso estado interno e mantê-lo estável constantemente, com um mínimo de esforço possível para eliminarmos o estresse (a doença do século).
Um estado de desequilíbrio emocional poderá nos trazer conseqüências funestas como a perda de emprego, dissolução do casamento, desarmonia familiar, prejudicando não apenas nós mesmos como nossos semelhantes e entes queridos.
Para aprendermos a gerenciar nossas emoções, e não eliminá-las, é preciso conhecer nossas tendências. O maior inimigo desse conhecimento e a presunção de perfeição. Sócrates, filósofo grego, já ensinava que quem acha que sabe tudo, não sabe nada.
Fazer uma falsa imagem de si mesmo é o grande impecilho para a evolução pessoal. Ser realista com nossas próprias tendências, aceitá-las e não nos subestimarmos é o primeiro passo para o domínio dessas forças interiores.

As forças atuantes no corpo
Quando abordamos a necessidade de cultura geral para melhorarmos nosso processo evolutivo, nos referimos ao conhecimento de diversos aspectos da natureza que influenciam na exteriorização de nossas emoções, inclusive o aspecto físico, ou melhor ainda, o aspecto fisiológico.
O conhecimento de nosso desempenho corporal é de suma importância para distinguirmos o porquê de um desequilíbrio momentâneo. A mulher, por exemplo, é regulada por hormônios que interferem intensamente em suas emoções, chegando a excluir seu livre arbítrio diante da sua natureza reprodutora. Ela não tem opção, a não ser aceitar seu fluxo menstrual, queira ou não a maternidade.
A fisiologia do seu corpo é totalmente voltada à função reprodutiva, e todos os meses, impreterivelmente, seus hormônios preparam seu organismo para a reprodução, causando uma total modificação em sua fisiologia. Esse ciclo mensal influencia o comportamento emocional, que por sua vez interfere em todos os demais mecanismos, como o mental, o comportamental, o psicológico, e até o espiritual.
Muitas mulheres vivem uma vida inteira sendo consideradas desequilibradas ou histéricas, e até acreditando nisso, sendo que são totalmente sãs, possuindo apenas uma somatização desse estado emocional confuso pré-menstrual, desencadeado por uma somatória de motivos, inclusive os fisiológicos.
Quantas famílias não teriam sido poupadas da desunião, se os homens e até as próprias mulheres, possuíssem conhecimento dos seus ritmos biológicos ? Esse conhecimento traz a compreensão e a ajuda nesses momentos difíceis. Daí termos ressaltado a importância da cultura geral, nesse caso a biológica, para conquistarmos o autogerenciamento das emoções.

Adapte-se ao momento
Consciente de estar nesse período propício às tensões, a pessoa se policiará mais e tomará as devidas providências para contornar o problema e evitar que ele interfira nos demais aspectos de sua vida.
Outras forças exteriores também interferem em nosso comportamento de maneira contundente, como por exemplo as forças da natureza, a alta pressão do ar, variações bruscas de temperatura, poluição, etc.
Quantas vezes demoramos a nos dar conta de que um ambiente de trabalho está envolto por uma excitação geral, influenciando no desempenho dos profissionais, devido a uma inversão térmica?
Quando o corpo é atingido por esses fatores exógenos, imediatamente nossas emoções se desequilibram e afetam nosso estado geral de harmonia. O aprendizado a respeito desses mecanismos nos auxiliam na conquista do autoconhecimento e conseqüente domínio de nossas tendências desequilibrantes.

Conscientização corporal
Há estudos complexos e detalhados sobre nossa postura física. Eles são baseados na constatação de que o corpo reflete nossa alma, nossas emoções, nossos sentimentos. Podemos detectar com absoluta certeza o estado emocional de uma pessoa que se apresenta cabisbaixa, com a fronte enrugada, ombros caídos e semblante sombrio, por exemplo. Ao tomarmos cons­ci­ência dessa postura negativa e nos corrigirmos, inevitavelmente nossa mente readquirá atenção, e pensamentos mais claros, mais otimistas, nos invadirão. Por isso, nas centros espíritas é comum o chamamento a respeito da postura no momento do passe, mais como um sinal de alerta para estarmos mentalmente receptivos, do que a errônea conclusão de que essa postura exterior possa influenciar na eficácia dos seus benefícios. As orientações sobre a postura se baseiam no princípio de que, induzindo o atendido a adquirir uma postura receptiva, sua mente também se tornará mais acessível para o recebimento dos benefícios da transfusão fluídica.

Espiritismo: doutrina para o autoconhecimento
A Doutrina Espírita ensina e propicia condições de entendimento para nossa melhoria e equilíbrio, porém somos nós os responsáveis por essa conquista.
Está em nossas mãos o êxito da nossa evolução. Por isso muitas pessoas freqüentam centros espíritas anos seguidos e concluem que continuam com as mesmas dificuldades, pois aguardaram a solução de seus problemas pela doutrina espírita, pelo centro que iam, ou pelo médium que consultavam, e não por si próprias, através de seu esforço pessoal.
O aprimoramento espiritual está atrelado a todos os demais aspectos de nossa vida. Não adianta frequentar a casa espírita todos os dias da semana, por anos a fio, se dizer dirigente de centros importantes, se não dermos a devida importância para o aprimoramento pessoal e não vivenciarmos esse aprendizado.
Kardec dá especial atenção, no O Livro dos Espíritos, ao autoconhecimento. Sabermos quem somos, como somos, de onde viemos e para onde vamos é a pedra angular do conhecimento da doutrina espírita e conseqüentemente do conhecimento de nós mesmos.
A atenção sobre o nosso estado emocional e a manutenção do mesmo em equilíbrio nos propiciará a oportunidade de um estado espiritual tranqüilo e receptivo à novas conquistas e ao aperfeiçoamento de nós mesmos, vivenciando com mais facilidade as lições do Evangelho de Jesus.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 06.


PAZ E LUZ!



quinta-feira, 26 de março de 2009

Porque pais matam filhos.


Vingança, ódio, desespero, inveja ou ciúme... São doenças claramente ajustáveis á patologia da mente? Nossos delinqüentes devem ser considerados enfermos da alma? A eles devemos solicitar segregação para tratamento e reeducação ou censura e castigo?...
O desencarne imensamente trágico de Isabella, vem nos mostrar as provações que são submetidos os espíritos e os encarnados para seguir suas metas em prol da verdadeira evolução... Esta passagem serve de imensa “provação” ou “expiação” para os pais, os avós e todos os familiares, até mesmo para ela própria (pode ter sido um “resgate” pelo qual necessitava passar)... O véu de esquecimento no processo reencarnatório, é uma fórmula sábia estabelecida por DEUS para que possamos ter uma existência mais tranqüila, sem ficarmos atormentados pelas más ações que porventura tenhamos cometido na nossa vida anterior.
Portanto, o esquecimento temporário é uma necessidade... Ensinou-nos Jesus: “Tudo o que vós plantardes vós havereis de colher!”... Tudo que pensamos, tudo que desejamos, tudo que falarmos e tudo que fizermos, são automaticamente e instantaneamente “gravado” e “arquivado” no nosso “perispirito”...
No Universo nada ocorre injustamente, a justiça não é falha, não “a justiça dos homens”, mas a verdadeira justiça, que é a Justiça Divina...
Se considerarmos tais atos como reações de um corpo enfermo, tratamos neste contexto de várias psicoses compulsivas que variam desde transtornos de personalidades até verdadeiros estados psicológicos depressivos que levam o espírito encarnado a um estado que chega a definhar seus corpos materiais.
A mais importante das patologias, neste caso serio o Ciúme, que pode ser tratado como uma verdadeira patologia, aparecendo com sintoma de diversos quadros, desde os Transtornos de Personalidade até as doenças francas. Enquanto o ciúme normal é transitório, baseado em fatos reais, o Ciúme Patológico é uma preocupação infundada, absurda e emancipada dos fatos. O Ciúme doentil promove varias emoções, como a ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e “desejo de vingança”.
Esse sentimento torna o portador um vulcão emocional, sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o amor, para ele o amor nada mais é que um sentimento depreciativo e doentio são pessoas extremamente sensíveis, vulneráveis e muito desconfiadas, portadores de auto-estima rebaixada, tendo como defesa um comportamento impulsivo, egoísta e agressivo.
O potencial para atitudes violentas é destacado nestas pessoas e se torna o principal fator motivador dos índices de homicídios nos dias de hoje.
Sob a visão espírita, a alma enferma é orgulhosa, infeliz e árida de generosidade; invigilante, aceita a violência como solução de problemas que somente a fé em DEUS, associada à compreensão e à paciência, consegue solucionar. Sem a verdadeira fé, que lhe proporciona refrigério para o coração e lucidez para mente, abrem-se todos os canais aos pensamentos de revolta, gerando correntes vibracionais de sentimentos negativos agressivos.
Com a mente em desalinho, atrai para si mesmo outras mentes afins, “egrégoras negativas”, desencadeando complexos processos obsessivos.
A princípio como simples sugestões que ela confunde com seus próprios pensamentos; com a continuação, as proteções vibratórias enfraquecidas pela ação conjunta do sentimento negativo e a ação persistente de verdugos espirituais, favorece que se estabeleça o domínio total em ações do mal.
Neste estágio o seu livre arbítrio já se encontra comprometido e guiado por mãos poderosas ela executa as ações criminosas, das quais, inconscientemente, se torna a maior vítima.
A base de tudo gira em torno na lei de causa e efeito, o ciumento de hoje pode ser interpretado como o traído de ontem, que não conseguiu superar o trauma vive atormentado pelo medo de ser traído novamente.
É importante não esquecermos, que a tragédia passional é fruto de um processo: não se desencadeia de uma hora para outra. Normalmente, a relação há tempo vem sob um clima de conflitos e desrespeito embasado em princípios de educação e moral.
Estabelecido o clima desarmonioso, com o passar do tempo a situação torna-se insuportável. Complicada ainda mais pelas vicissitudes da vida, o desgaste psicofísico é inevitável, e com ele a instalação de estados depressivos e obsessões, que então impulsionam a coragem para execução de qualquer ato maléfico.
O momento do desencarne, como do nascimento é muito importante para todos nós. Pois é nesta fase que se iniciam os laços que ligarão o espírito ao corpo material que este habitará e conseqüentemente sua nova família em mais esta etapa de sua vida eterna. A finalidade de nossas constantes presenças nos círculos carnais é, sem dúvida, sublimar todos nobres sentimentos a este espírito que novamente segue em busca da plenitude, transformando-os, lenta e gradualmente, em atos do mais verdadeiro, puro e incondicional amor, o que se traduz, em última análise, por reforma íntima através das atitudes diárias.
A atitude criminosa é o remate de uma existência na qual o espírito reencarnante não aceita disciplinas para seus sentimentos. Vai satisfazendo seus instintos mais primitivos, despreocupado do sofrimento e dor que espalha à sua volta. Não valoriza o lar que lhe dá a possibilidade de recomeço; nenhuma utilidade dá ao conhecimento adquirido nos estudos universitários; ao construir a própria família, não se sente obrigado a respeitar seus integrantes.
Cria o hábito de só atender os próprios desejos. O remorso é o fator renovador dessa alma ao compreender que não possui “poderes” sobre a vida e destino de outro espírito, frente a DEUS, frente aos homens...
A importância da família na formação da personalidade do ser é de suma importância, pois sobre ela exerce a lei reencarnacionista, lei de justiça, a revelar-se nas menores particularidades da existência, como uma longa série de causas e efeitos, explicando a existência do ser, do destino e da dor.
Citamos a colocação de Emmanuel que nos diz: “O colégio familiar tem suas origens sagradas nas esferas espirituais. Em seus laços reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidades real e definitiva”.
Visto fica que, é no seio da família onde o espírito quando decide voltar a reencarnar, restabelece novamente contato com espíritos aos quais têm afinidade, ou com aqueles que nos devotam antipatias marcantes, ódios dolorosos, todos vinculados à sábia lei da causa e do efeito, comprometido agora, aos pais, transformarem estes sentimentos controvertidos, estas personalidade deformadas, em novas energias, estabelecendo, para todos, amplo exemplo do amor, onde o lar e a família se tornam a fonte permanente de amor e caridade diante aos exemplos de Jesus.
Quando não temos a condição de amar e não damos a condição de sermos amados, geramos ao nosso derredor graves distúrbios de ordem emocional que atingirão, profundamente, os que nos cercam. A família deve ser a estrutura sólida de todo espírito nesta pátria, deve corresponder a seus anseios, com demonstrações de carinho, respeito, diálogo franco, ensinamentos morais, disciplinas e ordem.
Joanna de Angelis nos diz que: “A família é o fulcro da maior importância parta a formação do Homem”. Emannuel esclarece: “Em família, temos aqueles que permanecem conosco para o nosso amor e aqueles que se demoram conosco para a nossa dor”.
Se as almas, que vão viver unidas, vivem plenamente em espírito, ressarcidos pelo amor que os gerou, e transformando em centelha de luz eterna, em busca da luz maior universal de DEUS, então poderemos ter pessoas humanas e conscientes de suas missões nesta vida. Traz o conceito de Família Universal, que supõe convívios fraternos entre todos os Espíritos, encarnados e desencarnados, numa cooperação mutua objetivando o progresso conjunto dos seres e das coisas, onde os erros de passado se resolvam não mais contra o indivíduo, mas a seu favor e por ele mesmo.



fonte desconhecida.


PAZ E LUZ!

sábado, 21 de março de 2009

Sonhos Premonitórios



O que são sonhos premonitórios? Como diferenciar uma premonição de um sonho comum? Saiba o que fazer quando você tiver sonhos desse tipo.
Existem importantes observações na literatura espírita sobre os sonhos premonitórios. É fundamental conhecê-las para que se possa construir uma base sólida e clara sobre o assunto. Tanto nas obras da codificação como em outras complementares, ressalta-se o discernimento que devemos ter em suas diferentes manifestações. Vejamos algumas dessas citações com o objetivo de compreender melhor os seus significados, sem nos prender em más interpretações.

Codificação espírita
A pergunta 404 de O Livro dos Espíritos diz: “Que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos? Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal. São também, como atrás dissemos, um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta”.
Prossegue ainda na pergunta 405: “Acontece com freqüência verem-se em sonho coisas que parecem pressentimento, que, afinal, não se confirma. A que se deve atribuir isto? Pode suceder que tais pressentimentos venham a confirmar-se apenas para o Espírito. Quer dizer que este viu aquilo que desejava, foi ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma está mais ou menos sob influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas idéias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. A isto é que, em verdade, cabe chamar-se efeito da imaginação. Sempre que uma idéia nos preocupa fortemente, tudo o que vemos se nos mostra ligado a essa idéia”.
A Gênese, também se refere ao tema. Relata que José, pai de Jesus, foi advertido por um anjo em sonhos para que fugisse para o Egito com o menino. O capítulo XV da obra faz uma reflexão sobre as advertências que podem ser feitas por intermédio dos sonhos e que fazem parte dos livros sagrados de todas as religiões. Salienta ainda que o fenômeno nada tem de anormal, já que durante o sono o espírito se desliga dos laços da matéria para entrar momentaneamente na vida espiritual, porém adverte que nem sempre se pode deduzir que os sonhos são avisos ou tenham significado específico.
Além das obras de Allan Kardec, há citações sobre o tema em outros livros de cunho espírita. O livro Recordações da Mediunidade – da médium Yvonne A. Pereira, orientado pelo espírito de Bezerra de Menezes, diz: “Existem vários processos pelos quais o homem poderá ser informado de um ou outro acontecimento futuro importante da sua vida. Comumente, se ele fez jus a essa advertência, ou lembrete, pois isso implica certo mérito, ou ainda certo desenvolvimento psíquico, de quem o recebe, é um amigo do Além, um parente, o seu espírito familiar ou o próprio guardião maior que lhe comunicam o fato a realizar-se, preparando-o para o evento, que geralmente é grave, doloroso, fazendo-se sempre em linguagem encenada, ou figurada, como de uso no Invisível, e daí o que chamais “avisos pelo sonho”, ou seja, sonhos premonitórios...
O estudo da lei de causa e efeito é matemática, infalível, concreta, para a observação das entidades espirituais de ordem elevada, e, assim sendo, ele se comunicará com o seu pupilo terreno através da intuição, do pressentimento, da premonição, do sonho etc. O estudo da matemática de causa e efeito é mesmo indispensável, como que obrigatório, às entidades prepostas à carreira transcendente de guardiães, ou guias espirituais. Estudo profundo, científico, que se ampliará até prever o futuro remoto da própria Humanidade e dos acontecimentos a se realizarem no globo terráqueo, como hecatombes físicas ou morais, guerras, fatos célebres etc., daí então advindo a possibilidade das profecias quando o sensitivo, altamente dotado de poderes supranormais, comportar o peso da transmissão fiel aos seus contemporâneos.”.

Devemos encarar com naturalidade
O livro Conduta Espírita, ditado por André Luiz ressalta algumas observações a respeito da postura que se deve assumir diante dos sonhos e suas revelações: “Encarar com naturalidade os sonhos que possam surgir durante o descanso físico, sem preocupar-se aflitivamente com quaisquer fatos ou idéias que se reportem a eles. Há mais sonhos na vigília que no sono natural.
Extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto em sonho. Em tudo há sempre uma lição. Repudiar as interpretações supersticiosas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos, gastando preciosos recursos e oportunidades da existência em preocupação viciosa e fútil. Objetivos elevados, tempo aproveitado. Acautelar-se quanto às comunicações intre vivos, no sonho vulgar, pois, conquanto o fenômeno seja real, a sua autenticidade é bastante rara. O espírito encarnado é tanto mais livre no corpo denso, quanto mais escravo se mostre aos deveres que a vida lhe preceitua.
Não se prender demasiadamente aos sonhos de que recorde ou às narrativas oníricas de que se faça ouvinte, para não descer ao terreno baldio da extravagância. A lógica e o bom senso devem presidir a todo raciocínio.
Preparar um sono tranqüilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de entregar-se ao repouso normal. A inércia do corpo não é calma para o Espírito aprisionado à tensão. Admitir os diversos tipos de sonhos, sabendo, porém, que a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. O Espírito encarnado e o corpo que o serve respiram em regime de reciprocidade no reino das vibrações”.
O importante colaborador da doutrina espírita, Léon Denis, na obra No Invisível, faz relevantes comentários sobre os sonhos premonitórios no capítulo XIII que reproduzimos alguns trechos para melhor entendimento: “Os sonhos em suas variadas formas, têm uma causa única: a emancipação da alma. Esta se desprende do corpo carnal durante o sono e se transporta a um plano mais ou menos elevado do Universo, onde percebe, com o auxílio de seus sentidos próprios, os seres e as coisas desse plano.
Algumas vezes, quando suficientemente purificada, a alma, conduzida por espíritos angélicos, chega em seus transportes alcançar as esferas divinas, o mundo em que se geram as causas. Aí paira, sobranceira ao tempo, e vê desdobrarem-se o passado e o futuro. Se acaso comunica ao invólucro humano um reflexo das sensações colhidas, poderão estas constituir o que se denomina sonhos proféticos.
Nos casos importantes, quando o cérebro vibra com demasiada lentidão para que possa registrar as impressões intensas ou sutis percebidas pelo Espírito, e este quer conservar, ao despertar, a lembrança das instruções que recebeu, cria então, pela ação da vontade, quadros, cenas figurativas das imagens fluídicas, adaptadas à capacidade vibratória do cérebro material, sobre o qual, por um efeito sugestivo, as projeta energicamente. E, conforme a necessidade, se é inábil para isso, recorrerá ao auxílio dos Espíritos mais adiantados, e assim revestirá o sonho uma forma alegórica”.


Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição especial 08.


PAZ E LUZ!

quinta-feira, 19 de março de 2009

A chegada da deficiência




Tornar-se deficiente é algo que muda radicalmente a conduta de vida, mas não impede que se prossiga na realização dos sonhos e na busca da felicidade
A vida é complexa, um misto de prazer e dor, mas ela também é limite, transforma-se a cada segundo. Quem escolheria, de boa vontade, ter uma deficiência física? Com certeza, nem eu ou você. Todos somos iguais neste desejo, um sentimento universal.
A chegada da deficiência física marca e liberta. É unânime o relato de que, após o acidente, as pessoas experimentam a grande fragilidade da vida, mas também a certeza da providência divina, não importando o tipo ou a forma da religião professada.
Há em muitos deficientes físicos uma predisposição espiritual de aceitar grandes desafios. Lidar com a vida sendo portador de deficiência é como passar por um portal, entrar em outra vida, como se realmente tivesse morrido e renascido. Muitas pessoas desejam ganhar um sorteio milionário, uma mudança total de suas vidas, mas nenhuma pensa em ser premiada com milhões de pequenas transformações no corpo, detalhes que, no conjunto, compõem a deficiência física.
Deus é o dono da loteria da vida, portanto, temos que confiar em sua coerência. Se ganhamos dor, sofrimento, morte ou deficiência, este, com certeza, é o nosso bilhete premiado, a única moeda que, de fato, tem algum valor no sentido de mudar nossa vida. A história da humanidade é de luta constante contra as dificuldades. Assim, nunca aceite passivamente algo contrário à sua felicidade, seja sempre o guerreiro do amor, da paz e da tranqüilidade.

Uma nova vida
Por que me tornei deficiente? Qual o sentido desta experiência em minha vida? Estas são duas perguntas-chave que não podemos ter medo de formular e responder. Além disso, não podemos nos entregar ao desânimo, temos que lutar para encontrar o sentido pessoal de vida, sem esquecer que a essência nunca muda, mas se transforma a cada segundo. A deficiência atinge somente o seu corpo, porém, sua alma é livre, plena e saudável. Temos que parar de procurar culpados em algum momento do caminho.
Certa vez, um paciente se referiu à sua vida antes da deficiência física de um jeito tão pesado e verdadeiro que, por muito tempo, fiquei chocado com a força que tinha seu humor negro. Era um jovem lutador de artes marciais. Aos 22 anos, fazia muito sucesso com as garotas de uma cidade do litoral, tinha um bom emprego e pais que lhe davam tudo. Um dia, comprou uma moto e, em sua primeira volta, caiu e quebrou o pescoço, ficando tetraplégico. De uma hora para outra, ele não conseguia mais sentir e mexer os braços e as pernas.
Recebeu um nome em uma planilha: "tetraplégico". Para ele, ainda não era nada disso, apenas estava doente, logo iria se tratar e ficar curado. O tempo passou e nada mudou. Nosso companheiro, então, vendo a mudança em sua vida, passou a contar seus casos sempre iniciando com a mesma frase: "Quando eu era vivo...". A sensação de morte, de disjunção entre o presente e o passado, é expressa de modo agressivo e direto. É um lutador, um kickboxer dando murros e socos em si próprio.

Falta de referências
A deficiência física surge em nossas vidas sem pedir licença, sem aviso, pega-nos desprevenidos, surpresos. Podemos ficar paralisados por muito tempo tentando assimilar o choque, sem compreendermos os motivos de tantas mudanças. Aí nos perguntamos: Por quê? Existem tantas pessoas ruins neste mundo, por que eu fui escolhido para este castigo?
É difícil o caminho do amadurecimento, é íngreme o caminho de retorno à vida. A pessoa fica deficiente e sem referências, não se sente identificada com os demais que estão na mesma situação. "Eles parecem uma raça de aleijados sorridentes e idiotas", dizia uma paraplégica de 20 anos, tentando justificar a razão de não freqüentar as associações de luta. Mas é duro constatar que também não é mais possível se identificar com as demais pessoas "normais". É como se você acordasse um dia e constatasse que tinha mudado a cor da pele. De uma hora para outra, você passa a se sentir deslocado, uma espécie de extraterrestre, um homem elefante, um monstrinho repugnante. Como pode alguém se sentir preparado para o amor após a deficiência sem um referencial interno que lhe diga quem é, quem são seus iguais?
Então, o que resta é a dor, o sofrimento por tudo que perdeu, a frustração de se sentir impotente para mudar as coisas, a culpa meio sem sentido, a amargura que teima em deixar aquele sentimento de autocompaixão em nosso íntimo. Enquanto não mudarmos essa rotina idiota de girar em torno de nossa lápide, tentando reviver nossos sonhos perdidos, não conseguiremos nos abrir para nada, muito menos para viver algum tipo de amor com alguém.
Entretanto, apesar da dor eterna, somos sobreviventes, acordamos do susto algum dia. O sol passa a ter novamente o dom de aquecer nossa alma e a lua, deixando de ser de fel, passa a nos atrair de novo para o sonho, começamos a acreditar que é possível sermos felizes mesmo que não possamos desvendar o dilema pelo resto de nossas vidas. Mantemos as cicatrizes, as seqüelas e as limitações, mas a alma se sente mais leve, mais feliz, um corpo velho-novo, um olhar antigo-renovado, uma alma que transcendeu, uma identidade completa, um rio que agora consegue seguir seu curso.
A sensação de assimilação da deficiência física em nossa vida é acompanhada pela descoberta de uma força desconhecida em nós mesmos e isto irradia pelos poros, é facilmente percebido no olhar, todo o corpo fica pleno de vitalidade. Aquele estranho fascínio que todo deficiente físico bem resolvido tem, o charme, o viço e o carisma, tudo isso vêm de uma alma em sintonia com o corpo.
A pessoa que se torna deficiente enfrenta também o problema de não poder parar para diluir suas perdas. Parar é o mesmo que paralisar, significa, em linguagem técnica, optar pela morte em vida. Começam a surgir úlceras que furam sua pele, seus pés e joelhos podem aumentar de volume e endurecer, seu intestino pode travar, pedras rasgam sua uretra e sua respiração se torna um inferno, existindo risco de pneumonia. Seus músculos flácidos e as contrações ficam insuportáveis, mas você não morre. Fica apenas em chagas, doente, deprimido, agonizante, porém, cheio de vida.
Então, sem saída, vai aprendendo a caminhar devagar, sem desistir, chorar demasiadamente, parar de se mover, pois sofre a grande "pena de vida" e luta todo santo segundo contra a paralisia. E os representantes da cura (médicos e paramédicos) devem lembrar que cada pessoa luta pela vida que conhecia, não pela que tem hoje. Esta será, por muito tempo, sua motivação, pois ela buscará se recuperar durante meses ou anos, até o limite imposto pelas novas condições do corpo.

Agir e ter esperança
Portanto, a primeira coisa que o deficiente físico deve fazer é parar de pensar tanto e agir, parar de se lamentar e caminhar com o pensamento, os olhos, as mãos, as rodas, com aquilo que tiver disponível. As perdas são muitas, mas sempre sobrevive o essencial, que é lembrar que se consegue pensar, sentir e desejar, que existe uma saída. Mesmo sentindo dores e um desconforto constante, a esperança nunca deve morrer. Ainda que os médicos falem para desistir, que as pessoas parem de repetir para você ter fé, não desista de seus sonhos, não tente mudar sua natureza, continue nadando contra a maré, encontre sua praia e descanse. Pense sempre que o mais importante é caminhar, mover-se, não apenas andar.
Tente controlar o medo de viver como um deficiente físico. O máximo que pode acontecer é as pessoas lhe chamarem de guerreiro, lutador. Aproxime-se intimamente daqueles que o excitam, sem medo de ouvir que você está confundindo as coisas. Pense e use tudo que aprendeu durante sua antiga vida e saiba que você jamais deixará de ser o mesmo. O corpo se transforma, a alma vivifica. Mas não adie demasiadamente a chuva de lágrimas, não tenha medo. Você irá chorar para sempre e todos precisamos de um pouco de alívio para continuar.




Este artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 17




PAZ E LUZ!




Ao usar o texto, favor citar o autor e a fonte.

terça-feira, 17 de março de 2009

CLONAGEM









Aspectos espirituais da reprodução assistida

Congelamento de embriões, fecundação in vitro e
utilização decélulas-tronco. Uma análise
sob a ótica da doutrina espírita





Compreende-se como reprodução assistida a todos os procedimentos e técnicas empregados para auxiliar as mulheres que não estão conseguindo engravidar pelos métodos naturais.
O ano de 1978 marcou um fato importante para a reprodução humana. Nasceu naquele ano, na Inglaterra, Louise Brown, o primeiro bebê de proveta, ou seja, um bebê que iniciou sua vida num tubo de ensaio, acenando com uma nova possibilidade para os 15% de casais inférteis do mundo.
Desde então, várias técnicas foram surgindo, que vão da inseminação artificial, passando pela fertilização in vitro (os chamados bebês de proveta), o GIFT, o ZIFT, as gestações de substituição (barrigas de aluguel) e por último, recentemente, já se conseguiu a reprodução de um animal (ovelha) através de uma célula adulta (clonagem), com possibilidade de ser efetuada na raça humana.

A visão espírita
O homem, servindo de instrumento da Misericórdia Divina, tem auxiliado a mulher na nobre tarefa de procriar por diversas maneiras.
O que acontece, freqüentemente, é que muitas mulheres e homens ainda carregam um certo grau de desequilíbrio e desarmonia no chacra genésico, conseqüência de um passado de negligências, nesta ou em outras vidas, e, embora possam estar arrependidos e superados daqueles erros e desvios, isso ainda não foi traduzido num restabelecimento completo do seu aparelho reprodutor. Dessa forma, necessitam do auxílio de técnicas e procedimentos laboratoriais para que alcancem o êxito de gerar o seu próprio filho.
Considerando que os desequilíbrios energéticos no chacra genésico são freqüentemente causas de insucesso nas tentativas de engravidar, o primeiro passo seria se harmonizar, se equilibrar, buscando os recursos de meditação, do autocontrole, da oração, do trabalho junto às crianças carentes e do auxílio através do passe magnético e tratamento espiritual ministrados nos centros espíritas.
Geralmente, o processo de reprodução, seja ele natural ou não, possui assistência do Plano Espiritual. Assim, o termo reprodução assistida poderia ser estendido a todas as formas de reprodução, sob o aspecto espiritual.
Vemos nas citações de André Luiz, no livro Missionários da Luz, que existe no Plano Espiritual um departamento que cuida do processo reencarnatório, que ele denominou de Ministério da Reencarnação. Ele relatou, na sua obra, como a Espiritualidade Superior interferiu na reencarnação de Segismundo, preparando o casal que o iria acolher, estabelecendo sintonia vibratória do espírito reencarnante com a futura mãe, logo a seguir com o óvulo, magnetizando-o envolvendo-o pelos seus fluidos perispirituais. Por sua vez, o espermatozóide que será o eleito, entre milhões contidos numa ejaculação, para fecundar o óvulo, será aquele que mais sintonizar energeticamente com o mesmo, sintonia essa que vai determinar não o mais apto, mas o que carrega a carga genética mais apropriada para aquela futura reencarnação.
Esse fato já vem sendo demonstrado pela Ciência oficial. O jornal O Globo, em uma edição de 1991, estampou a seguinte manchete: "Óvulos falam com espermatozóides". A matéria tratava do trabalho realizado por cientistas dos Estados Unidos e Israel, descobrindo que óvulos maduros comunicam-se com espermatozóides, enviando-lhes sinais para guiá-los até às trompas de Falópio, propiciando a fecundação.

Religião x Ciência
Existem muitas pessoas e seitas religiosas que são contrárias ao emprego desses métodos auxiliares da fecundação, alegando que os homens estão violando um processo natural. Argumentam que são técnicas frias, realizadas em laboratório, carecendo do amor e da relação sexual entre os parceiros. "Mas, só quem convive com um casal que passa por cima de vários obstáculos para ter um filho é que tem capacidade de quantificar o Amor que depositam neste ato", afirmou o biólogo Irineu Degasperi, da Clínica de Reprodução Huntington, em Vitória.
O avanço das técnicas de reprodução assistida e da engenharia genética é visto com naturalidade pela doutrina espírita. Kardec deixou claro que o espiritismo caminharia junto com a Ciência, portanto, não há porque se opor ao seu desenvolvimento. Deus, através da evolução intelectual da humanidade, permite que surjam técnicas novas para auxiliar a natureza no seu processo criativo. O homem evolui intelectualmente, descobrindo e compreendendo como funciona a natureza, em suas várias manifestações, e, através do conhecimento das leis naturais, passa a interferir e contribuir com Deus, tornando-se co-criadores. Contudo, os cientistas devem ter a humildade de reconhecer que estão somente manuseando e favorecendo processos naturais, mas não criando vida.
A doutrina espírita ressalta que as descobertas devem servir para o bem da humanidade e as pesquisas devem ter a finalidade de enobrecer o ser humano. Infelizmente, muitas vezes o homem as utiliza de forma inadequada. Em O Livro dos Espíritos, pergunta nº 780, encontramos que o progresso moral segue o intelectual, mas nem sempre imediatamente. À medida que progredimos com as descobertas científicas, torna-se maior a nossa responsabilidade. Assim aconteceu com a energia nuclear, que inicialmente foi utilizada para fins bélicos (bomba atômica) e atualmente serve como fonte riquíssima de energia, e com outras descobertas científicas.
As descobertas científicas não são boas ou más em si mesmas. Bom ou mal é o uso que se faz delas.
No livro Uma Janela para a Vida, Emmanuel foi inquirido sobre se os espíritos que reencarnavam através da reprodução assistida vinham precedidos de um preparo espiritual, e ele respondeu que sim, desde que a Ciência, na Terra, evitasse abusos e extravagâncias nas suas experimentações.
Certa vez, perguntaram a Chico Xavier se o ser humano seria desenvolvido no laboratório. Ele respondeu: "Olha gente, a Ciência vai desenvolver o ser humano no laboratório. Eles (os cientistas) vão fabricar um enorme ‘útero’ no laboratório e aí dentro vão gerar o ser. Levarão talvez de duzentos a quatrocentos anos até conseguirem realizar. Mas vão realizar. Aí, libertarão a mulher do parto.
E tem outra coisa. Nesse útero, os espíritos vão reencarnar, tudo direitinho, sem problema. Esse fato não vai alterar coisa alguma, a Ciência vai conseguir isso. Ora, o avanço da Ciência é obra da Espiritualidade através dos missionários". Esse fato foi narrado por Ranieri no livro: Chico Xavier – o Santo de Nossos Dias (2ª edição – 1973).
Não importa de que modo a criança tenha vindo ao mundo, se por meio naturais ou não; o que importa é se vai ser bem recebida e criada com amor e dedicação.

O congelamento de embriões
Durante o procedimento da fertilização in vitro (FIV), geralmente são fecundados diversos óvulos, com a formação de um número excessivo de embriões. Como a lei brasileira só permite que sejam implantados no útero materno, no máximo quatro embriões por vez, os embriões excedentes são congelados a uma temperatura de –196ºC. Poderão ser utilizados posteriormente na própria mãe doadora do óvulo ou serem implantados em outra mãe receptora.
O que fazer com esses embriões? Essa pergunta vem intrigando cientistas, médicos, religiosos e juristas do mundo todo. A polêmica se acendeu na Inglaterra, onde existe uma lei em vigor desde 1991, que estabelece um prazo máximo de cinco anos para a conservação desses embriões. Os primeiros lotes já foram dissolvidos em água e álcool.
No centro da polêmica, está a complicada questão sobre o momento em que começa a vida. Embriões humanos podem ser destruídos impunemente, como um objeto qualquer, um subproduto de laboratório ou estaríamos diante de um aborto?
Nós sabemos, através da pergunta 344 de O Livro dos Espíritos e do capítulo XI, de A Gênese, que a união da alma ao corpo começa no momento da concepção, quando o espírito se sente atraído por uma força irresistível e se liga ao corpo por um laço fluídico, que nada mais é que uma expansão do seu perispírito. Sabemos também que essa união é definitiva, no sentido de que um outro espírito não poderá substituir aquele que está designado para este corpo.
Por outro lado, vamos encontrar na pergunta 356 que podem existir natimortos que jamais tiveram espíritos designados para os seus corpos, podendo inclusive chegar a termo, porém não sobrevivem.
É descrito que embriões congelados podem permanecer viáveis por vários anos, com relato do caso de uma mulher que gerou um filho a partir de um embrião congelado por cinco anos. Como a união do espírito ao corpo se faz no momento da concepção, deduzimos que o espírito permaneceu ligado a esse corpo (embrião), durante todo esse tempo.
O espírito que está ligado ao embrião pode também recuar diante da prova, e romper os laços que o prende; nesse caso, o embrião não sobrevive.
Na pergunta 351 de O Livro dos Espíritos vamos encontrar que o espírito, durante o desenvolvimento do feto, goza parcialmente de suas faculdades no plano espiritual. Ele se encontra num estado de perturbação que vai crescendo até o nascimento, à medida que o laço fluídico vai se apertando.
Conforme a doutrina espírita, o espírito que vai animar aquele corpo tem existência fora dele, ou seja, ele ainda não está encarnado, mas apenas ligado ao novo corpo. Então, concluímos que, como o espírito reencarnante está apenas ligado por um cordão fluídico ao embrião, ele usufrui de certo grau de liberdade, de acordo com o seu estado evolutivo, como confirma Emmanuel no livro O Consolador. Isso permite que, mesmo se encontrando com certo grau de perturbação, ele possa desenvolver algumas atividades no plano espiritual.
Outra possibilidade, aventada por Raul Teixeira num artigo publicado na Revista Espírita Allan Kardec, seria que "entidades espirituais devedoras da sociedade se oferecem para vir atender ao progresso da Ciência. Dessa forma, são ligadas a esses embriões para que vivam hermeticamente vinculadas a eles, num processo de mutismo, enquanto o embrião estiver congelado. Nesse trabalho de servir à Ciência, possam conseguir o progresso, ao invés de renascerem na Terra e sofrerem situações de enfermidades variadas durante largos anos".
De qualquer forma, analisando à luz da doutrina espírita, não podemos aceitar, sob qualquer pretexto, a eliminação pura e simples desses embriões, assim como somos contra o aborto ou qualquer outro ato contrário à vida.
Talvez, os cientistas consigam congelar óvulos maduros e espermatozóides, minimizando os problemas éticos e espirituais relativos ao congelamento de embriões.
Outra linha de pesquisa que já se comenta é a possibilidade de detectar se já existe um espírito ligado ao embrião, através das emanações do seu perispírito, mas ainda não existe nada desenvolvido.

Utilização das células-tronco em pesquisas científicas
A equipe da Revista Cristã de Espiritismo aproveitou a presença do médium e orador Divaldo Pereira Franco no 3° Encontro Amigos da Boa Nova, realizado no dia 21 de abril, para perguntar sua opinião sobre a utilização das células-tronco em pesquisas científicas.

Alguns companheiros espíritas têm se manifestado receosos em relação à questão das células-tronco, pelo fato de um espírito poder estar ligado ao embrião. Como o senhor analisa essas pesquisas que a Ciência vem desenvolvendo na área?
Os espíritos nobres são unânimes em abençoar os esforços da Ciência quando procura dignificar a criatura humana, promovendo o progresso da sociedade e tornando o mundo melhor. Toda descoberta recente torna-se polêmica porque estão, ainda, os investigadores, nos pródromos de suas próprias propostas.
É natural que, não possuindo ainda resultados determinantes, tudo se encontre no plano do plausível e do possível. Os espíritos são unânimes em dizer que interromper a vida do ser em formação, seja sob qual pretexto que se apresente, é aborto delituoso. No entanto, a própria Ciência, que encontra no zigoto as células mais favoráveis para a adaptação e a formação dos órgãos, já consegue detectá-las na medula óssea do próprio paciente, assim como também no cordão umbilical do recém-nascido.
Aguardamos que no momento próprio os cientistas consigam novas descobertas que possam contribuir para libertar a criatura de carmas profundamente angustiantes, como anomalias de diversas naturezas, mas sem que se torne necessário para tanto a interrupção da vida do ser em formação.

E no caso de alguns seres desenvolverem a formação de um corpo sem espírito unido (bebês natimortos), como aborda a questão 136 de O Livro dos Espíritos?
A dificuldade é saber discernir entre o corpo que é apenas fenômeno biológico da fatalidade molecular, daquele que já traz o vínculo com o espírito. Desde o momento em que o espermatozóide invade o óvulo e dá lugar à célula ovo, começa a reencarnação. A pílula do dia seguinte ou outro instrumento qualquer que interrompa a vida são considerados aborto.
Kardec respondeu a essa questão demonstrando que a matéria é espontânea e podem acontecer fenômenos em que os elementos moleculares se aglutinem e por falta de alma não tenham vida. É provável que também tenha se referido à fecundação na trompa, quando normalmente acontece o que nós podemos chamar de uma espécie de tumor, mas não nos é licito generalizar.

O senhor acredita que essa resposta só virá quando existir uma união maior entre a Ciência e a Espiritualidade Superior?
Não necessariamente. O que falta é uma bioética para que sejam estabelecidos os limites até onde a investigação seja ética.
Quando Adolf Hitler tornou-se o primeiro mandatário da Alemanha, em 1935, de imediato tornou o aborto legal. Na chamada "noite dos cristais" ele liberou o assassinato em massa de milhões de indivíduos e a seguir, pediu aos pais que se tivessem filhos deficientes, que os mandassem para as câmaras de gás. Então, crianças foram mortas em nome de uma super raça que estava apenas na imaginação delirante do psicopata.
A função da doutrina religiosa não é dizer à Ciência o que fazer. Quando os cientistas acreditarem na existência de Deus, saberão onde avançar, mas não cabe aos espíritos dizerem se determinado corpo em formação está ou não unido a um espírito. A ética será: matar jamais!






Publicado na Revista Cristã de Espiritismo edição 34




PAZ E LUZ!

domingo, 1 de março de 2009

Calar a Discórdia



A harmonia plena ainda constitui um sonho distante de qualquer organização humana. Os homens guardam grandes diferenças entre si. Diversos fatores induzem a distintas formas de entender e viver a vida. A educação recebida no lar, as experiências profissionais e afetivas, os professores e os amigos. Todos esses elementos contribuem para a singularidade da personalidade humana. A diversidade produz a riqueza. Se todos os homens pensassem do mesmo modo, o marasmo e a mesmice tomariam conta do mundo. Uma assembléia ou equipe composta de forma heterogênea possui grande potencial. Ocorre que conviver em harmonia com o diferente pressupõe maturidade. Em qualquer gênero de relacionamento humano, é necessário respeitar o próximo. Mas é preciso também manter o foco em um objetivo maior. Toda associação humana possui uma finalidade. No âmbito profissional, busca-se o crescimento da empresa na qual se participa. Na esfera familiar, colima-se a educação e o preparo de seus membros para a vida, em um contexto de dignidade. Em uma associação filantrópica, tem-se por meta a prática do bem. A noção clara do objetivo que se persegue facilita a convivência. O fato de alguém discordar de suas idéias não significa que esteja contra você. O relevante é verificar qual o modo mais eficiente de atingir a meta almejada pelo grupo. A convivência humana raramente deixa de produzir algum atrito. Mas é preciso saber calar a discórdia. Se o embate de idéias e posições não é ruim, a agressividade e o radicalismo sempre o são. Pense sobre as instituições que você integra. Sua presença em tais ambientes visa ao interesse coletivo, ou à exaltação de seu ego? É melhor afastar-se delas do que, por mesquinharia, ser causa de desestabilização e brigas. Mas o ideal é aprender a sacrificar seu interesse pessoal em prol de uma causa maior. Se uma controvérsia surge, reflita com serenidade sobre os pontos de vista envolvidos. Caso sua posição não seja defensável, abdique dela. Procure ser um elemento pacificador nos meios em que se movimenta. Há pouca coisa tão cansativa quanto um altercador contumaz. Certas posturas são toleráveis apenas em pessoas muito jovens. Na maturidade, a rebeldia e a vaidade sistemáticas são ridículas. Não canse seus semelhantes, com posições inflexíveis e injustificáveis. Aprenda a ceder e a compatibilizar, quando isso não comprometer sua honestidade e sua ética. De que lhe adianta vencer um debate, se a causa que você defende sofre com isso? O homem sábio identifica quando deve avançar e quando deve recuar. Mas sempre o faz de forma sincera e digna. De nada adianta afetar concordância e semear a discórdia nos bastidores. A dissimulação e a intriga são indignas de uma pessoa honrada. Reflita sobre isso, quando se vir envolvido em debates e contendas. Quando se engajar em uma causa, sirva-a com desinteresse. Jamais se permita servir-se dela para aparecer. Mas principalmente nunca a prejudique por radicalismo e imaturidade.


Redação do Momento Espírita


PAZ E LUZ !