sexta-feira, 24 de abril de 2009

Espírito, perispírito e desobsessão


Possessão demoníaca, exorcismo, obsessão... Ao longo do tempo, vem sendo propagada a idéia errônea de que a violência é necessária para "expulsarmos" um espírito obsessor. Hoje, sabemos que só a terapia do amor é capaz de realizar de forma profunda a desobsessão.
Para fundamentar o nosso estudo, vamos analisar os concei­tos de espírito e de matéria inseridos no pensamento do codificador Allan Kardec.


Espírito


O espírito, originado do princípio inteligente do universo, embora de natureza não palpável, é algo que existe como individualização desse princípio. É incorpóreo e não pode ser percebido pelos nossos sentidos. Pode existir independen­temente do corpo que anima e, na sua forma, seria comparado a uma chama, um clarão, uma centelha luminosa, cuja cor pode variar do escuro ao brilho do rubi. Pode penetrar e atravessar a matéria e se deslocar ao espaço tão rapidamente como o pensamento. Mesmo não se dividindo, se irradia para diferentes la­dos, como o sol envia seus raios a muitos lugares distantes ,pare­cendo estar neles simultaneamente.
Entende-se por alma o espírito encarnado, que, não estando enclausurado no corpo, se irradia e se manifesta, se exteriorizando como a luz elétrica através de um globo de vi­dro.

Matéria


A matéria é o segundo elemento geral do universo, tanto como o espírito, é também criado por Deus, constituindo, esses três, o princípio de tudo que existe, a Trindade Universal: Deus, espí­rito e matéria.
A matéria pode ser entendida como aquilo que tem exten­são, é impenetrável e pode impressionar os nossos sentidos, mas ela existe em outros estados desconhecidos, tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão aos sentidos físicos.
Ao elemento material deve-se acrescentar uma de suas for­mas de apresentação, entre as inumeráveis combinações distingüidas por propriedades especiais: o Fluido Universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria.

Fluido Universal


Este Fluido Universal, ou Primitivo, ou Elementar, é o prin­cípio da matéria ponderável cujos elementos e compostos quí­micos são transformações dele, nas modificações que as molé­culas elementares sofreram ao unirem-se em determinadas cir­cunstâncias, lhes dando diferentes propriedades, como o sa­bor, o odor, as cores, as ações cáusticas, salutares, nutritivas, radioativas etc.
O Fluido Universal é suscetível de inúmeras combinações com a matéria e, ainda, sob a ação do espírito, produzir infinita va­riedade de coisas. E o agente de que o espírito se serve para animar, agregar, transmitir, alterar, condensar, dispersar, mate­rializar, vitalizar, dar forma e estrutura a todas as constituições físicas, quer sejam minerais, vegetais, animais ou humanas.
Entre as muitas modificações do Fluido Universal, duas se revestem de maior importância para os seres vivos: o Princípio Vital e o Perispírito.

Princípio Vital


O Princípio Vital é a força motriz dos corpos orgânicos. A sua união com a matéria a animaliza, diferenciando-a dos corpos inorgânicos. Ele dá vida a todos os seres que o absorvem e assi­milam. É também chamado fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é o intermediário entre o espírito e a matéria. Ao mesmo tempo que impulsiona os órgãos, a ação destes o man­tém, conserva e desenvolve, como o atrito produz o calor e a cor­rente elétrica produz o campo magnético ou a irradiação lumi­nosa.
O Princípio Vital ou fluido magnético pode ser transmitido pela vontade dirigida do seu portador a outros seres vivos, contri­buindo em favor do seu reabastecimento ou reequilíbrio orgânico.

Perispírito


O Perispírito, ou corpo fluídico do espírito, ou ainda psicossoma, ou corpo espiritual, é um dos produtos mais im­portantes do Fluido Universal, é uma condensação dele em tor­no de um foco de inteligência ou espírito.
Os espíritos compõem seu Perispírito do ambiente onde se encontram. Isto quer dizer que se forma dos fluidos ambientais e, portanto, varia em conformidade com o mundo em que vivem. A natureza do Perispírito está sempre relacionado com o grau de adiantamento moral do espírito.
O Perispírito pode ser entendido como a vestimenta do espí­rito, o que lhe dá propriamente forma.
Entre as muitas atribuições do Perispírito, se coloca aquela de intermediário entre o espírito e o corpo. É ele constituído de substância vaporosa, não visível aos olhos humanos, porém as­sumindo consistência nos planos do Espírito.
Ao Perispírito se pode atribuir a qualidade de estruturador do corpo orgânico, a partir da fecundação, na embriogênese, bem como estar diretamente relacionado à memória biológica, isto é, o registro das múltiplas experiências nos campos dos se­res vivos, no decurso dos milênios, a partir das primeiras mani­festações das formações protoplásmicas. Nele aglutinamos todo o equipamento de recursos automáticos que governam as bi­lhões de células, adquiridos vagarosamente pelo ser através dos tempos, nos esforços de recapitulação pelos diversos setores da evolução anímica.
Pode-se visualizar o Perispírito ou Corpo Espiritual à se­melhança de uma estrutura eletromagnética integrada, enriquecida de informações que se foram acumulando experi­mentalmente num mecanismo de estímulo-resposta, dentro de uma diretriz evolutiva, ou seja, de auto-seleção e auto-aprimo­ramento, conduzida por um principio de conservação de ener­gia, onde o máximo de informações são armazenadas com o mínimo dispêndio de energia.
Esse Corpo Espiritual vem se diversificando e aumentando de complexidade do mesmo modo como se observou nos seres vivos a evolução biológica e a formação dos aparelhos e siste­mas no organismo animal. É ele sensível aos impulsos ou às irradiações dos nossos pensamentos, refletindo as imagens fluídicas plasmadas pelas idéias.
Pode também o Perispírito se alterar no seu equilíbrio mag­nético em decorrência das próprias impregnações que as nos­sas imagens perniciosas e deteriorantes nele se projetem e se gravem. Interligado como se acha, interagindo na intimidade celular por contato molecular, portanto, nas estruturas atômi­cas da matéria, tais desequilíbrios se transmitem ao organismo físico, nas áreas mais sensíveis ao tipo de impulso desencadea­do, determinando desordens físicas, causas de certas moléstias.
Assim, os descontroles emocionais, nos ódios, na irritação, as extravagâncias no comer e no beber, a maledicência, os desequilíbrios do sexo, o fumo, o álcool, os tóxicos, podem ge­rar enfermidades, tais como, respectivamente: cardiopatias, do­enças hepáticas, gastralgias, surdez e mudez, cansaço precoce e distrofias musculares, asmas e bronquites, loucura, idiotia.

Ações magnéticas no perispírito: nas obsessões


Entende-se por obsessão o domínio que alguns es­píritos podem adquirir sobre certas pessoas. Pressupõe-se na obsessão a ação de espíritos inferiores com tal tenacidade que a pessoa sobre quem atua não consegue se desembaraçar.
Na obsessão, não ocorre a simultânea coabitação de corpos pelo espírito encarnado na posição de vítima e pelo espírito desencarnado na posição de algoz. Há, no entanto, o efeito de constrangimento de um sobre o outro, ou seja, de tolher, forçar, compelir, obrigar pela força, induzir.

Os tipos de Obsessão


As principais variedades da obsessão classifi­cam-se em: obsessão simples, fascinação e subjugação.


Na obsessão simples, o espírito malfazejo se impõe, in­trometendo-se contra a vontade do indivíduo, impedindo a ação de outros espíritos que possam vir em seu auxílio e causando-lhe inconvenientes como embaraço nas comuni­cações mediúnicas, insinuações levianas, incentivos à vaida­de e a desejos ilícitos. Evidentemente, essas ações exteriores serão mais acentuadas e exercerão maior influência na medi­da em que mais apoio encontrarem no íntimo das criaturas por elas atingidas.


Na fascinação, a ação do espírito no pensamento do indivíduo é de tal ordem que ele não se considera iludido, nem é ca­paz de compreender o absurdo do que faz, podendo até ser ar­rastado a cometer ações ridículas, comprometedoras ou perigo­sas. Admite-se, nesses casos, estarem agindo espíritos inteli­gentes, ardilosos e com objetivos de maior alcance no mal, pois quase sempre utilizam a tática de afastar do seu intérprete aque­les que possam abrir os seus olhos ou esclarecer sobre seus er­ros. Os homens mais instruídos e inteligentes não estão livres desse tipo de obsessão.


A subjugação é um envolvimento que produz a paralisa­ção da vontade da vítima, fazendo-a agir mesmo contrariamente ao seu desejo. A subjugação pode ser moral ou corpórea. Na primeira, o indivíduo é levado a tomar deci­sões freqüentemente absurdas e comprometedoras. Na segun­da, a pessoa realiza movimentos involuntários, nos momen­tos inoportunos, e até atos ridículos. Na subjugação, estão compreendidos os casos de possessão, cuja denominação pres­supõe a ocupação do corpo da vítima, fato esse não admitido pelo Codificador.

Características


Há uma relação de características pelas quais se pode reconhecer os casos de obsessão. Tais caracteres vão da insistência dos espíritos em se comunicar, ilusão do médium que não reconhece a falsi­dade das comunicações, crença na infalibilidade dos espíritos comunicantes, aceitação dos elogios feitos pelos espíritos, rea­ções agressivas às críticas feitas sobre as comunicações recebi­das, a quaisquer formas de constrangimento moral ou físico, ou ainda ocorrências de ruídos e movimentos de objetos sem cau­sas normalmente explicáveis.

Causas

Os motivos ou causas da obsessão podem ser geral­mente admitidos como originados de:

a) Vinganças de espíritos contra pessoas que lhes fizeram so­frer nessa ou em vidas anteriores;
b) Desejo simples de fazer outros sofrerem, por ódio, inveja, covardia;
c) Para usufruir dos mesmos condicionamentos que tinham quando na vida física, induzem os seus afins a cometê-los;
d) Apego às pessoas pelas quais nutriam grandes paixões quan­do em vida;
e) Por interesse em destruir, desunir, dominar, provocar o mal, manter distúrbios, partindo de inteligentes espíritos das hostes inferiores.

A terapêutica nas obsessões


No estudo de O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, o autor indica alguns meios para se combater a obsessão, aqui apresentados para discussão, como segue:
–“Paciência para com os obsessores”(id., ib. item 249):
No trato com as entidades incorpóreas que estejam agindo mentalmente sobre as criaturas, há que compreender-lhes seus motivos de perseguição e, com espírito humanitário, induzir-lhe pacientemente a mudarem suas disposições. Mesmo entre criaturas humanas, uma abordagem respeitosa e compreensiva transmite sempre um envolvimento fraterno e uma radiação de amor que, certamente, age sobre as próprias estruturas perispirituais, de forma confortadora, carinhosa, estabelecendo importantes apoios para as necessárias mudanças comportamentais. A severidade, no entanto, ao lado da benevolência, ali­adas à prece em favor deles, constituem fatores eficazes na so­lução dessas influências.
– “Apelo ao anjo bom e aos bons espíritos” (id., ib. item 249):
Recorrer à assessoria daqueles que operam no mesmo plano da vida espiritual é fator preponderante em qualquer trabalho dessa natureza quando, na maioria das vezes, todo o encami­nhamento e aproximação com aqueles perseguidores (às vezes, nossas vítimas) realizam-se nos territórios do imponderável, livre ao acesso desses auxiliares espirituais.
– “Interrupção das comunicações escritas”(id., ib. item 249):
Alterando-se o intermediário, na posição de instrumento mediúnico nas comunicações psicografadas, ou mesmo na psicofonia, por ações de mentes perturbadoras (encarnadas ou desencarnadas), a interferir no fluxo das mensagens transmiti­das por meios telepáticos, como providência criteriosa e pru­dente, a interrupção provisória desses exercícios mediúnicos é de todo aconselhável, até que se restabeleçam os canais de va­zão telepática com os bons espíritos e se afastem as infiltrações prejudiciais.
– “Intervenção de um colaborador que atue pelo magnetismo ou pelo império da vontade”(id. ib., item 251):
A ação mental de apoio diretamente sobre o paciente, esti­mulando-lhe os próprios recursos de reação, tanto pela aplica­ção das energias fluido-dinâmicas nos mecanismos do passe, como pelo esclarecimento renovador, elevando-lhe o padrão dos próprios pensamentos e fortalecendo a vontade no bem, atin­ge as estruturas perispirituais e os campos de radiações da psicosfera (ou mente) momentaneamente desarticulados, devol­vendo-lhes a ordem e a sanidade.
Os resultados benéficos obtidos serão tanto mais significati­vos quanto maior for a superioridade moral dos colaboradores e menores as imperfeições do obsediado. Essas imperfeições morais constituem freqüentemente para o paciente obstáculos à sua libertação (id. ib., item 252).
Ensina-nos André Luiz: “... almas regularmente evoluídas, em apreciáveis con­dições vibratórias pela sincera devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos, podem, desse modo, projetar raios mentais, em vias de sublimação, assimilando correntes superio­res e enriquecendo os raios vitais de que são dínamos comuns”.

FONTES: RCE Nº08


PAZ E LUZ!

sábado, 18 de abril de 2009

Magnetismo e Espiritísmo


Na conclusão de O Livro dos Espíritos, capítulo I, Kardec afirma: “Quem, de magnetismo terrestre, apenas conhecesse o brinquedo dos patinhos imantados que, sob a ação do imã, se movimentam em todas as direções numa bacia com água, dificilmente poderia compreender que ali está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos”.
Essa afirmação de Kardec não se restringe apenas ao magnetismo consistente nos corpos celestes, mas se estende ao magnetismo nas suas mais variadas configurações e que está presente em todas partículas com as quais se constituem o micro e o macro Universo. É através desse fluido elétrico que os seres pensantes se atraem ou se repelem e se influenciam mutuamente segundo seus pensamentos, suas emoções e seus sentimentos.
Na pergunta 388, de O livro dos Espíritos, Kardec indaga: “Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de uma certa relação de simpatia?” E obteve a seguinte resposta: “Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor”.
Esta resposta dos espíritos coloca o magnetismo como piloto dessa ciência. Quer dizer, está no comando dos acontecimentos e é ele que atua para que haja tal encontro. Ou seja, quando necessitamos compartilhar de uma convivência com alguém, nosso encontro se dará infalivelmente, pois seremos atraídos mutuamente por força de uma imantação magnética que liga os nossos destinos para uma convivência em comum.
Essa imantação é construída através das nossas ações praticadas durante nossas vidas sucessivas segundo as quais não só nos imantamos às pessoas, mas também aos acontecimentos que irão compor o roteiro das nossas provações e resgates enquanto encarnados neste mundo de expiação e prova.
É através do magnetismo cósmico ou fluido universal que nos imantamos e nos submetemos às leis naturais e divinas que nos impulsionam na direção das nossas necessidades evolutivas, situando-nos exatamente onde merecemos estar e com quem devemos estar segundo as leis de causa e efeito.
Em O Livro dos Espíritos, no capítulo da Intervenção dos Espíritos, os espíritos afirmam:“O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, revela a realidade das coisas e suas verdadeiras causas”.
Realmente, o estudo do Espiritismo sem uma compreensão maior do magnetismo fica incompleto, pois o Espiritismo nos revela a natureza espiritual do ser humano e nos esclarece sobre as leis naturais e divinas às quais todos os seres estão submetidos, e o magnetismo por sua vez nos revela o meio por onde essas leis se cumprem.
Assim como tudo se origina de uma transformação do fluido universal, o magnetismo ou fluido magnético também é uma modificação do fluido universal e não difere do fluido vital revelado pelos espíritos e que está presente em todos os corpos orgânicos.
No capítulo intitulado Do Princípio Vital, de O Livro dos Espíritos, os espíritos fazem uma analogia interessante: “Um aparelho elétrico, como todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido elétrico é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia então dizer que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia.”
“Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte. A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer saturados desse fluido, enquanto os outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante. A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.”
O progresso no estudo do eletromagnetismo, ocorrido principalmente no século XIX, provocou uma mudança a respeito dos conceitos da Ciência sobre a energia.
Segundo as teorias quânticas, a troca de energia a distância se produz em conseqüência das ondas eletromagnéticas, que viajam no espaço à velocidade da luz. Tais ondas, constituídas por fótons, atuam sobre as partículas do meio e dos corpos.
Os apontamentos dos espíritos e o estudo da física quântica nos induzem a uma compreensão ampliada do que consiste o fluido universal e nos dá uma idéia da importância do magnetismo e da sua função no contexto das relações entre os mundos e entres os seres, o qual podemos defini-lo como o veículo condutor dos pensamentos e da vontade do Criador e de todos os seres pensantes.
Na parte 2, cap. IX de O Livro dos Espíritos, os espíritos afirmam: “...o fluido universal entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários; veículo imenso da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som.”
Se, segundo a ciência, as ondas eletromagnéticas atuam sobre as partículas do meio e dos corpos e, considerando que hoje o pensamento é reconhecido como pulsos eletromagnéticos, torna-se clara a força incomensurável com que o pensamento atua sobre os corpos e partículas quando direcionado sob o impulso de uma vigorosa vontade ou desejo.
Ainda em O Livro dos Espíritos, pergunta 424:
“Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?”
Resposta: “Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos”.
Segundo Franz Anton Mesmer (1733-1815), médico austríaco, todo ser vivo seria dotado de um fluido magnético capaz de se transmitir a outros indivíduos, estabelecendo-se, assim, influências psicossomáticas recíprocas, inclusive com fins terapêuticos.
Considerando o magnetismo como condutor da vontade e dos pensamentos dos seres pensantes atuando incessantemente sobre as partículas e os corpos, sua ação pode ser benéfica ou maléfica, dependendo da fonte que o irradia. Neste caso, a fonte geradora, ou seja, o ser pensante, pode ser comparado a uma usina de eletricidade e os seus pensamentos e sentimentos os transformadores que graduam e determinam sua potência e qualidade. Nada melhor para a comprovação dessa realidade do que os fatos observados e que são muito numerosos, registrando a ação magnética direcionada através dos pensamentos e dos sentimentos humanos.
Lembro-me quando eu contava apenas nove anos de idade e como sempre fazíamos, estava eu e minha mãe no portão de casa aguardando meu pai retornar do trabalho quando uma vizinha parou para conversar com minha mãe. Em determinado momento, ela voltou-se para a jardineira onde minha mãe cultivava suas plantas e, demonstrando uma certa indignação, afirmou:
– Dona Aurora! Que avenca linda! Por que a minha nunca ficou tão bonita?
Logo depois ela foi embora. Minha mãe, após alguns instantes, apontou para a avenca cujas folhas haviam se fechado como se estivessem murchando, e explicou-me:
– Viu meu filho, o que o pensamento de despeito e de inveja da nossa vizinha fez com a nossa plantinha? Guarde esta lição! Nunca use o seu pensamento para invejar ou odiar alguém. Da mesma forma que a planta se ressentiu do magnetismo negativo da nossa vizinha, as pessoas mais sensíveis também se ressentem e podem até adoecer. Mas, se você usar os seus pensamentos para ajudar, envolvendo-as com o seu amor, o teu magnetismo poderá até curá-las das suas enfermidades.
Dizendo isso, voltou-se para a planta e impôs suas mãos sobre ela e orou. Antes que o meu pai retornasse do trabalho, a avenca já havia se recuperado. Minha mãe passou-me esta lição com conhecimento de causa, pois durante toda sua vida aliviou e curou muita gente impondo suas mãos revestidas da generosidade e do amor que nos ensina o Espiritismo Cristão.
A avenca é uma das plantas mais sensíveis, por isso logo se ressentiu da carga magnética negativa que enfraqueceu o fluido vital que lhe garantia a vida. O mesmo ocorre com os animais, cujo efeito demora um pouco mais para se manifestar, mas se não socorrido este acabará morrendo.
No ano de 1970, eu morava em uma casa com um quintal muito grande. Como eu gosto de animais, passei a criar algumas galinhas, um casal de gansos e um peru. Certo dia eu estava muito feliz, pois a gansa havia chocado seus ovos trazendo à vida seis filhotes. Uma conhecida nossa, dona do armazém onde realizávamos nossas compras, ficou sabendo e quis ver os gansos, pois, segundo ela, eles não procriavam facilmente no cativeiro. Certo dia ela apareceu em casa e logo ao entrar no quintal demonstrou ser uma apaixonada pela criação de gansos e revelou-me que possuía três casais que nunca haviam procriado. Percebi no seu olhar e semblante uma certa indignação. Ficou algum tempo olhando para os gansos admirando-os e elogiando a beleza de todas as aves do meu quintal, logo depois se despediu e partiu.
No dia seguinte da sua visita, as galinhas não desceram do poleiro para se alimentarem e ali ficaram defecando fezes líquidas até que acabaram morrendo. No terceiro dia foi o galo que, à semelhança das galinhas, permaneceu no poleiro até a morte. No quarto dia morreram os gansos, entretanto, o peru continuou vivo, mas apresentava sinais de que também morreria, pos já não descia do poleiro e não se alimentava. Foi quando conversando com minha mãe chegamos à conclusão de aquela mulher poderia estar por trás daquelas mortes, pois nenhum remédio veterinário conseguira curá-los. Foi então que resolvemos tentar salvar o peru magnetizando-o. Qual não foi a nossa surpresa quando depois de algumas horas após atuarmos sobre ele, apresentava uma visível revitalização recuperando-se completamente ao final do dia.
A ação magnética negativa emitida pela mulher enfraqueceu o fluido vital dos animais, levando-os à morte em uma sinistra seqüência: primeiramente morreram os mais fracos, no caso as galinhas; depois o galo, e mais tarde, os gansos. Porém, o peru, por apresentar uma constituição física mais forte, conseguiu resistir mais tempo até que pudéssemos socorrê-lo.
A ação magnética que direcionamos sobre o peru operou no sentido inverso e repôs o fluido vital enfraquecido pelo magnetismo maléfico da mulher.
Quando observamos os relatos acima onde ambas as mulheres, com um simples olhar, alteraram as condições físicas da planta e dos animais, fica claro para nós que a ação magnética não depende de gestos manuais e nem de técnicas. O magnetismo não é captado, é próprio do indivíduo. A simples presença de uma pessoa dotada de bons sentimentos pode causar uma influência magnética benéfica nas pessoas a sua volta, da mesma forma que uma pessoa dotada de maus sentimentos pode causar uma influência maléfica.
O espírito reencarnado através do magnetismo que irradia a sua volta revela sua índole e grava o seu perfil mental nos seus objetos de uso pessoal e no ambiente onde vive, impregnando-os com o seu psiquismo.
Certa vez, quando eu administrava a construção de um prédio industrial na capital do estado de São Paulo, ocorreu um fato que ilustra bem esse fenômeno de impregnação psíquica magnética nos objetos de uso pessoal. Um dos meus funcionários, o encarregado da obra, foi acometido de um mal estranho. Todo dia chegava no canteiro da obra sentindo-se bem, mas assim que começava a trabalhar, passava a sofrer de cólicas intestinais violentas sendo obrigado a retornar para casa, porém, assim que deixava a obra, sentia-se muito bem novamente. Isso se repetiu durantes três dias. No quarto dia conversávamos enquanto ele se trocava no barraco da obra e observando-o, fui intuído de que o problema estava na roupa que usava para trabalhar, então perguntei a ele a origem da roupa e ele afirmou que a calça e a cinta que ele usava ganhara de uma vizinha e que era a roupa do seu marido que há pouco tempo havia desencarnado de câncer intestinal. Diante dessa afirmação, a qual confirmava a minha intuição, eu atuei com o meu magnetismo sobre as calças e a cinta. A partir daquele dia não mais sentiu as cólicas que o importunavam.
É evidente que a calça e a cinta do recém-desencarnado ainda se mantinham impregnadas do seu psiquismo de dor e de sofrimento que havia precedido à sua passagem para o mundo dos espíritos, cuja atuação magnética alterava a estabilidade das moléculas situadas na região gástrico intestinal do meu funcionário provocando dores semelhantes as que havia sofrido.
Aqui fizemos um pálido estudo sobre o magnetismo, pois seria impossível em um espaço diminuto de uma matéria se aprofundar mais num assunto tão empolgante e esclarecedor, porém, tenho a certeza que foi o suficiente para compreendermos a profunda visão de Kardec quando afirmou que ninguém imagina que no brinquedo dos patinhos imantados está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 46.


PAZ E LUZ!

sábado, 11 de abril de 2009

A Religião e o caminho espiritual




Acima das verdades religiosas, o autoconhecimento é o caminho para a nossa evolução, para superarmos as nossas deficiências humanas.



O ser humano busca-se a si mesmo. Este é o grande desafio de todos nós: o encontro conosco mesmo e, consequentemente, com a divindade, a qual fazemos parte. Somos todos filhos da Criação, portanto, o caminho da luz está no entendimento e na prática do inquebrantável amor, que se subdivide em compaixão e solidariedade. O autoconhecimento é o caminho para a nossa evolução, o caminho para vencer as nossas deficiências humanas.
Já dizia o mestre Sócrates nos idos dos tempos: “Conhece-te a ti mesmo” e “Só sei que nada sei”. Portanto, revelou grandes verdades que devem ser o paradigma de todos nós que ensejamos melhorar como seres humanos, tornando nosso coração e alma mais sensíveis e identificados com o conhecimento. As religiões são manifestações da divindade no coração de cada um.
As religiões existentes no mundo são arquétipos de luz, referências divinas, caminho, verdade e vida. Todas têm a mesma essência e, consequentemente, a mesma origem – todas têm o mesmo objetivo: educar o ser humano para a libertação de suas paixões e imperfeições naturais. O relativismo da interpretação do que seja religioso é que faz surgir as religiões diferenciadas.
Todas se completam, afinal, todas têm a mesma essência e origem. E quando o ser humano for evoluído, desprendido de vaidades, todas as religiões dar-se-ão as mãos. As diferenças deixadas de lado.
O ser humano livre- na pura acepção da palavra – conhece-se a si mesmo. Normalmente, é brando, sensível ao conhecimento, e tem em si a própria paz.
Jesus, certamente, aprova todas as religiões que libertam o ser humano. Mas, há aqueles que não abraçam religião alguma e, mesmo assim, conseguem a sua liberdade espiritual. Na verdade, têm “luz própria”. O mais importante é a prática do amor, a bondade, a ternura, a compreensão, a tolerância e o perdão.
Quem assim pensa e pratica estas virtudes, já encontro “a Luz”. Por isso, acredito que não haja necessidade de infindáveis reencarnações para o nosso aprimoramento. Jesus não deixou nenhum legado por escrito. Não precisou, afinal, iluminou o caminho da redenção e somente não enxerga este caminho aquele que não deseja ver com os olhos da sensibilidade e da alma.
As religiões não podem, não devem obrigar os fiéis a pensar como se supõe ser o certo. O melhor é permitir que cada um encontre a verdade através de seus próprios esforços. Mostre-se o caminho – busque e encontre o caminho aquele que deseja caminhar em busca da luz espiritual.
Muitas vezes, a redenção espiritual está mais próxima que imaginamos, afinal, a vida é benesse divina e viver é perceber a luz da existência e suas manifestações.
As verdades são acessíveis a todos nós, basta querermos encontrá-las. Não há regra insuperável ou insubstituível. A verdade não é prioridade de ninguém. Jesus é o mestre para a maioria dos ocidentais, mas, para o oriente, os mestres espirituais são outros.
Os mestres mostram e ensinam os caminhos, as verdades a serem seguidas. Hoje, um aluno dedicado, amanhã será também um mestre iluminado.
Basta encontrar o caminho do amor, que é insuperável e razão da existência de todas as religiões.


Gilberto Pinheiro – RCE 67


PAZ E LUZ!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Influência Oculta


Nessa minha vida de espírita eu escuto de tudo. Escuto comentários que às vezes dá vontade de rir e outros que dão vontade de chorar. Meu Deus, quanta ignorância a respeito da vida e das leis espirituais.
Nesses comentários, o que eu realmente vejo são as pessoas fugindo de assumir a responsabilidade sobre suas vidas, de encarar a realidade e o pior, culpando os outros pelos seus desencontros e suas decepções. Um dos bodes expiatórios mais populares são os espíritos. Coitados deles! São responsabilizados por tudo; da dor nas costas à queda de cabelo, é mole? Mas é verdade gente! Ninguém quer encarar a realidade de que são elas próprias que constroem o próprio destino.
Nas minhas viagens para realizar palestras e no meu programa de rádio eu costumo escutar coisas do tipo: “meu marido bebe por que tem um espírito que faz ele beber”; “meu marido não deixa a outra mulher por que ela botou um encosto nele” e ainda “um espírito entrou em mim e eu quebrei tudo lá em casa”. E, pasmem, na maioria das vezes elas são espíritas e justificam todas essas asneiras usando a questão 459 de O Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec pergunta: “Os espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?” Respondem os espíritos: “Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito freqüentemente são eles que vos dirigem.”. Elas não estudam com profundidade o Espiritismo e nem refletem coisas básicas do tipo: como se processa essas influências? Que leis regem essas influências? E até onde vão essas influências?
Mas a espiritualidade não nos deixa dúvidas. Quem realmente estuda, aprende que as influências espirituais são regidas pela lei de sintonia e afinidade, que somos nós, com as nossas atitudes mentais e comportamentais que atraímos os espíritos evoluídos ou os atrasados para junto de nós, e que como tudo na vida, isso tem conseqüências e às quais não poderemos fugir. Pois como diz o espírito Joanna de Ângelis, no seu livro Plenitude: “Somente há obsessão e sofrimento, por que se elegem os comportamentos doentios em detrimentos daqueles outros positivos”. Não são eles que nos trazem os vícios e as paixões, mas somos nós que, com os nossos vícios e paixões, atraímos as companhias espirituais desequilibradas. Temos livre-arbítrio e ninguém, seja espírito encanado ou desencarnado, conseguirá nos influenciar a fazermos uma coisa a qual não queiramos. Culpar os espíritos pelas nossas falhas é fugirmos de encarar a realidade e a necessidade de dirigirmos a nossa própria existência.
O próprio Allan Kardec nos chamou atenção em O Livro dos Médiuns a “evitar atribuir à ação direta dos espíritos todas as nossas contrariedades, que, em geral, são conseqüências da nossa própria incúria ou imprevidência”. Você continuará sempre sendo o que você faça de você. A influência espiritual existe e existirá de acordo com o que você é, e não determinando o que você será. Portanto, não culpe os espíritos pela bebida, pela traição e pelos desequilíbrios que, na maioria das vezes, eles são meros coadjuvantes e você a estrela principal, pois é você quem escolhe os pensamentos, quem escolhe as atitudes e quem desencadeia os fatos.
Reflita antes de culpar os espíritos, porque se você for investigar a origem e a causa das obsessões, as encontrará em você mesmo. É você quem abre a fresta e dá espaço a influência negativa ou quem eleva o pensamento e sintoniza com a espiritualidade maior agindo sempre da melhor maneira possível. É hora de mudarmos a postura e entendermos as verdades básicas da vida. Você está onde você se põe. Só quando assumirmos o compromisso de cuidarmos de nós mesmos é que conseguiremos viver a felicidade que tantos sonhamos. Felicidade que não é privilegio, nem dádiva. Felicidade é conquista de quem escolheu ser feliz.


Escrito por José Antonio Ferreira da Silva



PAZ E LUZ!