domingo, 21 de junho de 2009

A vida e a fé



A vida e a fé


No dia 18 de abril foi comemorado os 150 anos da publicação de O Livro dos Espíritos. Neste momento, eu me pergunto o que diria Kardec se fosse escrever o editorial da Revista Cristã de Espiritismo.
Acho que ele falaria aos mais necessitados. Não apenas aos necessitados do pão, mas aos necessitados da fé.
A fé é a luz que dignifica nossa vida. É ela que dá o sentido em tudo o que fazemos, é o pano de fundo que serve como base para todas as nossas ações. Quando adoecemos, é porque adoecemos, antes de tudo, na fé.
A fé transcende os limites da razão e dos sentimentos. Na verdade, ela é o alicerce em que o edifício da personalidade é construído. Todas as nossas crenças, assim como a maneira como reagimos aos estímulos internos e externos da vida variam conforme a nossa fé. Construímos nosso modo de viver de acordo com ela.
Não se trata, simplesmente, de acreditar na existência de Deus, mas sim, de pautar nossa vida, nossos atos, percebendo-os como Sua própria manifestação. Ainda não agimos de acordo com os níveis mais profundos desta relação espiritual, e por isso, não conseguimos explorar todo este potencial de forma consciente.
Nos mundos superiores, não se cogita mais sobre a possibilidade da existência de Deus. Ao contrário, duvidar Dele seria desacreditar da própria realidade da vida, pois a relação com o Criador é um fato consciente e não uma mera hipótese.
É desta fome de fé que padece a humanidade atual. A incerteza e a insegurança diante dos infortúnios da vida têm sido a gênese das mais diversas doenças, em uma epidemia onde não se vive mais a busca pela clareza espiritual, fonte de todas as bênçãos realmente duradouras, mas a fuga do desespero causado pela própria falta de fé.
Muito tempo se passou, mas as dores da alma ainda são as mesmas, as necessidades iguais as de outrora. A carência afetiva e o desamparo diante da vida ainda fustigam turbilhões de seres à margem da sociedade, excluídos do meio comum da vida, padecendo dores secretas nos recônditos do ser.
Tenhamos a bondade de exercitar a caridade, de levar o orvalho do amor aos que têm sede, de enxugar as lágrimas dos que padecem, iluminando a fronte com a doutrina abençoada. A atitude iluminada, coerente com o ensino dos espíritos, é a lição viva a nortear a alma na jornada terrena, rumo à perfeição espiritual que inspira as mais belas realizações, que não prescindem das pequenas atitudes do dia-a-dia, mas que refletem a grandeza da glória Divina.
Sem conhecimento não há elevação. Sem amor não há redenção! Guiemo-nos pela luz do evangelho na pátria do coração e sigamos em frente, pois um novo dia surgirá!



Fonte: RCE


Paz e Luz!

domingo, 14 de junho de 2009

Obsessão e a auto-cura



Obsessão e auto-cura
A obsessão é sempre produto de uma auto-obsessão.O desequilíbrio tem início na mente do indivíduo encarnado.
Boletim da Associação Médico Espírita do Brasil



O professor, jornalista, filósofo, poeta, conhecedor da doutrina espírita, Herculano Pires, escreveu o "pequeno grande" livro, Obsessão, Passe e Doutrinação. Baseado em sua experiência de mais de quarenta anos no trabalho de desobsessão, Herculano explica como resolver os problemas das influências de espíritos inferiores. Com muita autoridade, o professor pode falar sobre o assunto, pois sua vida foi um exemplo de capacidade e superação das dificuldades. Viveu a doutrina, não apenas a teorizou. Calmo, alegre, humilde; homem culto, doutor em Filosofia, jornalista respeitado e escritor premiado, enfrentou problemas com muita tranqüilidade.
Foi eleito várias vezes presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo; diretor da cadeira de filosofia da Faculdade de Filosofia de Araraquara. Autor de 81 obras de valor reconhecido. Desenvolveu grande experiência no sentido de auxiliar os que, nesse difícil planeta Terra, se perdem no cipoal das próprias angústias ou rebeldia, que entram em lamentável estado de esquizofrenia temporária, do qual não conseguem sair sem o auxílio externo.
O professor realizava sessões chamadas de desobsessão, onde mentes encarnadas eram auxiliadas. Nos últimos quinze anos de sua existência, Herculano, com o auxílio do doutor Antonio João Tadesco-Marchese, neurologista e do doutor Laércio Saudini, realizavam as sessões nas quais muitos obsedados encontraram a cura.
Nos casos de desajuste, o indivíduo, expelindo de si mesmo pensamentos de depressão, liga-se a mentes encarnadas ou desencarnadas, que aumentam suas sombras interiores; a esse fenômeno convencionamos, os espíritas, chamar de obsessão.

Obsessão
Obsessão, como diz Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, é "o domínio que os espíritos inferiores exercem sobre determinadas pessoas".
A obsessão é sempre produto de uma auto-obsessão. O desequilíbrio tem início na mente do indivíduo encarnado. Telepaticamente, por questão de sintonia vibratória, entra em contato com outros indivíduos que vibram no mesmo teor e o processo se inicia. Não há mistério, há apenas ligação mente a mente, comunicação. O indivíduo estabelece laços com pensamentos desfavoráveis, entra em ondas desagradáveis e colhe os frutos de seu próprio desequilíbrio.
Todos nós, encarnados, em momentos de desânimo, de falta de "oração e vigilância", notamos que vamos nos enredando em uma teia de aranha, que faz os problemas parecerem insolúveis. É a hora do basta, da reação interior, do uso da vontade para sair de um estado desfavorável e entrar num equilíbrio maior com a harmonia universal; sintonizar melhor sua onda mental, mudar o teor vibratório.
Somos os construtores do nosso destino. Temos sempre o direito de optar pelo que nos convém; indivíduos fortes enfrentam os problemas que surgem e, devido à força interior, sintonizam com outros indivíduos encarnados ou não, que vibram positivamente; lutam, vencem e se tornam cada vez mais equilibrados.
Indivíduos frágeis, deslizam a todos os instantes pelos difíceis caminhos do pessimismo e entram em desajustes que podem causar até doenças físicas. Pensamentos de ódio, revolta, pessimismo são tóxicos que envenenam o corpo e desajustam a mente. O Mestre de Nazaré no convida ao perdão e à fé em Deus; disse "Olhai os lírios do campo, que não tecem nem fiam e nem Salomão se vestiu como eles em toda a sua glória". Não fez um convite à preguiça, mas à serenidade. Centelhas divinas, fomos criados por Deus para um progresso infinito. Ou, como disse Jesus: "sois deuses, sois luzes...".
O nosso livre-arbítrio permite escolhermos caminhos mais rápidos para a evolução, ou labirintos dolorosos dos desequilíbrios. Mas nosso destino, dentro do determinismo das leis de Deus, é a angelitude.

Causas das obsessões
A causa primeira é a nossa incapacidade para utilizar a nossa força interior e resolver os problemas que aparecem.
As encarnações passadas devem ser levadas em conta. O doutor Ian Stevenson, em seu livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, explica como o indivíduo traz no inconsciente o arquivo do passado, que às vezes aflora no presente. Os conteúdos subliminares afloram na consciência supraliminar. Desafetos do passado aproveitam os nossos momentos de descuido, a quebra de defesa psicológica e nos afetam até onde o permitimos.

Cura da obsessão
É necessário se manter dentro de um equilíbrio psíquico gerado por bons pensamentos.
O Mestre de Nazaré explica na história O Espírito Mal como se livrar dos obsessores. O indivíduo precisa povoar a sua casa mental com bons pensamentos; necessita entender a finalidade da existência, o sentido da vida.
"Vivemos", diz Herculano, "para desenvolver as potencialidades psíquicas de que somos dotados. Nossa existência tem por fim a transcedência, a superação de nossa condição humana".
Sartre, o grande filósofo materialista, diz que o Ser deve assimilar as aquisições dos que antecederam e deixar o produto de suas experiências para os que vierem depois. Embora diga que o homem é "uma paixão inútil" reconhece a necessidade da transcedência.
Keerkgard conta a história do homem e do cachorro que estão na porta de um bar. O cachorro vive apenas; come, satisfaz as necessidades biológicas da espécie. O homem só Existe quando cresce espiritualmente, raciocina, é um elemento indutor ao progresso. Muitos apenas vivem, raros Existem.
O destino do homem não é ser escravo dos vícios, das seduções da carne, da matéria. É caminhar ereto, na vertical, em busca de mundos melhores. É fazer da terra um mundo de Justiça e de Amor.
O mundo é lindo. Há uma música suave, que só os mais sensíveis conseguem captar, que embala nossos corações, que é produto da harmonia universal. Deus nos criou para a felicidade e alegria. Diz A Gênese, de Allan Kardec: "Se o homem agisse sempre de acordo com a lei de Deus seria feliz sobre a terra e evitaria para si mesmo os males mais amargos". É o homem que, contrariando as leis de Amor, cria problemas: fome, desemprego, guerras, doenças. Aos poucos ele vai se saturar do mal moral e procurar remédio no bem.
O mundo apresenta problemas que não nos agradam; vamos resolvê-los. Se nosso próprio interior nos parece deprimente, vamos modificá-lo. Possuímos forças incríveis, é necessário utilizá-las.
Sabemos hoje, através das experiências do casal Paul Vase, na França, que o pensamento divide gotas d’água, acende lâmpadas, intensifica o crescimento de plantas. Com a força de nosso pensamento, podemos nos modificar para melhor e modificar o mundo em nossa volta. Certeza de vencer nos dará vitória. Ghandi, igualmente frágil, conseguiu mudar a face de seus país.

As dimensões da vida
No século XX é fácil ser espírita; não praticar a doutrina, mas entendê-la. A matéria se dissolveu em energia; experiências provam que, como dissera Platão, "O mundo sensível é ilusório". A Gênese de Allan Kardec disse, há mais de cem anos, que matéria é apenas condensação de energia.
Os físicos atuais são metafísicos. Falam em buracos negros e em elétrons positivos que viriam de um submundo. A mente do homem se abre para outras dimensões, outras formas de existência. O grande Einstein fala sobre a relatividade. Popper confirma que tudo é efêmero e relativo. Um mundo novo surge, os preconceitos científicos ou religiosos não tem mais razão de ser.
O corpo bioplásmico dos russos confirma que o Ká dos egípcios é o perispírito da doutrina espírita.
Uma nova compreensão do universo, uma nova ordem de valores surgiu. A existência de dois mundos, o material e o espiritual, é uma realidade. O homem cresce para a conscientização de que é uma pequena peça, importante quando inserida na grande engrenagem universal. Mas, assim como um parafuso sozinho não tem grande utilidade, sendo indispensável ao funcionamento de uma máquina, o indivíduo é útil quando se integra na Harmonia Universal. Sozinhos somos pontinhos frágeis perdidos num universo luminoso. A nossa força está na união de nossas mentes, para a construção de um mundo melhor.
Nessa nova dimensão, convém ouvir Herculano: "Reformule o conceito de si mesmo. Você não é um pobrezinho abandonado no mundo. Tire da mente a idéia de pecado e de castigo. O que chamam pecado é o erro, que pode e deve ser corrigido. Corrija-se". A idéia de pecado e o complexo de culpa arrasam o indivíduo.

Tratamento médico
Herculano lembra que "Deve haver uma orientação médica, tendo ou não o profissional conhecimento da doutrina espírita".
O médico espírita contará com as armas maiores da compreensão da reencarnação e do intercâmbio entre encarnados e desencarnados; isso facilitará sua tarefa.
Além do tratamento médico, o obsedado recorrerá às casas espíritas onde, através de passes de sessões de desobsessão, conseguirá fortificar sua vontade e esclarecer não só sua mente como as demais envolvidas no processo para a sua libertação.
Recorrendo aos especialistas do campo da matéria e ao auxílio dos que tratam dos problemas do espírito, o indivíduo conseguirá modificar o seu modo de vida e organizar ao redor de si "a couraça da fé e da caridade" aconselhada pelo apóstolo Paulo.
Se pensamentos dissemelhantes não sintonizam, o indivíduo que emitir sempre bons pensamentos afastará toda a inferioridade e perturbação. Preocupado em ser útil, esquecerá seus problemas e será mais feliz. Madre Tereza de Calcutá não devia sentir tédio, desânimo, ou angústia existencial. Suas energias eram dedicadas aos sofredores.
É hora de crescer. Devemos nos lembrar que nenhum julgo resiste a uma vontade firme. "Só fica obsedado aquele que, consciente ou inconscientemente o desejar. É uma espécie de auto-punição". "A cura da obsessão é uma autocura...", diz Herculano Pires.

PAZ E LUZ!