sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Ciência e o Espiritismo

Na Introdução de O Livro dos Espíritos, item VII, Kardec se pronuncia sobre a Ciência, dizendo: “As ciências positivas repousam sobre as propriedades da matéria, as quais podem ser experimentadas e manipuladas à vontade; os fenômenos espíritas repousam sobre a ação de inteligências que têm vontade própria e que a todo instante provam que se não subordinam ao nosso capricho. (...) A Ciência, propriamente assim chamada, é, portanto, incompetente, como tal, a decidir na questão do Espiritismo; não tem que se haver com ele e seja, qual for a sua opinião, favorável ou não, não poderá ter significação”. Acho que precisamos ter muito cuidado em relação a isso que Kardec afirmou, para não termos um entendimento errado...
O codificador da doutrina espírita era um homem que sempre valorizou a fé raciocinada e as conquistas da Ciência. Não seria lógico supor que ele fosse contra o conhecimento científico. Ao contrário! Kardec chegou a afirmar que “O Espiritismo e a Ciência se complementam um pelo outro. A Ciência sem o Espiritismo se encontra na impossibilidade de explicar certos fenômenos unicamente pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência lhe faltaria apoio e controle. O estudo das leis da matéria deveria preceder ao da espiritualidade, porque é a matéria que fere, primeiramente, os sentidos. (...)”
Para fazermos a tão sonhada ponte com a Ciência, temos que ter a humildade de aceitar a possibilidade de nossas crenças estarem equivocadas, sejam elas apoiadas por alguma doutrina ou não. Isso não significa que iremos perder nossa fé, que deve ser sustentada a partir de um estudo profundo e das nossas experiências pessoais, mas precisamos nos manter receptivos a um diálogo constante com a Ciência, revendo nossos conceitos doutrinários quando for necessário.
Por outro lado, mesmo ainda não tendo um total entendimento e domínio sobre os fenômenos paranormais e mediúnicos, ainda assim podemos dar a nossa parcela de contribuição para a sociedade, seja no campo dos conceitos espíritas ou na área terapêutica, com a desobsessão e passes.
Não acredito que o Espiritismo seja a “religião do futuro”. Acreditar nisso seria desprezar a sabedoria das outras doutrinas e religiões. Mas penso que alguns dos fundamentos do Espiritismo serão mundialmente reconhecidos, não necessariamente por todas as religiões, mas, quem sabe, pela própria Ciência. Então, a vida após a morte não será apenas uma “crença”, mas uma matéria a ser estudada nas universidades. Aí sim, a Ciência e as doutrinas espiritualistas marcharão lado a lado, cada uma avançando em sua área de atuação.
Hoje, o movimento espírita é, basicamente, um movimento religioso. Tudo bem, mas penso que precisamos de mais pesquisadores que aproveitem o fértil terreno que a prática espírita oferece para desenvolverem pesquisas de acordo com a metodologia científica.
Como disse Albert Einstein, “A Ciência sem religião é manca, a Religião sem a Ciência é cega”.

Revista Cristã de Espiritismo, edição 123 - Dezembro 

PAZ E LUZ!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Enjoos e desejos na gestação

Com o desenvolvimento da gravidez, à medida que o embrião vai se estruturando, conforme o molde energético dado pelas matrizes perispirituais da entidade reencarnante, vão se intensificando as trocas fluidicas ou energéticas, entre o perispírito da mãe e o espírito reencarnante.
Já se observa, a certa altura, uma intensa sintonia vibratória com grande intercâmbio de campos energéticos. Sucede que estas vibrações permutadas podem ser doentes (espiritualmente falando ) ou sadias. As vivências das encarnações anteriores, indelevelmente registradas nos arquivos energéticos do espírito, são núcleos de emanação de ondas que exercem influência sobre a gestante. As experiências de sofrimentos ainda não resolvidas psicologicamente, os ressentimentos mantidos, são concentrações de força a irradiar sobre a estrutura psicofísica materna. As experiências comuns entre mãe e filho, vividas em estâncias pretéritas, se reencontram agora com anestesia apenas parcial.
Não resta dúvida, que é a grande oportunidade da reaproximação e solução dos débitos passados. Também é importante se reafirme, toda a assistência espiritual presente no transcurso da gravidez, amparando a dupla.
As trocas fluidico-energéticas entre ambos, frequentemente produzem enjôos à mãe. A intensidade destes enjôos muitas vezes está relacionada (também) a diferenças de nível evolutivo entre o espírito reencarnante e a gestante. Em determinadas situações no entanto, não se trata de diferença de nível espiritual, pois normalmente aos espíritos superiores não é difícil superar e compreender as limitações dos menos evoluídos. Frequentemente, são os reconhecimentos inconscientes das experiências comuns vividas. São as
sensações decorrentes do espelhar mútuo , da situação espiritual
vivenciada no passado e ainda não resolvida. Cuidemos , no entanto, para não cometer injustiça ou erros de julgamento.
Os enjoos tem também causas meramente orgânicas ligadas a fatores
anatômicos e fisiológicos do processo gestacional. Atribuir aos enjôos
apenas significado de ordem espiritual, seria empobrecer a ciência
espírita e comprometer sua imagem perante as pessoas de bom senso.

Os estranhos desejos da gestante 

As aparentes extravagâncias da mulher grávida podem ter,também, causas ligadas às influências do espírito reencarnante. Não estamos aqui, portanto, excluindo de maneira alguma o componente fisiológico. As profundas alterações hormonais sob o comando da hipófise são sem dúvida co-fatores que interferem no psiquismo da gestante determinando tendências na esfera alimentar. Tendo sido feita esta ressalva , cumpre-nos estudar a outra face da moeda.
Estando a estrutura do corpo espiritual da entidade reencarnante unida ao chakra genésico materno, passa a sofrer a influência de fortes correntes eletromagnéticas que lhe impõem a redução volumétrica necessária. O corpo astral (perispírito ) que possuía digamos 175cm deverá se adaptar a um organismo fetal bem menor. Ocorre então a redução dos espaços intermoleculares da matéria perispiritual. Tal fato ocorre pela diminuição da vibração das moléculas do corpo espiritual. A energia cinética se reduz, as moléculas se aproximam reduzindo os espaços intermoleculares. Além desta redução, toda molécula excedente, que não serve ao trabalho fundamental de refundição da forma é devolvida ao plano "espiritual " e reintegrada ao fluido cósmico universal.
No organismo materno, mais especificamente no chakra genésico, há uma função que lembra o trabalho de um exaustor de cozinha. Neste aparelho doméstico se processa a absorção da gordura excedente, eliminando-a do ambiente. Conforme encontramos no livro" Entre a Terra e o Céu ", cap. XXX, André Luiz que se expressa da seguinte forma." O organismo materno materno, absorvendo as emanações da entidade reencarnante, funciona como um exaustor de fluidos em desintegração, fluidos estes que nem sempre são aprazíveis ou suportáveis pela sensibilidade feminina".
Há espíritos que por se acharem zoantropizados ou licantropizados (isto é, tão deformados que se parecem com animais,lobos etc ) , portanto com morfologia tão alterada e acrescida de fluidos prejudiciais que sofrerão intenso processo de reabsorção fluídica por parte do chakra genésico materno. O fato citado gera intensas e frequentes sensações psíquicas na gestante.
Estas sensações não tem tradução lógica em valores conhecidos aos sentidos físicos. Como são sensações , o cérebro decodifica em algo material e expressa como: Desejo de comer, cheirar ou fazer alguma coisa diferente. Portanto, embora seja inverdade que desejos insatisfeitos possam determinar defeitos físicos no bebê, mera crendice, os desejos existem e quando não são tão absurdos como comer sabonete com cebola, não custa nada
(às vezes) satisfazer a pobre da gestante.... Mas não exageremos....
Escrito por Ricardo Di Bernardi
PAZ E LUZ!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Suicídio - uma abordagem espiritual

Muitas pessoas limitam seus interesses à matéria, às paixões e aos vícios. Sendo assim, o mundo delas se reduz às coisas passageiras, esquecendo-se da eternidade que é a alma. Suas preocupações se tornam uma obsessão; as pessoas ao seu redor muitas vezes não notam seus problemas, pois o indivíduo sabe camuflar de tal forma que quando o suicídio acontece é surpresa para todos.
Sabemos das dificuldades que cada um enfrenta no dia-a-dia. Cada um, realmente, carrega a sua cruz. Neste processo evolutivo as dificuldades enfrentadas são as mesmas, o que difere é que para uns pode ser menos penoso, devido a sua forma de ver os acontecimentos, ou seja, a evolução individual é algo primordial para que possamos ter um melhor entendimento da vida.
Atualmente, cerca de um milhão de pessoas cometem suicídio todos os anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Entre os países desenvolvidos, o Japão ocupa o primeiro lugar, e há tempos atrás ficou conhecido como o “Reino dos Suicídios”. Neste país, está se tornando comum a prática do suicídio coletivo. Em 2003, o Japão registrou 34 suicídios cometidos em duplas ou grupos por pessoas que se conheceram pela internet e faziam pactos. Também neste mesmo ano, foram registrados 34.427 suicídios no Japão, 7,1% a mais que em 2002. Está se tornando uma coisa tão comum que todos os anos diversos escritores lançam livros sobre este assunto. O livro Manual Completo do Suicídio, de Wataru Tsurumi, teve sua primeira edição lançada em 4 de julho de 1993, e se tornou um best-seller, pois descrevia inúmeras formas de suicídio, com ranking de facilidade, dor e dicas estratégicas.
Suicídio coletivo
O suicídio coletivo é uma prática antiga. Ficou conhecida devido às seitas que pregavam uma filosofia que chegava a psicotizar o indivíduo. Extraí de um site que fala um pouco da história das seitas, alguns dos suicídios coletivos mais famosos:
1978 – Vocês se lembram de Jim Jones? Era um líder fanático que se intitulava “pastor do Templo do Povo”. Possuía guarda-costas chamados de “anjos”e levou aproximadamente 900 pessoas ao suicídio na Guiana.
1985 – Na ilha de Mindanao, nas Filipinas, sessenta integrantes da tribo Ata são encontrados mortos em conseqüência de um envenenamento ordenado pelo “guru” Datu Mangayanon.
1987 – Em Yongin, arredores da capital Seul (Coréia do Sul), trinta e dois discípulos da sacerdotisa Park Soon-Ja foram encontrados com a garganta destroçada. Uma autópsia revelou que eles beberam um veneno muito potente.
1993 – Cinquenta e três habitantes de um bairro de Ta He, 300 quilômetros a noroeste de Hanói, se suicidaram com armas de fogo para “chegar ao paraíso” prometido pelo chefe Ca Van Liem. Entre as vítimas estavam dezenove crianças.
1994 – Cinqüenta e três membros da seita “Ordem do Templo Solar” cometeram, igualmente, suicídio coletivo. A seita parecia praticar um tipo de culto solar. A morte dos membros parecia fazer parte de um ritual que levaria os indivíduos da seita para um outro planeta-estrela chamado “Sirius”. Para apressar a viagem, várias das vítimas, incluindo algumas crianças, foram mortas com disparos na cabeça ou asfixiadas com bolsas plásticas pretas ou envenenadas. Dois membros da seita, antes de morrer, deixaram escrito que eles estavam “deixando esta terra para encontrar uma nova dimensão de verdade e absolvição, longe da hipocrisia deste mundo”.
1997 – A seita americana “Porta do Céu”, Heaven’s Gate, fundada nos EUA em 1972 por Marshall Applewhite e Bonnie Lu Trousdale Nettles, cometeu suicídio coletivo. O saldo de mortos foi de trinta e nove pessoas. Homens de 26 a 72 anos, da classe média e alta, ingeriram comprimidos de fenobarbital acompanhado por forte dose de vodka, esperando irem embora da terra na cauda do cometa Halley.
1998 – No dia 05 de outubro de 1998, seis membros da seita conhecida como Igreja Youngsang (Vida Eterna), uma das muitas seitas apocalípticas da Coréia do Sul, e seu líder, Jong-min, 57 anos, foram encontrados queimados mortos em uma mini-van após um ritual religioso. A polícia coreana disse que o líder deixou sua casa em Seul, em julho, com seis seguidores, dizendo que eles estavam embarcando em uma viagem eterna.
2000 – Cerca de oitocentas pessoas que estavam envolvidas com a seita “Movimento Pela Restauração dos Dez Mandamentos” morreram carbonizadas na sede da seita, em Uganda, na África. Antes de cometerem o suicídio coletivo, o líder da seita os incentivou a abandonarem seus bens, pois iriam se encontrar com a Virgem Maria. Pelo jeito, o único mandamento que a seita não quis restaurar foi o “Não matarás”.
A timidez e o suicídio
O psicólogo Antonio Carlos Alves de Araújo publicou um estudo sobre as pessoas que praticam o suicídio, fazendo um paralelo com a timidez: “Obviamente, a problemática é mundial; vide o episódio no Japão sobre o suicídio coletivo dos hikikomoris (tímidos ou reclusos). Neste caso específico, a timidez caminhou para o suicídio, devido às pressões de uma determinada cultura que talvez não preste a atenção devida ao relacionamento humano, mas tão somente ao desempenho profissional e competição, embora não seja um aspecto encontrado apenas no Japão. (...) O tímido teme a situação de prova a todo o momento; quando se retira do contato cria uma ficção de vitória por não ter que passar por determinado apuro, mesmo que isto lhe custe um prazer futuro. (...) O tímido, na verdade, comete uma espécie de “estelionato social”; sua lei é retirar, sendo que os aspectos de egoísmo estão totalmente presentes. (...) O último estágio do processo da timidez é a depressão profunda ou o transtorno do pânico e até o suicídio, quando a pessoa não consegue mais nenhum tipo de satisfação devido a sua conduta masturbatória perante a vida. (...) O suicídio e timidez têm como temática básica a questão de como enfrentar a profunda solidão. O primeiro não enxerga nenhuma alternativa para resolver o dilema; o segundo se acostumou e desfruta da mesma”.
Alguns julgam a prática do suicídio um ato corajoso, outros, um ato covarde. A realidade é que  é um ato penoso para quem pratica, pois seus problemas estarão apenas começando,  após esta fuga da matéria. Ninguém queira conhecer o “Vale dos Suicidas”, ou melhor, deveriam ter pelo menos uma visão deste lugar para que tenham consciência de que se o inferno existe, ali é o lugar.
Um dos maiores escritores de Portugal, Camilo Castelo Branco, se suicidou aos 65 anos com um tiro no ouvido, quando foi acometido por uma cegueira, devido a uma doença nos olhos. Alguns anos mais tarde, por meio da médium Yvonne Pereira, escreveu Memórias de um Suicida, no qual descreveu com riqueza de detalhes a situação dos que suicidam e sua permanência no Vale dos Suicidas. Em determinado momento, ele fala sobre entidades perversas que escravizam criaturas nas condições amargurosas em que se via. Aprisionado, juntamente com outros suicidas, foram obrigados a fazer uma caminhada “penosamente, por um vale profundo, onde nos vimos obrigados a enfileirar-nos de dois a dois, enquanto faziam idênticas manobras os nossos vigilantes. Cavernas surgiram de um lado e outro das ruas que se diriam antes estreitas gargantas entre montanhas abruptas e sombrias, e todas numeradas. Tratava-se, certamente, de uma estranha “povoação”, uma “cidade” em que as habitações seriam cavernas, dada a miséria de seus habitantes, os quais não possuiriam cabedais suficientes para torná-las agradáveis e facilmente habitáveis (...) Não se distinguiria terreno, senão pedras, lamaçais ou pântanos, sombras, aguaceiros... Sob os ardores da febre excitante da minha desgraça, cheguei a pensar que, se tal região não fosse um pequeno recôncavo da Lua, existiriam por lá, certamente, locais muito semelhantes”.
Dessa forma, imaginem um grupo de suicidas chegando do “outro lado”, tomando ciência de que a vida continua, apesar da promessa de “paraíso” feita por “religioso” ou através de um pacto mal planejado pela Internet, onde a realidade não corresponde com a ilusão dos suicidas que terão que responder por estes atos. A frustração ao chegar do outro lado faz com que os suicidas se arrependam ardentemente, porém, é tarde demais.
Orientações espíritas
Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, lê-se que “as conseqüências do suicídio são muito diversas: não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o provocaram. Mas uma conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos: depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em uma nova existência que será pior que aquela da qual interromperam o curso”.
Entrevistei Richard Simonetti, um dos mais conceituados escritores espíritas. Perguntei: Quando uma determinada “religião” ou “líder religioso” levam seus seguidores ao suicídio coletivo, quem terá maior dosagem de culpa? Qual o grau de responsabilidade do líder religioso e do seu seguidor? Ele respondeu que “a responsabilidade maior será do líder, que terá, inclusive, o compromisso de ajudar seus seguidores a se recomporem”.
Indaguei novamente: “Caso o seguidor desta seita foi induzido ao suicídio, mesmo assim ele responderá por este ato praticado contra si próprio? Ele informou que “sim, porque não foi obrigado a matar-se, simplesmente rendeu-se às sugestões recebidas”.
Sendo assim, temos consciência de que tanto pela iniciativa, quanto pela indução, iremos responder pelos nossos atos, afinal, temos o livre-arbítrio para tomar as decisões que achamos cabíveis naquele momento, muitas vezes, sem ter a noção exata das conseqüências futuras.
Quando se deseja algo, seja bom ou ruim, temos ao nosso lado espíritos que irão captar as imagens em nossa mente e poderão, dessa forma, criar condições para que o nosso objetivo se concretize. Em se tratando de suicídio, obsessores irão envolver sua presa para que esta pratique este ato. No suicídio coletivo, uma legião de obsessores poderá estar pronta a “encaminhar” para as zonas sombrias seus desafetos do passado ou apenas indivíduos com a mesma afinidade de pensamentos e propósitos.
Independente do país, o suicídio coletivo é uma realidade. As autoridades devem tomar consciência da seriedade deste assunto e um estudo mais profundo deve ser elaborado para tentar evitar tal atrocidade. Aos candidatos ao suicídio coletivo, reflitam muito bem antes. Procurem ajuda, seja com amigos, parentes ou uma determinada religião que trabalhe o emocional da pessoa, mostrando uma visão global e cristã da vida. Nos centros espíritas, pode-se obter ajuda através de palestras educativas e esclarecedoras, passe, tratamento da desobsessão, água fluidificada, leituras edificantes e o culto do evangelho no lar.
Não se deixe levar pelas ilusões de um mundo melhor pós-suicídio, afinal a porta falsa do suicídio é uma armadilha para um caminho de muitos sofrimentos.
É nossa obrigação acolher com carinho as pessoas que sabemos ter tendência suicida. Devemos estar atentos, para que elas não cometam esta atrocidade contra si mesmas. Muitas vezes, o medo faz com que procurem outras pessoas com o mesmo intuito suicida, se encorajando, acabam praticando o suicídio coletivo.
Escrito por Marco Tulio Michalick  
Revista Cristã de Espiritismo nº 43
PAZ E LUZ!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Drogas: sofrimento e arrependimento

Por quanto tempo um viciado em drogas desencarnado fica sofrendo?
Durante o tempo em que permanecer empedernido no vício. Contudo, ao menor sinal de arrependimento sincero, ao primeiro pensamento de prece a Deus, significando o desejo de se corrigir, recomeçar um novo caminho e uma nova vida de reto proceder, a ajuda divina se apresentará de imediato, na forma de espíritos dedicados às tarefas socorristas.
Não apenas aos toxicômanos é dado tal auxílio: a todos aqueles que em débito com a consciência manifestarem sincero arrependimento e enérgica vontade de se reformar será dada igual ajuda divina. No ato!
Com claridade solar, em todo o Capítulo "Duração das penas futuras", de O Livro dos Espíritos, o espírito São Luís oferta-nos pérolas de esperança, adubando-nos a fé. Vejamos suas consoladoras respostas:
"Pergunta: 1004 - Em que se baseia a duração dos sofrimentos do culpado?
Resposta: No tempo necessário a que se melhore. Sendo o estado de sofrimento ou de felicidade proporcionado ao grau de purificação do Espírito, a duração e a natureza de seus sofrimentos dependem do tempo que ele gaste em melhorar-se. À medida que progride e que os sentimentos se lhe depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza.

Pergunta: 1006 - Poderão durar eternamente os sofrimentos do Espírito?

Resposta:... Deus não criou seres tendo por destino permanecerem votados perpetuamente ao mal. ... Cedo ou tarde o Espírito tem vontade de se tornar feliz.
Pergunta: 1008 - Depende sempre da vontade do Espírito a duração das penas?
Resposta: Sim, ao Espírito podem ser impostas penas por determinado tempo; mas, Deus, que só quer o bem de suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento e infrutífero jamais fica o desejo que o Espírito manifeste de se melhorar".

O QUE LEVA UM ESPÍRITO DESENCARNADO TOXICÔMANO A O ARREPENDIMENTO?


A dor, mestra maior e último recurso natural para reconduzir o homem ao caminho do Bem. O viciado, ao desencarnar, percebendo que agora tudo está mais difícil, pois além de não poder satisfazer a ânsia da droga, ainda está doente, fraco, faminto etc., mais do que nunca, desejará as drogas.

• E aí?
• Onde buscá-las?
• Como consegui-las?


Carente, e sem nenhuma proteção, ficará a mercê de legiões de malfeitores espirituais. Será sim, admitido nessas legiões, mas como elemento escravizado, desprezível, inferior... Aprenderá, rápido, que só no plano material poderá dar vazão ao vicio. Qual vampiro, poucas vezes sozinho - quase sempre em bandos - buscará os locais de frequência dos toxicômanos encarnados (às vezes até mesmo em seus lares), aderindo-se a eles, mente a mente, induzindo-os ao consumo das drogas, ou assediando criaturas invigilantes, ainda não viciadas, para que o façam. Sem nenhuma reserva moral, em troca de alguma satisfação do vício, será submetido a uma série de perversidades.


Com o tempo, poderá, pelo livre-arbítrio, tomar duas atitudes:


1ª - arrepender-se do mal praticado, do desrespeito às leis naturais, almejando melhorar de vida. O nível de sinceridade desse arrependimento determinará a ajuda celestial que virá em seu socorro;

2ª - revoltar-se ainda mais e tornar-se desejoso de vingança contra seus algozes. O desejo de vingança lhe dará forças para desencadear uma fieira de maldades.


Seu poder, ampliado, atingirá um ponto em que a Justiça Divina considera como saturação, dando um basta: compulsoriamente retornará à carne. Só que em tristes condições... Nem poderia ser diferente! A dor física e moral, num corpo deformado e sem defesas orgânicas, será constante na sua vida, como inigualável recurso educador.

Escrito por Revista Cristã de Espiritismo.
PAZ E LUZ!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Evolução e doenças psicossomáticas

As doenças e desequilíbrios que manifestamos em nossas vidas ocorrem devido ao nosso atual estágio evolutivo. Conforme vamos ampliando nosso grau de maturidade e lucidez espiritual, a ordem e o amor vão se tornando uma realidade, trazendo harmonia e paz.
Acredito que o ser, iludido por uma percepção individualista de si mesmo, aspira por um sentimento transcendental, com o qual ele possa se sentir plenamente integrado com o Todo (natureza e pessoas).
Neste nível, o egocentrismo deixa de existir. Abandonamos nossa personalidade sem perdermos a individualidade. Viver para o bem de todos é como viver para nosso próprio bem, não existe diferença. Porém, esta realização, este despertar, é um processo gradativo, depende do rumo que o espírito tomar em sua jornada evolutiva, através de suas encarnações e além delas. Depende, também, da sinceridade de suas escolhas e da força de vontade em persistir no caminho escolhido.
A personalidade ou persona não possui essência. O que fomos na última encarnação, já não somos nesta. Algumas tendências, ainda gravadas em nosso subconsciente, persistem, mas não podemos dizer que somos a mesma pessoa. Essa transformação ocorre o tempo todo. A verdade que preservávamos ontem, hoje destruímos com nossas dúvidas, para, amanhã, ampliarmos nossa visão. Este é o infinito ciclo da evolução espiritual. Para isso ocorrer da forma mais “suave” possível, precisamos ter humildade para reconhecer quando estamos equivocados em nossos pontos de vista ou quando é hora de expandirmos nossa percepção. Não podemos ter a prepotência de achar que nosso caminho espiritual é o melhor.
Penso que o mal não existe como essência. Para mim, ele é a manifestação da desordem, do desequilíbrio ou mesmo da busca pela ordenação, pela harmonia interna. Como eu disse no início, conforme o nosso grau de compreensão da vida e de nós mesmos se amplia, e, com ele, um sentimento profundo de amor incondicional, passamos a viver o bem, a ordem, a Luz... Por isso, toda violência é uma forma deturpada e desesperada de buscarmos o Bem que “nos escapa”.
Todo esse processo repercute na qualidade e no fluxo das nossas energias. Quando elas não fluem livremente, a tendência, ao longo do tempo, é o corpo adoecer. Esta “lei” é conhecida como "psicossomatismo", ou seja, desequilíbrios de ordem psicoemocional, que prejudicam nosso fluxo saudável de energias, manifestando-se no corpo por meio de doenças. Nossos conflitos emocionais, assim como nossos padrões de pensamentos e reações desequilibrados criam bloqueios energéticos e/ou aumentam a nossa perda de energia. Portanto, autoconhecimento e reforma íntima são fundamentais no processo de evolução espiritual, refletindo, assim, na saúde do corpo e da mente.
Escrito por  Victor Rebelo
PAZ E LUZ!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O conectoma e a alma


Recentemente, uma notícia ganhou destaque na mídia; trata-se das pesquisas científicas realizadas na tentativa de se mapear a rede neural (o conjunto das ligações entre os neurônios) do cérebro. Esse mapa seria o conectoma, termo criado em 2005, por Olaf Sporns, professor da Universidade de Indiana – USA.
Sebastian Seung, um dos cientistas líderes envolvidos no projeto, explicou em uma palestra à TED (fundação privada sem fins lucrativos dos Estados Unidos, conhecida por suas conferências destinadas à disseminação de ideias – www.ted.com) que parte dessa rede neuronal é definida pelo nosso DNA; outra parte é definida conforme nossos pensamentos e emoções, ou seja, conforme nossas experiências.
Portanto, se analisássemos em detalhes, veríamos que cada pessoa possui um conectoma único, inigualável, pois cada um de nós tem uma história de vida única. Ao mesmo tempo, essa rede neural não é estática. Ela passa por mudanças, conforme mudamos, ao longo da vida, nossa maneira de pensar e sentir. Portanto, ao longo da vida criamos ou reforçamos certas sinapses (pontos de comunicação entre os neurônios), enquanto enfraquecemos outras.
Com relação à memória, não se sabe, ao certo, onde ela ficaria armazenada no cérebro. Uma das teorias diz que nossas experiências ficam gravadas justamente neste fluxo que passa por nossa rede neuronal, ou, para ser mais exato, na combinação de impulsos eletroquímicos transmitidos de uma célula cerebral para outra.
Mapear o conectoma nos permitirá decifrar muitos enigmas da mente humana, desde as questões mais simples às mais profundas, como as que envolvem a fé e o amor. Além disso, antes mesmo de completarmos o mapeamento de todo o conectoma, poderemos, afirmam os cientistas, usufruir dos seus benefícios no diagnóstico objetivo de doenças mentais.
Hoje, com a tecnologia que temos, os cientistas levariam séculos para completar – considerando que isso seja possível – o mapeamento. Mas, soluções e inovações nas pesquisas têm sido encontradas, o que tem dado um novo fôlego às pesquisas.
Mas o que me motivou a escrever este editorial foi o fato de ter sido publicado, em um artigo da revista Veja, que as imagens do conectoma revelariam a origem biológica do pensamento e das emoções. Bem... do ponto de vista biológico, talvez essa hipótese esteja correta. Porém, no final do artigo, a jornalista afirma – por conta própria – que “a longo prazo, a compreensão completa das ligações e da lógica de funcionamento do conectoma será suficiente para explicar conceitos ‘etéreos’ como a mente e alma.”
De acordo com a visão espírita, a origem dos pensamentos, emoções e sentimentos estaria na alma, no espírito. Existe, hoje, comprovação científica disso? Não. Mas, temos grandes evidências que tornam essa teoria bastante plausível. Quem se interessar, pode começar se informando sobre as pesquisas realizadas por Willian Crookes e Allan Kardec, no século XIX. Além disso, como podemos ter certeza de que o mapeamento do conectoma poderá desvendar o mistério da mente e da alma? A Ciência ainda não aceita, mas também não explica, satisfatoriamente, as psicografias de Chico Xavier, assim como não prova o que são, na verdade, as chamadas Experiências de Quase-morte – EQM.
Portanto, temos que ter cuidado em aceitar certas teorias, vindas tanto da Ciência quanto de doutrinas espiritualistas, inclusive, do próprio Espiritismo. Penso que o correto é termos uma postura investigativa, questionadora, como aconselhou Allan Kardec.
Escrito por Victor Rebelo
PAZ E LUZ! 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Espiritualidade e paz social


Durante séculos a Europa foi palco de muitas guerras, motivadas por disputas políticas ou religiosas. A ambição sem limites de reis e sacerdotes provocava a morte de milhares de pessoas, dificultando cada vez mais o progresso espiritual e social coletivo.
Só na época da Inquisição, imposta pela Igreja Católica, milhares de pessoas foram condenadas à morte.
Já no Séc. XVIII, o movimento Iluminista, que pregava a liberdade, igualdade e fraternidade, acendeu a chama dos ideais democráticos no mundo, ao mesmo tempo em que a Igreja ia perdendo cada vez mais seu poder perante o Estado. Nesta época surge o Positivismo, uma linha filosófica que propõe a soberania da Ciência. Tudo aquilo que não pudesse ser comprovado, segundo os padrões científicos da época, não deveria ser aceito.
No Séc. XIX surge o Espiritismo, uma doutrina espiritualista cuja proposta de Allan Kardec, seu codificador, não era concorrer com as outras religiões, mas servir de ponte entre a Ciência e a Religião. A preocupação de Kardec era preencher certas lacunas, solucionar certas questões e, principalmente, falar sobre espiritualidade para uma sociedade cada vez mais materialista.
Tivemos grandes avanços em termos sociais, como na Medicina, nos meios de comunicação... e tudo isso possibilitou que entrássemos na Era da Informação, onde as barreiras entre os povos se tornam cada vez menores. Mas todo este avanço tecnológico não foi acompanhado por uma evolução no campo espiritual.
É claro que progredimos! Apesar de alguns líderes ainda usarem a Religião como pretexto para se fazer guerras, a humanidade, como um todo, melhorou muito. Mas ainda vemos muita indiferença, muita valorização dos bens materiais em detrimento dos valores mais profundos da vida. A Medicina se propõe a curar o corpo; a Psicologia ajuda o homem a conhecer a si mesmo, mas e com relação à busca por um sentido mais profundo da vida, como faremos? Somente com valorização da espiritualidade, inerente a cada um de nós, independente do rótulo religioso, poderemos encontrar as respostas e o caminho para uma vida mais plena.Temos todo um Potencial divino e precisamos manifestá-lo em nossas vidas.
As revoluções sociais e as reformas políticas transformam a sociedade somente na superfície, mas as verdadeiras transformações ocorrem de dentro para fora. Quanto mais nos reconhecermos como espíritos imortais, manifestações do Todo, Absoluto e Transcendental (e não importa se O chamamos de Deus, Allah, Jeová, Tupã, Brahman...) maior será nossa percepção de que existem outros planos mais sutis da existência, pois a vida é eterna.
Só então conquistaremos a paz e a harmonia social que tanto sonhamos.
Escrito por Victor Rebelo   

Paz e Luz!

sábado, 4 de maio de 2013

A jornada interior


A maioria das pessoas reage de forma automática diante de certas situações que surgem na vida. Isso é natural e saudável em determinadas circunstâncias. Por exemplo: se vemos, de repente, algo ameaçador diante de nós, nossa reação instintiva é nos preparamos para lutar ou fugir.
Até mesmo o nosso corpo responde biologicamente a esse tipo de estímulo; nosso batimento cardíaco, nosso processo respiratório... tudo se altera. Até aí tudo bem. O problema ocorre quando essa situação de estresse (tensão) persiste e toma um tamanho desproporcional e fora da realidade.
Essa falha de percepção e compreensão das circunstâncias da vida também nos leva a julgarmos os outros, condenando-os de acordo com os nossos valores morais, ainda que nossos valores não sejam lá grande coisa...
Além disso, aprendemos, desde a nossa infância, que vivemos em um mundo competitivo onde cada um deve agir por si se quiser vencer na vida. E assim vamos vivendo, dia após dia, semana após semana. No domingo mesmo já vamos dormir tristes, ansiosos, temendo a terrível segunda-feira. Isso porque o trabalho, para maioria, não significa autorrealização, mas uma forma de sobrevivência. Nos preparamos para um dia que será de competição e não de cooperação. Seja na empresa, na escola, muitos se sentem na obrigação de estar o tempo todo provando sua capacidade. E, assim, nos armamos contra o que consideramos ameaçador, julgando e condenando aqueles que nos ferem e nos sentindo cada vez piores, por mais que tentemos fugir dessa dor interior através das distrações comuns, que alienam... no consumismo daquilo que não precisamos, ingerindo aquilo que agride nosso corpo e por aí vai.

Chega! Pare de viver essa vida robotizada! Pare de viver nessa turbulência emocional, com respostas condicionadas diante das situações que surgem na sua vida. Comece agora mesmo a sentir esse “mundo” que existe dentro de você, essa alma que grita por amor, por afeto; essa inteligência que busca se desenvolver, criar... Onde estão seus sonhos? Você é uma pessoa que vive para se realizar ou apenas sobrevive num mundo caótico de seres humanos frustrados?
Você pode ser feliz! Vamos começar agora essa jornada de autoconhecimento e realização? 

Então, o primeiro passo é voltar-se para dentro de si. Comece percebendo sua respiração, relaxe os músculos, diminua as tensões... inspire e expire o ar profundamente e com calma, sem forçar. Depois, comece a se autoperceber. O que está sentindo, o que está temendo, o que passa pela sua cabeça quando está distraído... Não julgue nada, não racionalize nada, não critique... apenas perceba. A análise pode vir em outro momento. Deixe para refletir quando estiver sereno. Primeiro, apenas perceba o momento presente, a realidade do agora. 

Quando você ultrapassa as barreiras da mente, dos desejos superficiais, dos julgamentos, das carências... enfim, do ego, percebe uma voz que fala através do silêncio. É um vazio que preenche a tudo e só pode ser percebido quando você entra nesse estado de serenidade e paz interior. Neste momento, não vale a pena mais nada, a não ser o amor universal e impessoal.

Este é o primeiro passo. É a jornada que o filho pródigo faz de volta à casa do Pai. É a reintegração com o seu Eu Interior, na busca pela sua natureza de Buda ou do Cristo interno que você é, de verdade. 

Escrito por Victor Rebelo

Paz e luz!


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O carnaval Sob a Ótica Espírita

  “Atrás do trio elétrico só não vai que já morreu...”. – Caetano Veloso
 “Atrás do trio elétrico também vai quem já “morreu”...”.

Ao contrário do que reza o frevo de Caetano Veloso, não são somente os “vivos” que formam a multidão de foliões que se aglomera nas ruas das grandes cidades brasileiras ou de outras plagas onde se comemore o Carnaval.

O Espiritismo nos esclarece que estamos o tempo todo em companhia de uma inumerável legião de seres invisíveis, recebendo deles boas e más influências a depender da faixa de sintonia em que nos encontremos. Essa massa de espíritos cresce sobremaneira nos dias de realização de festas pagãs, como é o Carnaval.

Nessas ocasiões, como grande parte das pessoas se dá aos exageros de toda sorte, as influências nefastas se intensificam e muitos dos encarnados se deixam dominar por espíritos maléficos, ocasionando os tristes casos de violência criminosa, como os homicídios e suicídios, além dos desvarios sexuais que levam à paternidade e maternidade irresponsáveis. Se antes de compor sua famosa canção o filho de Dona Canô tivesse conhecido o livro “Nas Fronteiras da Loucura”, ditado ao médium Divaldo Pereira Franco pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, talvez fizesse uma letra diferente e, sensível como o poeta que é, cuidaria de exortar os foliões “pipoca” e aqueles que engrossam os blocos a cada ano contra os excessos de toda ordem. Mas como o tempo é o senhor de todo entendimento, hoje Caetano é um dos muitos artistas que pregam a paz no Carnaval, denunciando, do alto do trio elétrico, as manifestações de violência que consegue flagrar na multidão.

No livro citado, Manoel Philomeno, que quando encarnado desempenhou atividades médicas e espiritistas em Salvador, relata episódios protagonizados pelo venerando Espírito Bezerra de Menezes, na condução de equipes socorristas junto a encarnados em desequilíbrios.

Philomeno registra, dentre outros pontos de relevante interesse, o encontro com um certo sambista desencarnado, o qual não é difícil identificar como Noel Rosa, o poeta do bairro boêmio de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, muito a propósito, integrava uma dessas equipes socorristas encarregadas de prestar atendimento espiritual durante os dias de Carnaval.

Interessado em colher informações para a aprendizagem própria (e nossa também!), Philomeno inquiriu Noel sobre como este conciliava sua anterior condição de “sambista vinculado às ações do Carnaval com a atual, longe do bulício festivo, em trabalhos de socorro ao próximo”. Com tranquilidade, o autor de “Camisa listrada” respondeu que em suas canções traduzia as dores e aspirações do povo, relatando os dramas, angústias e tragédias amorosas do submundo carioca, mas compreendeu seu fracasso ao desencarnar, despertando “sob maior soma de amarguras, com fortes vinculações aos ambientes sórdidos, pelos quais transitara em largas aflições”.

No entanto, a obra musical de Noel Rosa cativara tantos corações que os bons sentimentos despertados nas pessoas atuaram em seu favor no plano espiritual; “Embora eu não fosse um herói, nem mesmo um homem que se desincumbira corretamente do dever, minha memória gerou simpatias e a mensagem das músicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui alcançado pela Misericórdia Divina, que me recambiou para outros sítios de tratamento e renovação, onde despertei para realidades novas”.

Como acontece com todo espírito calceta que por fim se rende aos imperativos das sábias leis, Noel conseguiu, pois, descobrir “que é sempre tempo de recomeçar e de agir” e assim ele iniciou a composição de novos sambas, “ao compasso do bem, com as melodias da esperança e os ritmos da paz, numa Vila de amor infinito...”.

Entre os anos 60 e 70, Noel Rosa integrava a plêiade de espíritos que ditaram ao médium, jornalista e escritor espírita Jorge Rizzini a série de composições que resultou em dois discos e apresentações em festivais de músicas mediúnicas em São Paulo.

O entendimento do Poeta da Vila quanto às ebulições momescas, é claro, também mudou:

- “O Carnaval para mim, é passado de dor e a caridade hoje, é-me festa de todo, dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sombrio”.

A carne nada vale:

O Carnaval, conforme os conceitos de Bezerra de Menezes é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo que ainda reina entre os encarnados, marcado pelas paixões do prazer violento. Como nosso imperativo maior é a Lei de Evolução, um dia tudo isso, todas essas manifestações ruidosas que marcam nosso estágio de inferioridade desaparecerão da Terra.

Em seu lugar, então, predominarão a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real, com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade. A folia em que pontifica o Rei Momo já foi um dia a comemoração dos povos guerreiros, festejando vitórias; foi reverência coletiva ao deus Dionísio, na Grécia clássica, quando a festa se chamava bacanalia; na velha Roma dos césares, fortemente marcada pelo aspecto pagão, chamou-se saturnalia e nessas ocasiões se imolava uma vítima humana.

Na Idade Média, entretanto, é que a festividade adquiriu o conceito que hoje apresenta o de uma vez por ano é lícito enlouquecer, em homenagem aos falsos deuses do vinho, das orgias, dos desvarios e dos excessos, em suma.

Bezerra cita os estudiosos do comportamento e da psique da atualidade, “sinceramente convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses dias em que a carne nada vale, cuja primeira silaba de cada palavra compõe o verbete carnaval”.

Assim, em três ou mais dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo, a matéria, como inicio e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento.

Esse comportamento afeta inclusive aqueles que se dizem religiosos, mas não têm, em verdade, a necessária compreensão da vida espiritual, deixando-se também enlouquecer uma vez por ano.

Processo de loucura e obsessão:

As pessoas que se animam para a festa carnavalesca e fazem preparativos organizando fantasias e demais apetrechos para o que consideram um simples e sadio aproveitamento das alegrias e dos prazeres da vida, não imaginam que, muitas vezes, estão sendo inspiradas por entidades vinculadas às sombras. Tais espíritos, como informa Manoel Philomeno, buscam vitimas em potencial “para alijá-las do equilíbrio, dando inicio a processos nefandos de obsessões demoradas”.

Isso acontece tanto com aqueles que se afinizam com os seres perturbadores, adotando comportamento vicioso, quanto com criaturas cujas atitudes as identificam como pessoas respeitáveis, embora sujeitas às tentações que os prazeres mundanos representam, por também acreditarem que seja lícito enlouquecer uma vez por ano.

Esse processo sutil de aliciamento esclarece o autor espiritual, dá-se durante o sono, quando os encarnados, desprendidos parcialmente do corpo físico, fazem incursões às regiões de baixo teor vibratório, próprias das entidades vinculadas às tramas de desespero e loucura. Os homens que assim procedem não o fazem simplesmente atendendo aos apelos magnéticos que atrai os espíritos desequilibrados e desses seres, mas porque a eles se ligam pelo pensamento, “em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo”. Ou seja, as tendências de cada um, e a correspondente impotência ou apatia em vencê-las, são o imã que atrai os espíritos desequilibrados e fomentadores do desequilíbrio, o qual, em suma, não existiria se os homens se mantivessem no firme propósito de educar as paixões instintivas que os animalizam.

Há dois mil anos. Tal situação não difere muito dos episódios de possessão demoníaca aos quais o Mestre Jesus era chamado a atender, promovendo as curas “milagrosas” de que se ocupam os evangelhos. Atualmente, temos, graças ao Espiritismo, a explicação das causas e consequências desses fatos, desde que Allan Kardec fora convocado à tarefa de codificar a Doutrina dos Espíritos. Conforme configurado na primeira obra da Codificação – O Livro dos Espíritos -, estamos, na Terra, quase que sob a direção das entidades invisíveis: “Os espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações?”, pergunta o Codificador, para ser informado de que “a esse respeito sua (dos espíritos) influência é maior do que credes porque, frequentemente, são eles que vos dirigem”. Pode parecer assustador, ainda mais que se tem os espíritos ainda inferiorizados à conta de demônios.

Mas, do mesmo modo como somos facilmente dominados pelos maus espíritos, quando, como já dito, sintonizamos na mesma frequência de pensamento, também obtemos, pelo mesmo processo, o concurso dos bons, aqueles que agem a nosso favor em nome de Jesus. Basta, para tanto, estarmos predispostos a suas orientações, atentos ao aviso de “orar e vigiar” que o Cristo nos deu há dois mil anos, através do cultivo de atitudes salutares, como a prece e a praticada caridade desinteressada. Esta última é a característica de espíritos como Bezerra de Menezes, que em sua última encarnação fora alcunhado de “o médico dos pobres” e hoje é reverenciado no meio espírita como “o apóstolo da caridade no Brasil”.


Fonte: Revista Visão Espírita.
PAZ E LUZ!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013