domingo, 31 de maio de 2009

A chegada da deficiência


Tornar-se deficiente é algo que muda radicalmente a conduta de vida, mas não impede que se prossiga na realização dos sonhos e na busca da felicidade


A vida é complexa, um misto de prazer e dor, mas ela também é limite, transforma-se a cada segundo. Quem escolheria, de boa vontade, ter uma deficiência física? Com certeza, nem eu ou você. Todos somos iguais neste desejo, um sentimento universal.
A chegada da deficiência física marca e liberta. É unânime o relato de que, após o acidente, as pessoas experimentam a grande fragilidade da vida, mas também a certeza da providência divina, não importando o tipo ou a forma da religião professada.
Há em muitos deficientes físicos uma predisposição espiritual de aceitar grandes desafios. Lidar com a vida sendo portador de deficiência é como passar por um portal, entrar em outra vida, como se realmente tivesse morrido e renascido. Muitas pessoas desejam ganhar um sorteio milionário, uma mudança total de suas vidas, mas nenhuma pensa em ser premiada com milhões de pequenas transformações no corpo, detalhes que, no conjunto, compõem a deficiência física.
Deus é o dono da loteria da vida, portanto, temos que confiar em sua coerência. Se ganhamos dor, sofrimento, morte ou deficiência, este, com certeza, é o nosso bilhete premiado, a única moeda que, de fato, tem algum valor no sentido de mudar nossa vida. A história da humanidade é de luta constante contra as dificuldades. Assim, nunca aceite passivamente algo contrário à sua felicidade, seja sempre o guerreiro do amor, da paz e da tranqüilidade.

Uma nova vida
Por que me tornei deficiente? Qual o sentido desta experiência em minha vida? Estas são duas perguntas-chave que não podemos ter medo de formular e responder. Além disso, não podemos nos entregar ao desânimo, temos que lutar para encontrar o sentido pessoal de vida, sem esquecer que a essência nunca muda, mas se transforma a cada segundo. A deficiência atinge somente o seu corpo, porém, sua alma é livre, plena e saudável. Temos que parar de procurar culpados em algum momento do caminho.
Certa vez, um paciente se referiu à sua vida antes da deficiência física de um jeito tão pesado e verdadeiro que, por muito tempo, fiquei chocado com a força que tinha seu humor negro. Era um jovem lutador de artes marciais. Aos 22 anos, fazia muito sucesso com as garotas de uma cidade do litoral, tinha um bom emprego e pais que lhe davam tudo. Um dia, comprou uma moto e, em sua primeira volta, caiu e quebrou o pescoço, ficando tetraplégico. De uma hora para outra, ele não conseguia mais sentir e mexer os braços e as pernas.
Recebeu um nome em uma planilha: "tetraplégico". Para ele, ainda não era nada disso, apenas estava doente, logo iria se tratar e ficar curado. O tempo passou e nada mudou. Nosso companheiro, então, vendo a mudança em sua vida, passou a contar seus casos sempre iniciando com a mesma frase: "Quando eu era vivo...". A sensação de morte, de disjunção entre o presente e o passado, é expressa de modo agressivo e direto. É um lutador, um kickboxer dando murros e socos em si próprio.

Falta de referências
A deficiência física surge em nossas vidas sem pedir licença, sem aviso, pega-nos desprevenidos, surpresos. Podemos ficar paralisados por muito tempo tentando assimilar o choque, sem compreendermos os motivos de tantas mudanças. Aí nos perguntamos: Por quê? Existem tantas pessoas ruins neste mundo, por que eu fui escolhido para este castigo?
É difícil o caminho do amadurecimento, é íngreme o caminho de retorno à vida. A pessoa fica deficiente e sem referências, não se sente identificada com os demais que estão na mesma situação. "Eles parecem uma raça de aleijados sorridentes e idiotas", dizia uma paraplégica de 20 anos, tentando justificar a razão de não freqüentar as associações de luta. Mas é duro constatar que também não é mais possível se identificar com as demais pessoas "normais". É como se você acordasse um dia e constatasse que tinha mudado a cor da pele. De uma hora para outra, você passa a se sentir deslocado, uma espécie de extraterrestre, um homem elefante, um monstrinho repugnante. Como pode alguém se sentir preparado para o amor após a deficiência sem um referencial interno que lhe diga quem é, quem são seus iguais?
Então, o que resta é a dor, o sofrimento por tudo que perdeu, a frustração de se sentir impotente para mudar as coisas, a culpa meio sem sentido, a amargura que teima em deixar aquele sentimento de autocompaixão em nosso íntimo. Enquanto não mudarmos essa rotina idiota de girar em torno de nossa lápide, tentando reviver nossos sonhos perdidos, não conseguiremos nos abrir para nada, muito menos para viver algum tipo de amor com alguém.
Entretanto, apesar da dor eterna, somos sobreviventes, acordamos do susto algum dia. O sol passa a ter novamente o dom de aquecer nossa alma e a lua, deixando de ser de fel, passa a nos atrair de novo para o sonho, começamos a acreditar que é possível sermos felizes mesmo que não possamos desvendar o dilema pelo resto de nossas vidas. Mantemos as cicatrizes, as seqüelas e as limitações, mas a alma se sente mais leve, mais feliz, um corpo velho-novo, um olhar antigo-renovado, uma alma que transcendeu, uma identidade completa, um rio que agora consegue seguir seu curso.
A sensação de assimilação da deficiência física em nossa vida é acompanhada pela descoberta de uma força desconhecida em nós mesmos e isto irradia pelos poros, é facilmente percebido no olhar, todo o corpo fica pleno de vitalidade. Aquele estranho fascínio que todo deficiente físico bem resolvido tem, o charme, o viço e o carisma, tudo isso vêm de uma alma em sintonia com o corpo.
A pessoa que se torna deficiente enfrenta também o problema de não poder parar para diluir suas perdas. Parar é o mesmo que paralisar, significa, em linguagem técnica, optar pela morte em vida. Começam a surgir úlceras que furam sua pele, seus pés e joelhos podem aumentar de volume e endurecer, seu intestino pode travar, pedras rasgam sua uretra e sua respiração se torna um inferno, existindo risco de pneumonia. Seus músculos flácidos e as contrações ficam insuportáveis, mas você não morre. Fica apenas em chagas, doente, deprimido, agonizante, porém, cheio de vida.
Então, sem saída, vai aprendendo a caminhar devagar, sem desistir, chorar demasiadamente, parar de se mover, pois sofre a grande "pena de vida" e luta todo santo segundo contra a paralisia. E os representantes da cura (médicos e paramédicos) devem lembrar que cada pessoa luta pela vida que conhecia, não pela que tem hoje. Esta será, por muito tempo, sua motivação, pois ela buscará se recuperar durante meses ou anos, até o limite imposto pelas novas condições do corpo.

Agir e ter esperança
Portanto, a primeira coisa que o deficiente físico deve fazer é parar de pensar tanto e agir, parar de se lamentar e caminhar com o pensamento, os olhos, as mãos, as rodas, com aquilo que tiver disponível. As perdas são muitas, mas sempre sobrevive o essencial, que é lembrar que se consegue pensar, sentir e desejar, que existe uma saída. Mesmo sentindo dores e um desconforto constante, a esperança nunca deve morrer. Ainda que os médicos falem para desistir, que as pessoas parem de repetir para você ter fé, não desista de seus sonhos, não tente mudar sua natureza, continue nadando contra a maré, encontre sua praia e descanse. Pense sempre que o mais importante é caminhar, mover-se, não apenas andar.
Tente controlar o medo de viver como um deficiente físico. O máximo que pode acontecer é as pessoas lhe chamarem de guerreiro, lutador. Aproxime-se intimamente daqueles que o excitam, sem medo de ouvir que você está confundindo as coisas. Pense e use tudo que aprendeu durante sua antiga vida e saiba que você jamais deixará de ser o mesmo. O corpo se transforma, a alma vivifica. Mas não adie demasiadamente a chuva de lágrimas, não tenha medo. Você irá chorar para sempre e todos precisamos de um pouco de alívio para continuar.


Revista Cristã de Espiritismo, edição 17



PAZ E LUZ!

domingo, 24 de maio de 2009

LIBERDADE PARA PENSAR


Todos nós temos direito à liberdade de agir, pensar, refletir, tomar decisões que consideramos oportunas e necessárias para o bom encaminhamento de nossas vidas.
Ser livre é prerrogativa concedida pela própria vida, afinal, nascemos para viver em paz, evoluir e encontrar uma razão para ser feliz. Claro que não podemos nos esquecer de abraçarmos objetivos que enobrecem a razão de nossa existência, fazendo o que melhor pudermos.
Com a liberdade vem a tolerância que devemos ter com o nosso próximo, principalmente, no livre direito de pensar, de entender a vida, de tecer comentários, afinal, se assim não fosse não haveria evolução de todos nós.
Evoluímos de acordo com a maneira que entendemos os fatos, de acordo com as nossas observações e estudos, caminhando em direção a Luz.
Sabem bem os filósofos o quão é importante pensar, dialogar, encontrar soluções, buscar as verdades através da dialética, do empirismo e da Ciência.
Não há duas pessoas idênticas na face da Terra, por conseguinte, não há duas pessoas que pensem exatamente iguais em relação a determinado assunto complexo e de difícil entendimento. Cabe-nos encontrar a verdade através da imparcial reflexão, do ato de inquirir, de analisar metodicamente aquilo que nos propormos a estudar.
No Espiritísmo, acredito que seja assim, afinal, temos o direito ao livre exercício do pensamento e isso é evolução, manifestação inteligente, um facho de luz que ilumina as mentes pensantes.
Vivemos em uma sociedade de valores pensados por terceiros, de cultura sedimentada no passar dos tempos e praticamente aceitamos tudo como verdade. Mas, não deveria ser assim. É preciso repensar valores, costumes e idéias – principalmente, idéias, reavaliar o que já foi pensado, apresentado como algo pronto e acabado, ler nas entrelinhas o que esta referenciado em mensagens e estudos.
Por isso, entendo que o ser humano deve exercer o ato de pensar, de tecer comentários, de argüir sempre que necessário em busca da verdade. A verdade é conquista de todos que insistem em encontrá-la.
O brasileiro não tem muito o hábito da indagação, afinal, anos de rigor em regime ditatorial feneceu a iniciativa da indagação.
Não é possível, não é plausível aceitar tudo que lemos ou aprendemos nas escolas sem argumentação, sem indagação. A informação está ao redor de todos nós. Importante é sabermos encontrá-la, entendê-la para compreendermos o mundo e as verdades como devem ser rigorosamente compreendidos.
Imaginem um professor ministrando aula, discernindo sobre determinada matéria e objeto de estudo e, posteriormente, faz a conhecida e velha pergunta: “-Alguma dúvida?”. Como resposta, o silêncio absoluto em sala de aula. Deduzirá, naturalmente, que todos entenderam o que fora ensinado ou, na verdade, não se interessam pela matéria e, consequentemente, nada assimilaram.
O bom aluno é arguto, sabe questionar, percebe nas entrelinhas o que pode ser debatido, contestado, afinal, a inteligência lhe permite esse direito, deixando-o à frente daqueles mais acomodados que aceitam tudo que lhes é ensinado como verdade inquestionável e irrefutável.
Não há Ciência sem indagação. Temos que indagar sempre, exaustivamente, até encontrar a solução.
Nas escolas, por exemplo, ensina-se matemática e suas complexas equações. Mas, não se ensina como o matemático encontrou o caminho a chegar àquela equação, o árduo trabalho de pesquisas, o esforço intelectual, a trajetória seguida para encontrar a razão de seus estudos.
Penso, sinceramente, que a argüição é indispensável para compreendermos tudo aquilo que nos propormos estudar cautelosamente, proficuamente, em busca de nossas respostas. Assim, deve ser o Espiritísmo, pelo menos assim entendo! Aceitamos tudo pronto, meditado, refletido, sem indagar como se chegou àquelas conclusões. É preciso mais reflexão, afinal, quem estudou filosofia sabe bem que nada passa incólume, sem o crivo da isente e necessária indagação.
Isso não é ofensa ou descrédito ao que é ensinado, ao contrário, dá mais embasamento e depura muito mais a verdade que é ensinada. O único empecilho talvez seja a vaidade excessiva ou a soberba daqueles que não permitem a indagação.
Há pessoas que não suportam a indagação, o diálogo, entendendo apenas o monólogo, de preferência, o deles próprios.
Não estou afirmando que esta falha exista dentro das salas espíritas. Mas, pode existir nas imperfeições humanas, afinal, somos todos imperfeitos por natureza.
Precisamos avançar em nossos estudos, indagar sempre para não pairar dúvidas em nossos aprendizados. A teoria da relatividade estudada pelo grande mestre, professor e físico Albert Einstein não surgiu da noite para o dia. Foram anos a fio de estudo, de reparos em suas equações, de reinterpretações de suas repostas, afinal, para o cientista não pode haver dúvidas.
O objetivo é o conhecimento, o que demanda anos a fio de persistentes estudos.
No Espiritísmo, o estudo precisa ser permanente. Aduzo a estas palavras que é preciso dar-se chance a quem deseja ser útil, por mais insignificante que seja as suas palavras. Precisamos escutar a quem se propõe a falar com equilíbrio e sensatez.
O ser humano é inteligente, indagador por natureza, afinal, a inteligência é um atributo divino e, consequentemente, energia que precisa ser bem aproveitada.
Hoje, a Física Quântica é um instrumento importantíssimo para entendermos a complexidade do espírito e a quarta dimensão. Quantas perguntas e respostas estarão embutidas nestes estudos para dimensionar-se o real, separando-o do imaginário?
Em síntese, somos livres para pensar e quem pensa precisa ser respeitado. Daí vem a tolerância para com o próximo, afinal, a ninguém ainda foi dado o privilégio, o apanágio de ser o único detentor de verdades e conhecimento. A divergência saudável e educada leva ao progresso e faz bem aos nossos estudos. Vai ao encontro da Luz.


Gilberto Pinheiro – RCE 65



PAZ E LUZ!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Premonição


Existem importantes observações na literatura espírita sobre os sonhos premonitórios. É fundamental conhecê-las para que se possa construir uma base sólida e clara sobre o assunto.
Tanto nas obras da codificação como em outras complementares, ressalta-se o discernimento que devemos ter em suas diferentes manifestações. Vejamos algumas dessas citações com o objetivo de compreender melhor os seus significados, sem nos prender em más interpretações.

Codificação Espírita

A pergunta 404 de O Livro dos Espíritos diz: Que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos?
“Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal. São também, como atrás dissemos, um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta”.
Prossegue ainda na pergunta 405: Acontece com freqüência verem-se em sonho coisas que parecem pressentimento, que, afinal, não se confirma. A que se deve atribuir isto? “Pode suceder que tais pressentimentos venham a confirmar-se apenas para o Espírito. Quer dizer que este viu aquilo que desejava, foi ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma está mais ou menos sob influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas idéias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. A isto é que, em verdade, cabe chamar-se efeito da imaginação. Sempre que uma idéia nos preocupa fortemente, tudo o que vemos se nos mostra ligado a essa idéia”.

A Gênese, também se refere ao tema. Relata que José, pai de Jesus, foi advertido por um anjo em sonhos para que fugisse para o Egito com o menino. O capítulo XV da obra faz uma reflexão sobre as advertências que podem ser feitas por intermédio dos sonhos e que fazem parte dos livros sagrados de todas as religiões. Salienta ainda que o fenômeno nada tem de anormal, já que durante o sono o espírito se desliga dos laços da matéria para entrar momentaneamente na vida espiritual, porém adverte que nem sempre se pode deduzir que os sonhos são avisos ou tenham significado específico.

Outras Obras

Além das obras de Allan Kardec, há citações sobre o tema em outros livros de cunho espírita. O livro Recordações da Mediunidade – da médium Yvonne A. Pereira, orientado pelo espírito de Bezerra de Menezes, diz: “Existem vários processos pelos quais o homem poderá ser informado de um ou outro acontecimento futuro importante da sua vida. Comumente, se ele fez jus a essa advertência, ou lembrete, pois isso implica certo mérito, ou ainda certo desenvolvimento psíquico, de quem o recebe, é um amigo do Além, um parente, o seu Espírito familiar ou o próprio Guardião Maior que lhe comunicam o fato a realizar-se, preparando-o para o evento, que geralmente é grave, doloroso, fazendo-se sempre em linguagem encenada, ou figurada, como de uso no Invisível, e daí o que chamais “avisos pelo sonho”, ou seja, sonhos premonitórios...
O estudo da lei de causa e efeito é matemática, infalível, concreta, para a observação das entidades espirituais de ordem elevada, e, assim sendo, ele se comunicará com o seu pupilo terreno através da intuição, do pressentimento, da premonição, do sonho etc. O estudo da matemática de causa e efeito é mesmo indispensável, como que obrigatório, às entidades prepostas à carreira transcendente de guardiães, ou guias espirituais. Estudo profundo, científico, que se ampliará até prever o futuro remoto da própria Humanidade e dos acontecimentos a se realizarem no globo terráqueo, como hecatombes físicas ou morais, guerras, fatos célebres etc., daí então advindo a possibilidade das profecias quando o sensitivo, altamente dotado de poderes supranormais, comportar o peso da transmissão fiel aos seus contemporâneos.”.

Encarar com naturalidade

O livro Conduta Espírita, ditado por André Luiz ressalta algumas observações a respeito da postura que se deve assumir diante dos sonhos e suas revelações: “Encarar com naturalidade os sonhos que possam surgir durante o descanso físico, sem preocupar-se aflitivamente com quaisquer fatos ou idéias que se reportem a eles. Há mais sonhos na vigília que no sono natural.
Extrair sempre os objetivos edificantes desse ou daquele painel entrevisto em sonho. Em tudo há sempre uma lição. Repudiar as interpretações supersticiosas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos, gastando preciosos recursos e oportunidades da existência em preocupação viciosa e fútil. Objetivos elevados, tempo aproveitado. Acautelar-se quanto às comunicações intre vivos, no sonho vulgar, pois, conquanto o fenômeno seja real, a sua autenticidade é bastante rara. O Espírito encarnado é tanto mais livre no corpo denso, quanto mais escravo se mostre aos deveres que a vida lhe preceitua.
Não se prender demasiadamente aos sonhos de que recorde ou às narrativas oníricas de que se faça ouvinte, para não descer ao terreno baldio da extravagância. A lógica e o bom senso devem presidir a todo raciocínio.
Preparar um sono tranqüilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de entregar-se ao repouso normal. A inércia do corpo não é calma para o Espírito aprisionado à tensão. Admitir os diversos tipos de sonhos, sabendo, porém, que a grande maioria deles se originam de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico. O Espírito encarnado e o corpo que o serve respiram em regime de reciprocidade no reino das vibrações”.
O importante colaborador da doutrina espírita, Leon Denis, na obra No Invisível faz relevantes comentários sobre os sonhos premonitórios no capítulo XIII que reproduzimos alguns trechos para melhor entendimento: “Os sonhos em suas variadas formas, têm uma causa única: a emancipação da alma. Esta se desprende do corpo carnal durante o sono e se transporta a um plano mais ou menos elevado do Universo, onde percebe, com o auxílio de seus sentidos próprios, os seres e as coisas desse plano.
Algumas vezes, quando suficientemente purificada, a alma, conduzida por Espíritos angélicos, chega em seus transportes alcançar as esferas divinas, o mundo em que se geram as causas. Aí paira, sobranceira ao tempo, e vê desdobrarem-se o passado e o futuro. Se acaso comunica ao invólucro humano um reflexo das sensações colhidas, poderão estas constituir o que se denomina sonhos proféticos.
Nos casos importantes, quando o cérebro vibra com demasiada lentidão para que possa registrar as impressões intensas ou sutis percebidas pelo Espírito, e este quer conservar, ao despertar, a lembrança das instruções que recebeu, cria então, pela ação da vontade, quadros, cenas figurativas das imagens fluídicas, adaptadas à capacidade vibratória do cérebro material, sobre o qual, por um efeito sugestivo, as projeta energicamente. E, conforme a necessidade, se é inábil para isso, recorrerá ao auxílio dos Espíritos mais adiantados, e assim revestirá o sonho uma forma alegórica”.

Érika Silveira


PAZ E LUZ!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os cuidados com a mediunidade


É verdade que os médiuns precisam ter uma série de cuidados com a saúde, mas também é preciso que nós tenhamos consciência de que eles não são pessoas dotadas de poderes e forças sobre-humanas, mas apenas seres humanos, como nós, com seus acertos e erros.Todo médium é um ser encarnado e, como tal, tem um corpo físico e uma vida matéria para cuidar, além da espiritual.
O corpo físico é apenas uma máquina, é um empréstimo, é temporário. É uma extensão do espírito e deve durar o tempo suficiente para o cumprimento da tarefa a que ele se dispõe aqui na Terra, inclusive a mediúnica. Dessa forma, exige certos cuidados práticos que não podem ser negligenciados, a fim de que não se comprometa o seu plano de encarnação, nem a sua tarefa como médium. Sendo assim, a vida material é intrínseca à encarnação e implica certos cuidados “mundanos” que não podem ser deixados de lado, para que não venha a causar preocupações e desgastes necessários, comprometendo tanto seu plano encarnatório, como sua tarefa mediúnica.
Para cumprir essa tarefa, ele precisa estar bem como plano encarnado; do contrário, não poderá atender satisfatoriamente às exigências e condições de trabalhos com os espíritos. É preciso que o médium se lembre de que sua vida física é parte importante e integrante de sua vida espiritual, e não pode ser separada, isolada, anulada, negligenciada ou ignorada, para que seu próprio espírito não se prejudique com isso.
Bastante discutidos, os alimentos interferem diretamente na qualidade das energias que trazemos em nosso duplo e em nossa aura, conseqüentemente afetando também nosso psicossoma. Sendo a mediunidade uma hipersensibilidade transferida para o corpo físico no momento do reencarne, é natural que o organismo do médium seja ainda mais sensível às energias dos alimentos do que a média das pessoas.
Considerando ainda que o perispírito, o duplo e a aura são os principais elementos de contato do espírito comunicamente com médium – como se fossem “órgãos do sentido mediúnico” -, é natural que qualquer coisa que interfira na sua vibração, tornando-a mais lenta e mais densa e deixe suas energias mais “pegajosas” ou “oleosas”, também influencie diretamente seu grau de sensibilidade, dificultando a percepção e a sintonia do médium com as entidades desencarnadas, especialmente as mais elevadas, cujo padrão vibratório é mais intenso e sutil. Por esse motivo o médium deve ter atenção especial a sua alimentação.
Ele deve evitar tudo aquilo que, com o tempo, ele perceba que não lhe faz bem ou prejudica seu trabalho de intercâmbio, amortecendo sua sensibilidade mediúnica energética, especialmente no dia de trabalho e reunião. Por se tratar de algo individualizado, não há regras e receitas prontas: cada um deve estabelecer o que melhor lhe convier em termos de alimentos; observar suas próprias reações físicas, psíquicas e espirituais a cada um deles, lembrando-se sempre que essas reações podem mudar, e muito, com o tempo, à medida que sua sensibilidade for aumentando ou mudando.
De qualquer forma, existem alguns alimentos que a experiência de vários médiuns e trabalhadores espiritualistas já indicou como prejudiciais à sensibilidade mediúnica, por terem características energéticas mais densas ou excitantes. Esses alimentos são as carnes vermelhas; os grãos mais gordurosos, (amendoim, amêndoas, nozes etc.; café; chocolate e alguns chás (por serem estimulantes ou excitantes); e os doces (em excesso), que devem ser evitados pelo menos nas 24 horas que antecedem o trabalho mediúnico ou energético.
Sem falar, é claro, do álcool e do tabaco, em geral. Além disso, o médium deve ter sempre a preocupação de manter uma alimentação a mais equilibrada possível, variando bastante os alimentos, para garantir também uma variedade suficiente de nutrientes físicos e energéticos que possam atender a todas as suas necessidades e garantir também sua saúde física e energética. Porém, todo esse cuidado não deve impedir que o médium leve uma vida normal, usufruindo equilibradamente de tudo que a vida material oferece.
Os prazeres materiais, quando experimentados com equilíbrio, podem até ajudar o médium a se manter mais centrado, não permitindo que entre em contato com o mundo físico que, no momento, é mundo que lhe toca mais de perto. Entre esses prazeres, está, inclusive, o consumo, moderado e equilibrado de tudo aquilo que citamos acima, já que um médium nunca será o melhor porque aboliu completamente o álcool ou a carne vermelha de sua alimentação, mas devido ao seu sentimento por essas coisas e por tudo que a vida lhe proporciona e oferece. Todo trabalho mediúnico e energético depende do corpo físico e suas energias e também do estado se saúde de médium, o qual depende e ao mesmo tempo interfere no seu estado mental e emocional.
Toda doença física e a materialização de um desequilíbrio psíquico e/ou energético prévio. E quando esse desequilíbrio se materializa no corpo físico é porque já estava latente nos outros corpos energéticos a mais tempo. O transe mediúnico, seja de que tipo for, os tratamentos de cura, as práticas energéticas em geral, também exigem um esforço físico por parte do médium, o qual consome uma porção de suas energias para realizá-los. Se ele já estiver energeticamente debilitado por uma doença física, já a captação e a rearmonização das energias, depois de um trabalho, também exige boas condições mentais e emocionais.
E, sem fazer essa captação de forma eficiente, poderá sair do trabalho em estado pior do que quando entrou. Por isso é que se recomenda que o médium não trabalhe quando estiver doente, preservando-o de um desgaste ainda maior. Além disso, como a condição física interage intimamente com as condições mentais, emocionais e espirituais, se o médium deixa de trabalhar quando está doente evitamos que alguma energia desequilibrada passe para as pessoas ou entidades a serem atendidas, o que poderia causar mais perturbação do que benefício.
Por outro lado, impedimos que o médium, em vez de doar, “roube”, inconstantemente, energias dos assistidos, encarnados ou desencarnados. Num caso desses, o médium deve ser capaz de reconhecer que não tem condições de trabalhar, e o dirigente responsável pelo trabalho deve ter o bom senso de não exigir o sacrifício. Isso não significa que qualquer dor de cabeça ou unha encravada possa ser usada como desculpa para não trabalhar.
Estamos falando de problemas de saúde que realmente estejam debilitando e limitando o médium em sua capacidade de concentração, atenção, doação e em seu vigor físico, e não de qualquer indisposição leve a que todos estamos sujeitos no dia-a-dia agitado que levamos. A higiene é parte importante na manutenção da saúde de qualquer ser encarnado e deve ser preocupação do médium também. A higiene física, caracterizada pelos bons hábitos básicos que aprendemos desde de crianças, não deve ser esquecida pois, além de proporcionar maior bem-estar ao médium, é também uma atitude de respeito para com os colegas de trabalho e os assistidos, que não precisam ficar sujeitos aos efeitos naturais que a falta de higiene costuma produzir. Na higiene física não estão apenas os bons hábitos básicos diários, mas também a prevenção médica dentária regular, bem com a própria imagem, bem como suas condições físicas.
A auto-estima sadia é fator de muita importância no equilíbrio do médium, já que a falta de auto-estima costuma ser uma das principais causas da depressão, revolta, agressividade etc. A higiene mental também importante. O hábito de só cuidar do que trate de mediunidade e espíritos é, na verdade, um desequilíbrio, um vício que deve ser evitado por qualquer pessoa que lide com a espiritualidade.
Como também já dissemos, como encarnado, o médium deve também procurar, com equilíbrio e bom senso, os prazeres materiais, o bom humor, as distrações, o lazer, os passeios, os divertimentos – as coisas boas deste mundo -, como forma de se manter equilibrado, saudável, satisfeito e bem disposto. E vale lembrar o que diz Wagner Borges no livro Falando da Espiritualidade, quando afirma que “ir é um santo remédio, pois dissolve as tristezas, renova as esperanças e descongestiona as energias”.
Portanto, contar piadas, rir de si mesmo, brincar e curtir a vida também são formas saudáveis de louvarmos a criação e o Criador, sem que, com isso, estejamos sendo irresponsáveis ou inconseqüentes. Assim como os alimentos, os medicamentos também têm energias próprias que interagem diretamente com as energias físicas e extrafísicas de quem os consome. Há medicamentos que, por sua ação mais intensa sobre o sistema nervoso, interferem diretamente sobre as energias do duplo e da aura, e também na sensibilidade mediúnica. Anestésicos, calmantes, excitantes, ansiolíticos, antidepressivos etc. são substâncias que têm ação direta sobre o sistema nervoso e interferem não só nas energias físicas e espirituais como também na consciência e na lucidez, afetando muito a capacidade de concentração e atenção do médium. No entanto, o médium que esteja fazendo tratamento com alguma dessas substâncias não precisa ser afastado do trabalho, até para o afastamento não venha a complicar ainda mais as condições que os levaram a precisar desse tipo de medicamento.
O mais indicado é que o médium seja “remanejado”, ou seja, que ele não atue mediunicamente ou nos passes, pelo menos por um tempo, mas compareça às reuniões e desempenhem outras funções durante o período em que estiver utilizando essas substâncias de forma mais intensa. É importante ter em mente que o médium é um ser encarnado como qualquer um de nós, e não um super-homem.
Por isso, está sujeito aos mesmos problemas e perturbações que outras pessoas, e o fato de adoecer ou precisar de ajuda profissional ou medicamentos não é demérito para ele, nem como pessoa, nem como médium. É preciso tratar os médiuns como seres humanos, imperfeitos também, sujeitos a altos e baixos, mas tentando acertar, crescer e melhorar, como todo mundo. É importante não pensar que médiuns não erram, não se enganam, não falham, não fracassam, não fraquejam. Não se deve exigir deles mais do que exigimos de nós mesmos, pois eles não são criaturas especiais, dotados de poderes e forças sobre-humanas.
São apenas seres humanos. Sexo é energia, é vida, é saúde. Faz parte do nosso estágio evolutivo e deve ser encarnado com naturalidade. Com tudo na vida, deve ser pensado, usado, praticado e apreciado com equilíbrio e bom senso. O sexo sadio, feito com amor e prazer, com alguém de quem se gosta, por quem se tem respeito e afinidade e com quem se tem uma relação estável e sadia, é extremamente benéfico e ajuda no equilíbrio psíquico e energético do médium. Se feito em demasia, poderá desgastar a pessoa física, mental e energeticamente, pelo esforço de todo o complexo energético envolvido na busca do orgasmo.
Se praticado menos do que o necessário, seja por que razão for, também poderá sobrecarregar a pessoa, pelo acúmulo de energias muito vivas e ativas no corpo físico e no complexo espiritual, podendo gerar bloqueios e desequilíbrios que também vão atingir a pessoa como um todo. No ato sexual, as duas pessoas envolvidas entram em profunda ligação energética e comunhão espiritual, e trocam não só fluidos corporais, mas também fluidos espirituais, indispensáveis ao bem-estar psicológico, emocional e físico de qualquer ser humano. A abstenção de sexo na véspera do trabalho mediúnico se sentir realmente bem com isso, sem se sentir contrariado por um eventual “sacrifício”.
De nada adianta o médium se abster do sexo na véspera ou mesmo no dia do trabalho e chegar para a reunião completamente desequilibrada por um acúmulo de energias sexuais que vão tirar a sua concentração e interferir na sua sensibilidade mediúnica e energética.
Melhor seria ele praticar o sexo com equilíbrio e ir para a reunião satisfeito, feliz e equilibrado. Assim, que o próprio médium aprenda a encarar sua sexualidade com naturalidade e equilíbrio, dosando sua necessidade de sexo e procurando praticá-lo de forma equilibrada, saudável e elevada, eliminando preconceitos e tabus que em nada contribuem.
Devemos lembrar que sexo também é criação de Deus e, portanto, também é sagrado, elevado, necessário, positivo, desde que, como em tudo, possa ser visto com bom senso e discernimento. Infelizmente, a mediunidade não vem equipada com botão “liga-desliga”, e “ser” médium é muito diferente de apenas “estar” médium. Isso quer dizer que a mediunidade não é apenas uma capacidade que podemos escolher quando ativar e desativar. É exatamente como qualquer sentido físico: não podemos escolher quando enxergar ou ouvir. Do mesmo modo, não podemos escolher quando ser médiuns ou não ser médiuns.
Somos médiuns 24 horas por dia, sete dias por semana, durante toda nossa vida. É importante lembrar que o trabalho mediúnico não se restringe à atuação do médium no grupo que freqüenta, nem se limita ao dia em que esse grupo se reúne para trabalhar. Ele vai além: ocupa toda a vida de um médium e está presente em todas as atividades que desempenha. O bate-papo com o colega de trabalho não pode ser um simples bate-papo. Uma visita alguém internado não pode ser um simples gesto de atenção. O comparecimento ao velório ou aos funerais de alguém não pode ser simples obrigação social.
Em todas essas situações e em muitas outras, o médium deve estar sempre preparado para funcionar como intermediário entre o plano astral e o plano físico, seja transmitindo mensagens de incentivo, consolo ou orientação às pessoas que estão à sua volta, seja servindo de canal para a transmissão de energias necessárias ao reequilíbrio físico ou emocional de alguém.
Não estamos dizendo que o médium deva permanecer constantemente em transe, mas que esteja sempre consciente de que é uma ponte entre o mundo espiritual e o físico, e deve estar sempre a serviço das pessoas, podendo ser acionado automaticamente a qualquer momento, em qualquer situação, em qualquer lugar.
Por isso, é importante que o médium tenha sempre boa sintonia, mantenha pensamentos e sentimentos saudáveis, esteja sempre alegre e equilibrado, seja sereno e confiante, para que possa ser um canal de coisas elevadas e saudáveis para todos com quem encontra. Se a mediunidade é capacidade ativa 24 horas por dia, sete dias por semana, durante toda a vida, ela está presente também durante as horas de sono. Sim, mesmo dormindo, podemos funcionar como intermediários entre planos ou dimensões diferentes. Quando nosso corpo físico adormece, nosso espírito se projeta para fora dele e, por algum tempo, passa a viver no plano espiritual. Para se manifestar nesse plano, ele se utiliza de psicossoma, um corpo muito mais sutil que o físico, mas também um corpo material. Esse corpo pode ser usado por entidades superiores para se manifestar nos planos mais densos da espiritualidade. O plano espiritual dispõe de vários “níveis”, caracterizados por diferentes graus de densidade de energias e freqüências vibratórias. Quanto mais elevado o nível, mais sutis as suas energias e mais altas suas freqüências vibratórias. As entidades que vivem nesses níveis mais elevados não podem se comunicar facilmente com os níveis mais densos do plano espiritual, pois para isso seria necessário que adensassem muito seu psicossoma, reduzindo muito sua freqüência de vibração. Em vez disso, atuam mediunicamente em espíritos, encarnados ou desencarnados, que ainda vivem nesses planos e, portanto, possuem um psicossoma também mais denso, e transmitem mensagens, levam socorro, dão lições etc., através do que poderíamos chamar de “mediunidade astral” ou “paramediunidade”.


Fonte: Revista Espiritismo e Ciência – Nº 39


PAZ E LUZ!

domingo, 10 de maio de 2009

Os chakras e a glândula pineal


O pesquisador espírita Edvaldo Kulcheski fala sobre os centros de força de energia e sua relação com a glândula pineal.
Edvaldo Kulcheski é colaborador da Revista Cristã de Espiritismo desde as primeiras edições. Da cidade de Curitiba, Edvaldo conquistou o respeito de leitores e estudiosos do Brasil inteiro, sendo referência no campo das pesquisas espíritas na Faculdades Integradas Bezerra de Menezes
A Editora Vivência, responsável pela Revista Cristã de Espiritismo, publicou, em 2000, um livro de sua autoria, esgotado, entitulado Materializações de Espíritos. Por termos um perfil editorial universalista, respeitando e divulgando os ensinamentos espirituais de outras doutrinas espiritualistas além do espiritismo, como as doutrinas orientais, por exemplo, sempre oferecemos aos nossos leitores temas pouco estudados no meio espírita e umbandista, como a questão dos chakras (ou centros de força).
Desta vez é Edvaldo Kulcheski quem fala, em um entrevista realizada pelo Centro Virtual de Divugação do Espiritismo (www.cvdeee.org.br), sobre o que são e como funcionam os chakras e sua relação com a glândula pineal, conhecida como epífise.

Existe alguma relação entre os centros de força e os chakras (ou chacras)?
Centros de força e chakras são a mesma coisa, é uma questão de nomeclatura. O termo chakras (escreve-se com k, mas no Brasil usa-se mais com c) é de origem sânscrita e o termo centros de força é uma definição que passamos a encontrar principalmente nas obras do espírito André Luiz.

A estrutura da epífise se modifica de acordo com o uso maior da mediunidade?
Entendemos que sim. Pois pra começar, todos os médiuns ostensivos já possuem seus organismos melhor “desenhados” para o desempenho desta interação com o plano espiritual. A revelação espiritual informa, que quanto mais ostensiva for a mediunidade, a glândula pineal é mais desenvolvida. Em Missionários da Luz, André Luiz observa que no médium, em serviço mediúnico, essa glândula transforma-se em “núcleo radiante”, e, em derredor, seus raios formam um “lótus de pétalas sublimes”.

O que vem a ser estes centros de força e como eles agem na matéria e espírito.
Os chakras, ou, centros de força, localizam-se no perispírito e no duplo etérico. São acumuladores e distribuidores de “força espiritual”. São as entradas e saídas de energias e também são pontos de conexão ou enlace pelos quais fluem as energias de um corpo a outro. A interligação entre os centros de força do perispírito, do duplo etérico e os plexos nervosos do corpo físico acontece através de laços fluídicos. As energias entram pelos centros de força do perispírito e do duplo etérico. No duplo etérico, essas energias, sofrem um abaixamento ou adensamento vibratório e seguem para os plexos nervosos do corpo físico. O sistema nervoso se entrosa e se entrelaça com a atuação do comando endócrino, na distribuição de toda a energia que desce do perispírito para o corpo físico. As glândulas endócrinas, com seus hormônios saturados de energias espirituais, inundam todo o organismo através da corrente sangüinea. Assim, toda a energia que entrou via perispírito é distribuida em todo o organismo físico. No livro Entre a Terra e o Céu, o autor André Luiz sublinha a importância desses centros de força, que são como usinas de recepção e armazenamento de energia espiritual, ligados ao corpo físico por terminações nervosas denominadas plexos.

E a relação da epífise com a espiritualidade?
A revelação espiritual informa ser a epífise a glândula da vida mental e elo com a espiritualidade. Portanto, a epífise seria a porta de entrada das ações conscienciais do nosso espírito sobre o organismo físico. É a região onde transita toda a energia mental absorvida de outros espíritos e também produzida pelo nosso espírito.

Segundo muitos espiritualistas, médiuns de clarividência, yoguis etc, cada um dos sete chakras principais está associado a uma das glândulas endócrinas. Por exemplo, existe uma ligação entre a epífise e o chakra coronário, correto? Qual a influência dessa ligação sobre os demais centros de força e as glândulas que comandam a química do organismo humano e suas correlações com o equilíbrio psíquico?
Sim, correto. Todas as glândulas endócrinas guardam relação com um centro de força. A epífise guarda ligação com o chacra coronário. Conserva ascendência em todo o sistema endocrínico, age como uma espécie de supervisora em relação a outras glândulas. Influi sobre o corpo variando o grau de reação aos raios de luz, isto é, controla a sensibilidade da cor à luz. Regula a cor da pele, fazendo variar o grau de reação aos raios luminosos, isto é, controla a ação da luz sobre o pigmento da pele. Evita, na criança, o desenvolvimento sexual prematuro, promovendo uma puberdade normal. A pineal também contribui para o desenvolvimento normal físico e mental das células cerebrais e das células dos órgãos de reprodução. Apesar de um grande número de substâncias neurotransmissoras, como dopamina, octopamina, serotonina e outras poderem ser extraídas da pineal, a única substância abundante e biologicamente ativa secretada por ela é a melatonina. Achamos muito importante dizer, que o hormônio melatonina é fundamental no processo mediúnico. A produção de melatonina pela epífise aumenta no escuro. E é por essa razão que recomenda-se nas reuniões mediúnicas a diminuição da claridade. Portanto, diminuir a claridade nas reuniões mediúnicas tem base científica, não é nenhuma invenção ou condicionamento. A revelação espiritual informa ser a epífise a glândula da vida mental e elo com a espiritualidade. Toda a energia mental absorvida e produzida pelo espírito transita nesta região, e por essa razão, a epífise funciona como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre.
Portanto, quando a pessoa tem bons pensamentos, transitam energias mentais positivas e quando a pessoa tem pensamentos negativos, transitam energias mentais negativas. Assim, de acordo com o tipo de energia originada pelos pensamentos, os hormônios produzidos pela epífise irão afetar positivamente ou maléficamente todo o organismo.

Como os centros de força interagem entre si e com os corpos sutis que compõem o perispírito?
A interligação entre os centros de força do perispírito, do duplo etérico e os plexos nervosos do corpo físico acontece através de laços fluídicos. Internamente, em cada corpo, os centros de força se interligam por canais fluídicos, similar as veias do corpo físico que transportam sangue, e nos corpos sutis, estes canais transportam energias. Estes canais são conhecidos nas doutrinas esotéricas pelo termo sânscrito “nadhis”.

Há estudos científicos sobre os chacras?
Em O Livro dos Espíritos, questão 147, os espíritos esclarecem Kardec a este respeito, dizendo o seguinte: “O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que julgam saber tudo e não admitem haja coisa alguma que lhes esteja acima do entendimento. A própria Ciência que cultivam os enche de presunção. Pensam que a Natureza nada lhes pode conservar oculto.”
A Ciência ainda está muito restrita às coisas do mundo material. Tudo aquilo que não pode ser mensurado dentro na ótica científica atual, por enquanto é deixado de lado. Mas, aos poucos estão surgindo algumas pesquisas... já se ouve falar de algo denominado pesquisas sobre os “centros bioenrgéticos” situados no organismo humano.

É verdade que as definições, as revelações de André Luiz, no livro Missionários da Luz, sobre a epífise, antecipou as descobertas cientificas terrenas?
Sim. A American Medical Association, do Ministério da Saúde dos EUA, possui vários trabalhos publicados sobre mediunidade e a glândula pineal. O Hospital das Clínicas, de São Paulo, sempre teve tradição de pesquisas na área da espiritualidade e espiritismo. Isso não é muito divulgado pela imprensa, mas existe um grupo de psiquiatras lá defendendo teses sobre isso. Inclusive, temos até o depoimento de um dos maiores pesquisadores na área de Psicobiofísica da USP, o psiquiatra e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo, dr. Sérgio Felipe de Oliveira, da UniEspírito, afirmando que buscou o livro Missionários da Luz para obter conhecimento sobre a epífise. Diz ele que desde o colégio, estudando Filosofia, ficou impressionado com a obra de Descartes, que dizia que a alma se ligava ao corpo pela pineal. E quando entrou na faculdade, correu atrás das questões, do espiritual, da alma e de como isso se integra ao corpo. E por volta de 1979/80, estudou a obra Missionários da Luz, do Espírito André Luiz, psicografada por Chico Xavier.

A epífise e os chakras possuem alguma relação com a mediunidade?
A revelação espiritual informa que a epífise desempenha papel muito importante em qualquer modalidade de exercício mediúnico, principalmente as de efeitos psíquicos. Da mesma forma, os centros de força desempenham papel fundamental em relação a mediunidade.
Quando nossa reencarnação é planejada no plano espiritual, nossos centros de força são preparados com a velocidade compatível com a mediunidade que vamos ter. O aceleramento vibratório também pode se dar durante a encarnação, com a entrada de mais energia espiritual através do centro de força coronário e ou de energia mais densa através do centro de força básico. O aceleramento dos centros de força deve se dar de forma natural e progressiva à medida que o homem promover o seu próprio crescimento espiritual. Ao despertar o centro de força coronário através da nossa espiritualização, de forma natural, irrigaremos com mais intensidade os demais centros de força com energia espiritual, ativando nossas percepções espirituais de cima para baixo, dessa forma não correremos risco algum. Ao despertar o centro de força básico (em sânscrito, chakra muladhara), de forma equivocada, ativaremos nossas percepções espirituais de baixo para cima, irrigando com mais intensidade os demais centros de força com energia física, e passaremos a correr muitos riscos que poderão nos levar a sérios desequilíbrios.

Nas obras de Kardec não têm informações claras sobre os centros de força. Por quê?
Allan Kardec não pôde, no pouco espaço de tempo em que se desdobrou, entrar em todos os detalhes de todos os assuntos. O primeiro contato com os fenômenos foi em 1854; passou a estudá-los a partir de 1855 e desencarnou trabalhando em 31/03/1869. Teve aproximadamente 14 anos para realizar toda a Codificação Espírita, mesmo assim a soma de informações que nos legou é imensa. Outros espíritos posteriormente aprofundaram a análise de diversos assuntos, dando-nos mais pormenores. Portanto, o processo evolutivo do conhecimento espírita não parou em Kardec. Se os espíritos tivessem dito tudo a Kardec, não teríamos motivo para ter outros livros que viessem complementar a doutrina, tais como os psicografados por Chico Xavier, Divaldo P. Franco, entre outros. Naturalmente em compreensão de cada época, as obras complementares trouxeram mais iluminação acerca do conhecimento sobre os centros de força.




PAZ E LUZ!

PSICOLOGIA TRANSPESSOAL




Conheça a Psicologia Transpessoal, uma ciência holística que busca entender o ser humano em sua totalidade
Compreender a mente humana sempre foi um dos maiores desafios para a Ciência, e a psicologia nasceu com esse objetivo, o de estudar os fenômenos psíquicos e do comportamento de um indivíduo ou grupo. O termo psique, no dicionário, tem o significado de alma, espírito e mente, mas muitas correntes psicológicas ainda não abordam a dimensão relativa ao espírito por associarem o termo alma a religião.
Por outro lado, grandes avanços estão ocorrendo nesse campo. Dentre os estudos que levam em conta o transcendental, está a psicologia transpessoal, que tem contribuído muito para a análise integral do indivíduo. Mesmo com tantos pontos positivos e já sendo reconhecida na Europa e EUA há mais de quarenta anos como uma ciência, ainda não foi aprovada no Brasil pelo CRP (Conselho Regional de Psicologia).
Antes de abordarmos especificamente a psicologia transpessoal como tema principal, é importante termos uma pequena noção sobre as áreas da psicologia em geral.
A psicologia, no Ocidente, teve sua origem na Grécia, por volta do ano 500 a. C, mas ainda inserida na filosofia. Grandes filósofos se destacaram e contribuíram para a criação da base da filosofia ocidental, dentre eles, Aristóteles, Sócrates e Platão. A psicologia demorou a ser reconhecida separadamente e como uma ciência. Isso só ocorreu no final do século XIX. Com o tempo, foram sendo criadas diferentes correntes, escolas e metodologias, que apresentam, até hoje, divergências entre si.
Para compreendermos as diferenças de cada uma delas e os benefícios da psicologia transpessoal no tratamento terapêutico, entrevistamos Maria Del Mar Franco, psicóloga, apresentadora do programa Evoluir, na Rede Boa Nova de Rádio e diretora do Instituto de Psicologia Evoluir, no bairro do Tatuapé, em São Paulo.
Mais do que uma simples entrevista, Del Mar passou, em três horas de conversa, muitas informações importantes e esclarecedoras que esperamos poder transmitir ao leitor.

As quatro abordagens
Embora existam diversas áreas dentro da psicologia e muitas linhas diferentes de atuação dos terapeutas, essa ciência foi dividida em quatro grandes abordagens.
Psicologia Comportamental: Criada por John B. Watson na primeira metade do século XX, foi a primeira abordagem a fundamentar a psicologia como ciência. Seus estudos passaram a associar o comportamento dos animais em laboratório ao dos seres humanos. Seus fundamentos são baseados nos estímulos e respostas, mas sem necessidade de interpretação. Para Watson, tudo o que não pudesse ser observado em laboratório não tinha valor científico.
Com o tempo, a psicologia comportamental foi revendo alguns conceitos e evoluiu. Na década de cinqüenta, surge a psicologia comportamental cognitiva, com Aaron Beck. O processo deixou de ser analisado apenas por estímulo e resposta, e o foco passou a ser a compreensão por aspectos mais complexos que apenas os comportamentais, sempre utilizando a metodologia científica positivista da época.
Psicanálise: Abordagem criada por Sigmund Freud, produziu novas teorias sobre os comportamentos e algumas patologias que não se resolviam pela medicina tradicional. Com a psicanálise, alguns termos técnicos se popularizaram, tais como: inconsciente, id, ego, super ego, libido e complexo de Édipo. Vale lembrar que muitas outras escolas se desenvolveram a partir da psicanálise. Jung foi um dos principais discípulos de Freud. Ele foi muito além de seu mestre e abordou questões ligadas ao transcendente. Essa abordagem desenvolvida por Jung recebeu o nome de psicologia analítica, traduzindo uma nova visão do ser humano. Com isso, passou a levar em conta a totalidade do indivíduo. Utilizou termos como: inconsciente coletivo, arquétipos, sombra (parte escura da alma, característica rejeitada ou esquecida no inconsciente); sincronicidade e Self (totalidade psíquica), que para os espíritas significa espírito, encontro com a essência. Dizia que a terapia era uma comunhão de almas; valorizou as religiões, as mitologias e os símbolos como fonte de conhecimento da psique.
Psicologia Humanista: Enfoca o estudo da consciência e o reconhecimento dos significados das dimensões espirituais da psique. Tem como objeto de estudo os estados de consciência que transcendem o conceito de ego. É a escola da psicologia que pesquisa a espiritualidade. Surgiu na década de 1950, nos EUA e na Europa, como uma reação às limitações da psicologia comportamental. A abordagem humanista passou a dar maior importância as emoções e a buscar o desenvolvimento dos potenciais humanos. Os representantes pioneiros foram Carl Rogers, que falava da intuição e Abraham Maslow, que já previa a chegada de uma psicologia da quarta força, uma psicologia que iria além de tudo que se tinha estudado até então. A visão do ser humano, na psicologia humanista, é a de um ser criativo, com capacidades de auto-reflexão, decisões, escolhas e valores. A respeito da psicanálise, Maslow afirmava que Freud havia se detido apenas na doença e na miséria humana e que era necessário considerar os aspectos saudáveis, encontrando assim, um sentido maior na vida. Também já falava da importância de se vivenciar o aspecto transcendental da vida.
Psicologia Transpessoal: A partir das idéias do transcendente abordadas por Jung e do humanismo defendido por Maslow, nasceu a psicologia transpessoal. Uma nova abordagem que vai além da matéria. Uma ciência holística que busca entender o ser humano em sua totalidade. É uma ciência baseada na física quântica, que poderá construir uma ponte entre a ciência e o mundo espiritual. A psicologia transpessoal leva em conta o registro dos sistemas energéticos do cosmo por outro tipo de sensibilidade, algo que os cinco sentidos (paladar, olfato, tato, visão e audição) não são capazes de identificar. Se a vida começa antes do berço e continua após o túmulo, existem outros aspectos que precisam ser analisados. A transpessoalidade abre esse canal de intercâmbio entre o visível e o invisível, dentro dos estudos da psique.

A descoberta da quarta força
A psicologia transpessoal é considerada a quarta força da psicologia, uma abordagem que permite transcender todos os conceitos estudados e aceitos pela psicologia tradicional até o momento. A postura da transpessoal é a de compreender o ser humano integrado com o Todo, estabelecendo uma inter-relação de todos os sistemas existentes no Universo.
A psicologia transpessoal possui muitos colaboradores e precursores. O primeiro grande colaborador foi Jung, que nas teorias da psicologia analítica avançou ao considerar a dimensão espiritual; aproximou-se das filosofias e religiões e introduziu uma nova forma de praticar a psicologia clínica.
Em seguida, veio a colaboração de Maslow com a psicologia humanista, que enfatizou a necessidade de ir além do estímulo/resposta do comportamentalismo e da psicanálise de Freud. Maslow já dizia que chegaria uma quarta força na psicologia, que levaria em conta todos os aspectos ignorados.
Mas foi em meados da década 1960 que o psiquiatra Stanislav Grof cunhou o termo psicologia transpessoal e falou dos estados ampliados de consciência. Nasceu assim uma nova e revolucionária visão da mente. Desde então, tem ajudado muitas pessoas a compreenderem as problemáticas da alma não analisadas por outras correntes psicológicas. Em 1956, iniciou uma pesquisa no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Praga, onde trabalhava, e depois, em 1967, em um instituto dos Estados Unidos. A pedido de um laboratório da Suíça testou a substância alucinógena LSD em voluntários, com o intuito de descobrir o potencial que a droga oferecia no tratamento de distúrbios psíquicos. Chegou à conclusão de que a droga não induzia a formas específicas de alucinação que se esperava. Quando o LSD passou a sofrer restrições legais, deixou de utilizá-lo em suas experiências. Algum tempo depois, desenvolveu uma nova técnica para a ampliação da consciência, chamada de respiração holotrópica, que consiste, além de uma forma específica de respiração, na audição de músicas com poder evocativo e movimentos corporais localizados. Stanislav Grof também fundou a Associação Transpessoal Internacional, com o objetivo de promover o diálogo entre cientistas e líderes espirituais, para que cada qual pudesse contribuir com elementos de conhecimento na compreensão do ser humano.
Outro grande colaborador foi Roberto Assagioli, que criou o processo da psicossíntese (tipo de resposta ao método fragmentar da psicanálise, deixando clara a responsabilidade do indivíduo no processo do próprio crescimento).
A proposta da psicologia transpessoal é enxergar o homem não como simples máquina biológica, mas como um espírito imortal, capaz de armazenar em seu perispírito traumas e dramas esquecidos no inconsciente, mas que se refletem em sua vida atual, podendo afetar o organismo e a psique de diversas formas. Mas, segundo a psicóloga Del Mar, é preciso que se tome cuidado para não se levar tudo para o enfoque do transcendente, porque existem coisas que são materiais e se manifestam no psiquismo. "Não existe mágica; a psicologia transpessoal não é capaz de curar todos os problemas", ressaltou.
Muitas são as técnicas utilizadas pelos terapeutas nessa abordagem. As mais conhecidas são a regressão de memória, o renascimento e a respiração holotrópica. De acordo com a psicóloga, independente da técnica usada, a interiorização do paciente permite grandes percepções, e a abordagem integral dá espaço para o campo espiritual. Isso quer dizer que a psicologia transpessoal vê a expansão da consciência como algo muito saudável e não como fator patológico.
A solução das problemáticas reside na integração do ser humano com ele mesmo, com o outro, com a natureza e finalmente, com o Universo. "Devemos trabalhar em conjunto com as questões físicas, emocionais, mentais e espirituais, quatro pontos importantes que levam a compreensão do todo", refletiu.
Mesmo com tantos benefícios que a psicologia transpessoal pode trazer para as pessoas, talvez o que dificulte sua aceitação no Brasil é a distorção de sua aplicação com a mistura de certos rituais, e também, a falta de material didático publicado.

União psicológica e espiritual
Quando Jesus disse: "Vós sois deuses", já convidava a humanidade para o despertar do potencial que existe em cada um de nós. O ser humano desconhece a força que reside dentro dele, sendo imagem e semelhança do Pai.
A união da psicologia no estudo da mente e do comportamento do indivíduo ou grupo com a compreensão do espírito que comanda a psique, será a chave para a busca do autoconhecimento. "Conhecereis a verdade e ela vos libertará", afirmou o Mestre da Galiléia.
O universo está em constante evolução e chegará um dia em que o meio científico não poderá mais fugir da realidade do espírito, pois sem a aceitação da alma como essência de tudo, não encontrará mais respostas para tantos questionamentos.
Dentro da literatura espírita, uma série de doze obras ditadas pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografadas pelo médium Divaldo Pereira Franco, abordam com muita propriedade temas ligados a psicologia. A autora utiliza os aspectos positivos de cada uma das abordagens, à luz do espiritismo e dos ensinamentos de Jesus para uma profunda reflexão. Segundo Joanna de Ângelis, o espírito é a base da psicologia transpessoal. Os livros: Jesus e Atualidade, O Homem Integral, Plenitude, Momentos de Saúde, O Ser Consciente, Autodescobrimento -Uma Busca Interior, Desperte e seja Feliz, Vida: Desafios e Soluções, Amor Imbatível Amor, O Despertar do Espírito, Jesus e o Evangelho - À Luz da Psicologia Profunda e Triunfo Pessoal compõem a série.
O espiritismo pode contribuir para preencher lacunas ainda existentes na Ciência. Fatos inexplicáveis para o materialismo são explicados com riqueza de relatos pela doutrina espírita. Para a psicóloga Del Mar Franco, cada abordagem psicológica é destinada a um gênero de problema e é também preciso que a pessoa observe se está alcançando evolução dentro da terapia, caso contrário, a mudança é necessária. "A psicologia transpessoal é indicada para as pessoas que buscam explicações e soluções para questões ligadas ao campo emocional e espiritual", concluiu.




artigo foi publicado na Revista Cristã de Espiritismo




PAZ E LUZ!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

NEUROPSICOLOGIA



O desenvolvimento da neuropsicologia apoiada por recursos propedêuticos sofisticados como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, têm permitido uma compreensão cada vez maior dos mecanismos envolvidos na fisiologia do cérebro.
Com base nesses achados, têm surgido novas interpretações para os quadros mentais das demências, das psicoses e até dos distúrbios do comportamento.
Atualmente, a medicina admite que a atividade mental é resultante, em termos neurológicos, de um “concerto” de um grupo de áreas cerebrais que interagem mutuamente constituindo um “sistema funcional complexo”.
Com o conhecimento espírita aprendemos, porém, que os processos mentais são expressões da atividade espiritual com repercussões na estrutura física cerebral. A participação do cérebro é meramente instrumental.
Sabemos também que a ação do espírito sobre o cérebro, ao integrar elementos de classes diferentes (mente e matéria), implica a existência de um terceiro elemento, transdutor desse processo, que transmite e transfere as “idéias” geradas pelo espírito em fluxo de pensamento expresso pelo cérebro.
Esse elemento intermediário que imprime ao corpo físico as diretrizes definidas pelo espírito, constitui nosso corpo espiritual ou perispírito.
Após a morte, o espírito permanece com seu corpo espiritual, o qual permite sua integração no ambiente espiritual onde vive. É por esse corpo semi-material, de que dispõe também os espíritos desencarnados, que se tornam possíveis as chamadas comunicações mediúnicas.
Para Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, em diversas citações os espíritos esclareceram, mais de uma vez, que todos os fenômenos mediúnicos de efeito inteligente se processam através do cérebro do médium.
No estágio atual do conhecimento que nos fornece a neurologia, seria oportuno indagarmos se é possível uma maior compreensão do fenômeno mediúnico, procurando-se identificar no cérebro as áreas e as funções que estariam envolvidas nesses processos.
Os espíritos desencarnados devem, de alguma maneira, co-participarem das funções cerebrais dos médiuns seguindo regras compatíveis com os recursos da fisiologia cere­bral.
Podemos correlacionar, pelo menos hipoteticamente, quais as funções cerebrais já conhecidas, que podem se prestar para a exteriorização da comunicação mediúnica.

Córtex cerebral
No córtex cerebral origina-se a atividade motora, voluntária e consciente. Nele são codificadas também todas as percepções sensitivas que chegam ao cérebro e são organizadas as funções cognitivas complexas.
A atividade cerebral, para se expressar conscientemente, estabelece uma interação entre o córtex cere­bral, o tálamo e a substância reticular ponto-mesencefálica. É nessa substância reticular do tronco cerebral e do diencéfalo que se situa a sede de nossa consciência. Uma lesão nessa área provoca o estado de coma.
A partir da substância reticular, integrando o tálamo e o córtex cerebral, projetam-se estímulos neuronais que ativam ou inibem atividade cerebral como um todo, levando a um maior ou menor estado de atenção, alerta ou sonolência.
Pelo exposto, podemos compreender que fenômenos como a psicografia, a vidência, a audiência e a fala mediúnica, devem implicar uma participação do córtex do médium já que aqui se situam áreas para a escrita, a visão, a audição e a fala.
Se o espírito comunicante e o médium não disciplinarem seu intercâmbio para promoverem um bloqueio no sistema reticular ativador ascendente, as mensagens serão sempre conscientes e o médium, além de acrescentar sua participação intelectual na comunicação, poderá pôr em dúvida a autenticidade da participação espiritual do fenômeno.
Por outro lado, nenhuma mensagem poderá ser totalmente inconsciente, visto que em todas há participação do córtex do médium e, se por acaso este não se recordar dos eventos que se sucederam durante a comunicação, o esquecimento deve ser atribuído à ocorrência de uma simples amnésia.
Considera-se, portanto, que o processo mediúnico transcorre sempre em parceria, com assimilação das idéias do espírito comunicante e a participação cognitiva do médium. Sendo comum uma amnésia que ocorre logo após a rotura da ligação fluídica (interação de campos de força), entre o médium e a entidade espiritual.
É do conhecimento dos pesquisadores do fenômeno mediúnico que a clarividência, a telepatia e a capacidade de desenhar objetos fora do alcance da visão do médium, ocorrem com características muito semelhantes á organização de noção geométrica e espacial que, ultimamente, tem-se intensificado na fisiologia normal do hemisfério cerebral direito.
Quando ocorrem lesões no hemisfério cerebral direito as falhas nos desenhos são muito características. Os objetos são esquematizados com negligência de detalhes, ficando as figuras incompletas. Um óculos, por exemplo, é desenhado sem uma das hastes e uma casa pode ser rabiscada sem um dos seus lados ou sem o telhado.
Os médiuns que captam as informações à distância ou registram visões imateriais, também costumam descrever suas percepções com falta de detalhes ou amputações das imagens de maneira muito semelhante à negligência observada nas síndromes do hemisfério direito.
É possível que esses médiuns registrem as imagens utilizando as áreas corticais específicas para funções visuais e gnósticas (de reconhecimento) do hemisfério direito do cérebro. O grau de distorção ou de falta de detalhes mais precisos deve depender do maior ou menor grau de desenvolvimento mediúnico.

Gânglios da Base
As estruturas nucleares constituídas por aglomerados de neurônios situadas na profundidade da substância branca cerebral são denominadas de gânglios ou núcleos da base. Eles são responsáveis por uma série de funções motoras automáticas e involuntárias, fazendo parte do chamado sistema extrapiramidal.
Os gânglios da base controlam o tônus muscular, a postura corporal e uma série enorme de movimentos gestuais que complementam nossa movimentação voluntária.
Após o nascimento, a gesticulação de uma criança é visivelmente reflexa e automatizada. Progressivamente vão surgindo os movimentos intencionais (voluntários), projetados a partir do córtex piramidal (área motora principal). No processo de aprendizado, a criança vai repetindo gestos para pegar os objetos, para se levantar, para engatinhar e andar até que, progressivamente, esses movimentos vão se sucedendo com maior facilidade, passando a se realizarem automaticamente.
A mímica, a mastigação, a marcha, são automatismos aprendidos no decorrer do desenvolvimento da criança.
Posteriormente, uma série de automatismos mais complexos vão se desenvolvendo, como, por exemplo, quando aprendemos a dirigir um automóvel, a tocar piano ou a nadar.
Depois de uma certa idade, é possível de se ver facilmente que, qualquer movimento voluntário que realizamos conscientemente, é enriquecido com uma constelação de gestos automáticos e involuntários que dão um colorido característico, individual e identificador do nosso modo de ser.
Esses nossos pequenos gestos estão, fre­qüen­­temente, muito bem fixados na imagem que nossos amigos fazem de nós. Por isto dissemos acima que eles servem também para nos identificar.
Convém ficar claro essa noção de que nossos movimentos podem ser voluntários e involuntários. No primeiro caso, quando são conscientes e intencionais, como, por exemplo, quando estendemos a mão para pegar um lápis. No segundo caso, quando o movimento é semi-consciente, automático, muito menos cansativo que o primeiro. Os movimentos automáticos podem ser mais simples como mastigar e deglutir ou mais complexos como, por exemplo, para dirigir automóvel, nadar ou tocar um instrumento musical.
A execução de um ato automobilístico mobiliza os gânglios da base e as áreas motoras complementares do lobo frontal. Mesmo os mais complexos como, por exemplo, tocar uma partitura bem decorada ao piano, nos permite perceber que ficam livres funções do cérebro, particularmente nossa consciência e todas as demais capacidades cognitivas do cérebro. Assim, mesmo tocando ao piano ou dirigindo um automóvel podemos manter livremente uma conversação.
Considerando o fenômeno mediúnico da psicografia e da fala mediúnica, podemos observar corriqueiramente que os médiuns ao discursarem ou psicografarem um texto sob influência do espírito comunicante, o fazem revelando gestos, posturas e expressões mais ou menos comuns a todos eles.

Psicografia
No caso da psicografia, a escrita se processa freqüentemente com muita rapidez, as palavras podem aparecer escritas com pouca clareza, as letras às vezes são grandes, provavelmente para facilitar a escrita rápida, a caligrafia tem pouco capricho, não há necessidade do médium acompanhar o que escreve e pode ocorrer escrita em espelho.

Comunicação oral
Na comunicação oral, o médium se expressa com vozes de características variadas, o sotaque pode ser pausado como que feito com esforço, mas, em médiuns mais preparados, a fala costuma ser fluente, muito rápida, parecendo se tratar de um discurso previamente preparado ou muito bem decorado. Nota-se também que, durante a comunicação, o médium assume posturas e gestos incomuns ao seu modo habitual de se expressar.
Quando interrogamos os médiuns conscientes, esses dizem que, no decorrer do fenômeno, são levados a falar ou escrever como se isso não dependesse da vontade deles.
Correlacionando agora o que vimos em termos neurológicos para a fisiologia do sistema extrapiramidal (gânglios da base e área cortical pré-motora) com as características da comunicação mediúnica, temos a impressão que a entidade comunicante se utiliza desse sistema automático para se manifestar com maior rapidez, com o mínimo de dispêndio de energia, com menor interferência da consciência do médium e com maior possibilidade de se suceder uma amnésia.
Resumidamente, poderíamos enquadrar esse tipo de comunicação mediúnica como uma constelação de automatismos complexos, desempenhados pelo sistema extrapiramidal do médium, mas com a co-autoria do espírito comunicante.
Já vimos também que, durante nossos atos automáticos, nossa consciência está livre para a execução de atos voluntários e intencionais podendo com eles interromper ou modificar nossos automatismos. Por isso, podemos dizer e concluir que a manifestação mediúnica, em se tratando de gestos automatizados, sofre o controle e a ingerência da consciência do médium. O que não deixa de ser um fator inibidor, mas necessário para a própria “disciplina” da entidade comunicante, quando isso se fizer necessário.

O tálamo
O tálamo é um núcleo sensitivo por excelência. Ele exerce um papel receptor, centralizado e seletor das informações sensitivas que se dirigem ao cérebro.
Os estímulos externos do tipo dor, tato, temperatura e pressão percebidos em toda a extensão do nosso corpo percorrem vias neurais que terminam no tálamo (no centro do cérebro). A partir daí, esses estímulos são priorizados e selecionados para que cheguem ao cérebro apenas os estímulos convencionais, principalmente os mais urgentes, como é o caso dos estímulos nocivos, que exigem uma rápida retirada. É ocaso de retirarmos logo a mão de um objeto que está muito quente.
Por outro lado, mesmo para estímulos de pouca importância, o tálamo pode fornecer para a consciência as informações desejadas, quando elas forem requeridas para o córtex. É o caso de, a qualquer momento, mesmo de olhos fechados, querermos saber se estamos ou não usando uma aliança no dedo ou uma meia-calça nos pés.
Portanto, as informações sensitivas são percebidas no tálamo e este exerce um papel bloqueador interrompendo o caminho até o córtex cerebral; que só será alcançado quando a informação for nova ou quando despertar interesse ou risco.
As informações monótonas e rotineiras ficam permanentemente inibidas no tálamo. Mesmo porque seria muito inconveniente estarmos ligados permanentemente a todas as informações que tocam, por exemplo, a nossa pele.
É possível que muitas das sensações somáticas referidas pelos médiuns, que dizem perceber a aproximação de entidades espirituais, como se estes lhes estivessem tocando o corpo, seja efeito de estímulos talâmicos.
Nesse caso, pela ação do córtex do médium os estímulos espirituais podem ser facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do médium, bem como por efeito de estados emocionais não disciplinados pelo médium.

A glândula pineal
A estrutura e as funções da glândula pineal passaram a ser estudadas com maior ênfase após a descoberta da melatonina por Lerner, em 1958.
Embora a pineal já fosse conhecida desde 300 anos d.C. (foi descoberta por Herophilus), só após a descoberta da melatonina se conheceu sua relação com a luminosidade e a escuridão.
Ficou demonstrado experimentalmente que a luz in­terfere na função da pineal através da retina, atingindo o quiasma óptico, o hipotálamo, o tronco cerebral, a medula espinhal, o gânglio cervical superior, chegando, finalmente, ao nervo coronário na tenda do cerebelo. Entre a pineal e o restante do cérebro não há uma via nervosa direta. A ação da pineal no cérebro se faz pelas repercussões químicas das substâncias que produz.
Hoje já se identificou um efeito dramático da pineal (por ação da melatonina), na reprodução dos mamíferos, na caracterização dos órgãos sexuais externos e na pigmentação da pele.
Investigações recentes demonstram uma relação direta da melatonina com uma série de doenças neurológicas que provocam epilepsia, insônia, depressão e distúrbios de movimento.
Animais injetados com altas doses de melatonina desenvolvem incoordenação motora, perda de motricidade voluntária, relaxamento muscular, queda das pálpebras, piloereção, vasodilatação das extremidades, redução da temperatura, além de respiração agânica.
Descobriu-se também que a melatonina interage com os neurônios serotoninérgicos e com os receptores bendiazepínicos do cérebro tendo, portanto, um efeito sedativo e anticonvulsante.
Pacientes portadores de tumores da pineal podem desenvolver epilepsia por depleção da produção de melatonina.
A melatonina parece ler também um papel importante na gênese de doenças psiquiátricas como depressão e esquizofrenia.
Outros estudos confirmam uma propriedade analgésica central da melatonina, integrando a pineal à analgésia opiácea endógena.
A literatura espiritual há muito vem dando destaque para o papel da pineal como núcleo gerador de irradiação luminosa servindo como porta de entrada para a recepção mediúnica.
Como a pineal é sensível à luz, não será de estranhar que possa ser mais sensível ainda à vibração eletromagnética Sabemos que a irradiação espiritual é essencialmente semelhante à onda eletromagnética que conhecemos, compreendendo-se, assim, sua ação direta sobre a pineal.
Podemos supor que este primeiro contato da entidade espiritual com a pineal do médium possibilitaria a liberação de melatonina predispondo o restante do cérebro ao “domínio” do espírito comunicante. Essa participação química ao fenômeno mediúnico poderia nos explicar as flutuações da intensidade e da freqüência com que se observa a mediunidade.
Até o presente, a espécie humana recebe a mediunidade como uma carga pesada de provas e sacrifícios. Raras vezes como oportunidade bem aproveitada para prestação de serviço e engrandecimento espiritual.
A evolução, no entanto, caminha acumulando experiências, repetindo aprendizados. Aos poucos, iremos acumulando tanto espiritual, como fisicamente, modificações no nosso cérebro. O homem do futuro deverá dispor da mediunidade como dispõe hoje da inteligência. Confiamos que a misericórdia de Deus nos conceda a bênção de usar bem as duas a partir de hoje.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 01.

PAZ E LUZ!