domingo, 19 de julho de 2009

Exorcismo



Existem demônios? As práticas exorcistas ao longo dos séculos.
Saiba como a doutrina espírita nos orienta
Érika Silveira



Na concepção de algumas religiões, a atuação dos "demônios", assim como a prática do exorcismo para expulsá-los da vida dos fiéis tem acompanhado a história da humanidade.
Paralelamente, criou-se uma grande polêmica em torno do assunto que divide opiniões e crenças. O tema ultrapassou as barreiras da Igreja e invadiu o mercado literário, as produções cinematográficas e programas de TV. As evidências mostram que a existência e atuação dos espíritos (que recebem diversas nomenclaturas, de acordo com cada credo) sempre exerceram fascinação sobre as pessoas.
A palavra exorcismo significa oração e cerimônia religiosa com que se esconjura o demônio, os espíritos maus etc.
Nas culturas egípcia, babilônica e judaica, um grande número de doenças e calamidades eram atribuídas à ação dos demônios, sendo que o exorcismo era adotado como um dos meios de afastá-los.
Com o reconhecimento oficial do cristianismo pelo imperador Constantino, os exorcismos, realizados informalmente por qualquer cristão, foram institucionalizados. Segundo a Igreja Católica Apostólica Romana, os métodos para afastar o "diabo" do possesso teriam sido ensinados por Jesus Cristo aos seus discípulos. Os métodos adotados são vários, tais como a utilização da água benta, imposição das mãos, conjurações, sinais da cruz, orações, salmos, cânticos, entre outros.
A Idade Média é conhecida como um período de medo e perseguições a todos aqueles que contradiziam os princípios da Igreja. Os chamados feiticeiros e bruxos foram punidos e queimados nos Tribunais da Inquisição e qualquer traço que fosse considerado como paganismo era combatido rigorosamente, a fim de manter a todo custo o monopólio da cultura que lhe era ideal e que não violasse seu poder político e religioso. Aplicava-se, além dos métodos tradicionais de exorcismo, chicotadas e até a pena de morte na fogueira. O caso mais famoso é o da médium Joana D’Arc, considerada bruxa.
Embora a Igreja Católica sempre tenha afirmado a existência das possessões, para os mais ortodoxos, os exorcismos ordinários ainda são práticas raríssimas e só permitidas mediante permissão episcopal a sacerdotes muito experientes, pois acreditam que Jesus tenha confiado autoridade espiritual à Igreja para libertar as pessoas do domínio das forças malignas. Somente na ausência de um sacerdote é que uma pessoa leiga poderia realizar o exorcismo, claro que com a permissão do clero. Para tanto, crêem ser fundamental, antes de dar início ao ritual, certificar-se de que se trata mesmo da presença do demônio e não de uma doença, principalmente psíquica, cujo cuidado pertence à ciência médica.
Por outro lado, com o passar dos séculos, surgiram correntes mais liberais, como é o caso do movimento carismático, que permite o exorcismo como uma prática mais constante.

Os demônios
Na visão católica, os demônios representam anjos caídos por causa do pecado, providos de grande inteligência e poder, que utilizam a astúcia para desviar a humanidade do caminho de Deus.
A tentação e a expulsão de Adão do paraíso, narrada pelo Antigo Testamento, reconhece a atuação do demônio na figura sagaz da serpente. Mas é no Novo Testamento que se encontram as referências aos chamados exorcismos, praticados por Jesus e seus discípulos. As citações referem-se à expulsão maléfica do corpo de possessos, e da cura de enfermidades atribuídas à ação do demônio. Os exorcismos, realizados pelos evangelistas, aparecem como forma ilustrativa da vitória de Jesus sobre Satanás, ou seja, do bem contra o mal. Na verdade, a Igreja distorceu a idéia do demônio, cuja origem vem do termo grego daimon, que significa espírito, gênio. Ou seja, não tem nenhuma relação com um ser maligno.

Na Era Moderna
O racionalismo do século XVIII conseguiu explicar muitos mistérios supostamente sobrenaturais, o que se intensificou com a utilização do hipnotismo e da psicologia no século XIX. Felizmente, a liberdade de expressão evoluiu junto com a humanidade. Diversas correntes de pensamentos e religiões puderam manifestar-se com mais liberdade.
No novo século, tanto a Igreja Católica, quanto algumas denominações protestantes admitem exorcismos ordinários. Um dos padres exorcistas mais famosos da atualidade é Gabriele Amorth, com três livros publicados sobre o assunto, entre eles Um Exorcista conta-nos, escrito em 1990 e traduzido para 94 idiomas. O padre é considerado uma grande autoridade em exorcismo. Ele diz que os exorcistas fazem parte da história da humanidade e que a influência diabólica aparece em todas as religiões. Em entrevista à revista Catolicismo, em agosto de 2000, o padre relata que as pessoas podem libertar-se da possessão com o exorcismo, que é uma oração oficial da Igreja, mas reservada aos exorcistas, que são pouquíssimos. Outra maneira, que é permitida a todos, são as orações de libertação.
Além da visão católica sobre o exorcismo, existe a ciência, como é o caso da parapsicologia, que visa discernir os fenômenos naturais e paranaturais dos de origem espiritual.
Nos EUA e na Europa tem crescido o interesse da população pelo ocultismo ou pelas ciências sobrenaturais. O grande número de livros publicados, artigos, cursos e palestras provam que não só o exorcismo, mas a reencarnação, a vida após a morte e temas ligados à espiritualidade despertam, cada vez mais, a atenção de um número maior de pessoas em todo o mundo.

Cinema e TV
O exorcismo também virou tema de programas de TV. Em horário nobre e em rede nacional são exibidas cenas de fiéis "possuídos" e que são submetidos a rituais de exorcismo. Se são casos verídicos ou momentos de encenação de pseudo-atores cabe a cada um usar seu bom senso e perceber a verdade.
Não somente na TV, mas também nas telas do cinema, o exorcismo tem sido ao longo do tempo tema de vários filmes de terror e suspense produzidos em Hollywood. O filme O Exorcista foi baseado no livro de William Peter Blatty, de 1971. Segundo o autor, o livro foi baseado em um caso real de exorcismo, ocorrido nos EUA em 1949. Em breve será lançado o quarto episódio da série, que tem por título Exorcista: O Começo. Na verdade, a problemática da obsessão tem sido relatada na mídia de forma aterrorizante e macabra, o que, ao invés de levar esclarecimento, causa mais distorção da realidade.

A visão espírita
Segundo o espiritismo, a possessão não é um fenômeno sobrenatural, devido à atuação do demônio, mas sim, um processo que obedece a uma lei natural: a da sintonia mediúnica. A comunicação entre encarnados e desencarnados se manifesta por intermédio da mediunidade, muitas vezes mal conduzida. A atuação do "demônio", é compreendida na doutrina espírita como a influência de espíritos perversos ou simplesmente desequilibrados sobre os encarnados. E mediante a lei da sintonia, isso significa que as pessoas atraem os afins. Essa influência pode se tornar tão grande a ponto de gerar um processo obsessivo. Sabe-se, também, que a obsessão pode se apresentar em diversos graus, ou seja, de uma obsessão simples a uma fascinação ou uma subjugação, que pode acarretar conseqüências muito mais graves se não tratada adequadamente. O capítulo XXIII de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, traz explicações detalhadas e completas sobre os gêneros de obsessão e como identificá-las.
O capítulo XXVIII, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz: "A obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores sensíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais".
Os espíritos recomendam a prece, feita com sinceridade, como o mais poderoso antídoto contra os espíritos obsessores e, é claro, a reforma íntima. Transformando seus sentimentos e pensamentos, o obsediado deixará de ser perturbado por espíritos obsessores. Muitas vezes, para assegurar a libertação verdadeira, é preciso fazer brotar no espírito obsessor o arrependimento e o desejo de mudança. Este é o objetivo maior das sessões de desobsessão praticadas nos centros espíritas e umbandistas.
Diz a questão 477 de O Livro dos Espíritos: "As fórmulas de exorcismo não têm qualquer eficácia sobre os maus Espíritos?" "Não. Estes últimos riem e se obstinam, quando vêem alguém tomar isso a sério".
Torna-se claro, por meio desses esclarecimentos contidos nas obras da codificação, de que nada adiantam os rituais de exorcismos se forem praticados de forma mecânica, sem fé e vontade sincera de libertação interior dos que procuram ajuda para os males do espírito.

Um caso de exorcismo
Em agosto de 1973, foi comunicado ao Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas – IBPP – um caso singular de poltergeist. O comunicante foi um sacerdote da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em São Paulo. Conhecemos este sacerdote há muitos anos. Trata-se de pessoa culta, inteligente e idônea. Entre suas atividades, ele pratica o exorcismo, para o que possui excepcional dom inato, tendo dado inúmeras provas de suas faculdades. O relato a nós fornecido é o seguinte.
Certa noite, o referido sacerdote foi acordado pelo administrador da Irmandade. Este fora despertado por insistentes batidas na porta da igreja. Ao descer para atender a pessoa que o procurava, o sacerdote deparou-se com um cidadão transtornado, de pijama e descalço. Este agarrou-se ao sacerdote e solicitou-lhe que fosse à sua casa, sem demora, pois lá estava se manifestando um caso de assombração!
O sacerdote procurou acalmá-lo, visando primeiro inteirar-se a respeito do que se passava realmente. Pediu ao homem para contar-lhe mais detalhadamente o que estava acontecendo em sua casa. A resposta foi a seguinte: "Desde a meia-noite, estão atirando tijolos nas paredes da sala de visitas..."
Antes que ele concluísse a sua narração, o sacerdote recomendou-lhe que chamasse a polícia. Aí o homem completou aflito: "Não vai resolver, pois a sala está completamente fechada, as janelas e as portas da casa estão trancadas, mas os tijolos aparecem lá dentro, batem nas paredes e caem espatifados no chão, Eu apanhei alguns pedaços e são os mesmos tijolos. Ajude-me pelo amor de Deus!"
O homem falava sinceramente, manifestando grande pavor e aflição. O sacerdote ainda quis demovê-lo da idéia de exorcizar a sua casa àquelas horas (eram quatro da madrugada). Prometeu que iria a sua residência assim que raiasse o dia. Mas o homem insistiu, disse que não voltaria para a casa sem o sacerdote, afirmando ficar ali na igreja o resto da madrugada e ir, pela manhã, junto com o sacerdote para resolver o caso. Diante da insistência, ele resolveu vestir-se, e foi ver o que se passava realmente. O homem morava na Vila das Mercês, e viera de lá a pé.
O sacerdote conta que, ao chegarem, encontrou no portão da casa a esposa e a filha do cidadão, ambas de camisola e tiritando de frio. Entraram, e realmente ele viu inúmeros pedaços de tijolos espalhados pelo chão da sala. Nas paredes viam-se marcas do impacto dos tijolos. Sendo um sensitivo bem treinado, o sacerdote sentiu arrepios característicos da presença de forças sutis que perpassavam pelo ambiente. Então, imediatamente iniciou as orações exorcistas e aguardou os acontecimentos.
Passaram-se longos minutos de expectativa, sem que acontecesse qualquer fenômeno. Finalmente, os fenômenos se reiniciaram, e os tijolos começaram a surgir e a espatifar-se contra as paredes. Após três ou quatro impactos, o sacerdote aprofundou as orações e, de acordo com o ritual exorcista, ordenou que o causador dos distúrbios se manifestasse. Em menos de um minuto, as tijoladas cessaram, o próprio dono da casa entrou em transe e começou a falar: "Eu sou o espírito Maria Luiza. Não poderia descansar em paz se não voltasse para dizer-lhes que a minha verdadeira mãe, aquela que me gerou, não está morta como como vocês pensam. Ela está internada em um sanatório psiquiátrico no Estado do Rio de Janeiro, cidade tal, e registrada sob número tal, qualificada como de origem ignorada. Não fiquem tristes, porque vocês sempre me amaram como uma verdadeira filha e ainda os estimo como meus verdadeiros pais. Agora posso descansar em paz. Adeus e que Jesus os recompense; cuide bem da minha irmã Maria Antônia".
Logo após, o referido senhor saiu do transe e perguntou o que estava acontecendo. Nisso, ele viu sua outra filha abraçada à sua esposa, chorando e dizendo: "Não, não, vocês são os meus verdadeiros pais".
O sacerdote, a essa altura, já não estava entendendo mais nada. Foi preciso que o dono da casa, após ter sido cientificado do ocorrido, esclarecesse aquele drama: "Padre, uma das minhas irmãs teve a infelicidade de ser seduzida por um mau indivíduo. Após engravidá-la, abandonou-a. Como resultado, ela se desequilibrou totalmente e teve de ser internada em um sanatório psiquiátrico. Nasceram-lhe duas gêmeas: Maria Luiza e Maria Antônia. Como não tínhamos filhos, resolvemos registrar as crianças como nossas filhas."
"Maria Luiza faleceu há três meses atrás. Minha irmã permaneceu oito anos sendo internada periodicamente em vários hospitais. Do último em que se encontrava, ela fugiu. Foram empreendidos intensos esforços e inúmeras buscas para encontrá-la. Finalmente, não conseguindo mais localizar o seu próprio paradeiro, concluímos que provavelmente ela teria morrido. Muito tempo já se passou, pois a Maria Luiza – que faleceu há três meses – e a Maria Antônia já fizeram 16 anos."
Todos estavam comovidos e choravam diante do que acabava de ser revelado pelo espírito Maria Luiza: aquele senhor e sua esposa eram, na realidade, os tios das gêmeas, fato que as garotas ignoravam totalmente. A verdade só foi revelada após a morte de uma delas. Paralelamente, o casal também ignorava que a mãe das meninas ainda estivesse viva.
O referido senhor procurou investigar a exatidão das informações fornecidas pelo espírito. Foi à Baixada Fluminense e, na cidade indicada, encontrou o hospital mencionado na comunicação. Uma vez ali, deu o número fornecido pelo espírito, e na ficha do arquivo realmente constava: "Origem e qualificações ignoradas". Após falar com o diretor, foi –lhe permitido avistar-se com a paciente. Para seu espanto, reconheceu a irmã que fora dada como falecida e que, no entanto, se achava internada há mais de sete anos! Infelizmente, ela estava totalmente alienada e sem esperança de cura mental.
Esse caso é um fato verídico, cujos elementos comprobatórios foram-nos comunicados pelo sacerdote, pessoa de absoluta idoneidade. Apenas ocultamos os nomes dos protagonistas e os das meninas são pseudônimos. Agora, vamos à análise do caso.
Trata-se de um fenômeno típico denominado popularmente poltergeist. Vocábulo, este, de origem alemã e que significa "Espírito barulhento, desordeiro etc..."
A parapsicologia ortodoxa não aceita a interpretação embutida na palavra poltergeist. A maioria dos parapsicólogos nega qualquer possibilidade da ação de espíritos sugerida na conotação espiritualista contida na denominação desse fenômeno. Prefere a sigla RSPK (do inglês: Recurrent Spontaneous Psychokinesis), ou seja: "psicocinesia espontânea recorrente". Em outras palavras, eles adotam uma posição materialista reducionista, isto é, atribuem os fenômenos de poltergeist à ação psicocinética de uma pessoa viva presente no local dos fenômenos. Essa pessoa acionaria inconscientemente os objetos, devido às suas faculdades paranormais psicocinéticas. Não aceitam a intervenção de agentes incorpóreos espirituais. A essa pessoa assim dotada e inconscientemente causadora dos fenômenos de poltergeist, dão o nome de epicentro.
De acordo com o posicionamento reducionista dos parapsicólogos ortodoxos, no episódio que acabamos de relatar, o dono da casa teria sido epicentro do fenômeno, pois o arremesso dos tijolos havia cessado enquanto ele esteve fora à procura do sacerdote. O poltergeist voltou à atividade novamente quando ele retornou à sala. Além disso, o referido senhor caiu em transe quando o exorcista ordenou que o "causador" dos fenômenos se manifestasse.
O estranho de tudo isso é o fato de, em lugar do "inconsciente" do epicentro se manifestar dizendo: "quem está aqui sou eu, o inconsciente do sr. Fulano de tal (o dono da casa)", ele disse que era a finada Maria Luiza, justamente a gêmea falecida! Além disso, o "suposto inconsciente", que se identificou como sendo o espírito Maria Luiza, sabia que a irmã do dono da casa ainda estava viva, e indicou o local onde ela poderia ser encontrada, fornecendo o nome da cidade, do hospital psiquiátrico, número e qualificação da interna! Coisas que o "consciente" do epicentro ignorava totalmente.
É verdade que não falta imaginação aos parapsicólogos reducionistas para criar as mais engenhosas teorias e assim enquadrarem tais fatos dentro dos estreitos limites de suas "crenças racionais". Todavia, diante dos fatos, preferimos aceitá-los como eles são. Desse modo, ousamos propor uma tese que, com igual direito, inclui a existência do espírito imortal, a sobrevivência da personalidade após a morte do corpo físico, e a possibilidade da comunicação do morto com o vivo.

Reforma íntima
Como podemos ver, nem sempre um espírito que se utiliza de meios grosseiros para chamar a atenção é um espírito perverso. Neste caso, o espírito que se manifestou teve, provavelmente, o apoio de espíritos superiores, que dominam as leis que regem o mundo atômico, desagregando e tornando a agregar moléculas. Não podemos nos esquecer que matéria é energia em estado condensado. Para obter maiores informações, leia a matéria sobre Apport e Endoport publicada na Revista Cristã de Espiritismo edição especial 05.
O que fica claro é que o maior exorcismo que podemos praticar é a nossa iluminação interior, equilibrando sentimentos e pensamentos, harmonizando nossos hábitos e conduta no dia-a-dia a fim de garantirmos nossa saúde e paz espiritual, imunes às ações deletérias dos espíritos perversos, os "demônios".



Publicado na Revista Cristã de Espiritismo ed. 29


PAZ E LUZ!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

apport e endopport?


por Magaly Sonia Gonsalez

Antes de mais nada, já que vamos utilizar termos estrangeiros de origem francesa, vamos esclarecer o que eles significam. Segundo o dicionário Larousse, a palavra apport vem do infinitivo do verbo apporter, que significa “trazer”, enquanto que endopport quer dizer “trazer para dentro”.

Mas, afinal de contas, o que vem a ser exatamente apport e endopport? De acordo com estudiosos, são classificados na parapsicologia como fenômenos Psi-Kapa. Na doutrina espírita são considerados fenômenos de efeitos físicos.
O apport é o fenômeno de introdução de objetos em locais ou móveis fechados. Por exemplo: uma flor, uma cadeira, uma pedra etc., são transportadas para uma sala totalmente fechada e sem nenhuma abertura por onde esses objetos possam passar. William Crookes, cientista e estudioso da doutrina, que, a princípio, não acreditava nessa possibilidade, desafiou os espíritos a fazerem uma coisa muito mais simples: baixar o prato de uma balança lacrada de laboratório. Porém, ao prosseguir em suas pesquisas, Crookes viu e constatou a veracidade do fenômeno com objetos maiores e, muitas vezes, bastante pesados, conforme relata em seu livro Fatos Espíritas.
No entanto, nas atuais pesquisas da parapsicologia, esses fenômenos, considerados como de ação direta da mente sobre a matéria foram e continuam sendo produzidos. Até mesmo corpos humanos podem ser transportados de um local para outro sem que se perceba por onde passaram.
Mas por que fenômenos como esse acontecem e com que objetivo? Os espíritos pertubadores se valem desse fenômeno para assustar ou amedrontar suas vítimas. O prof. Friedrich Zollner, em seu livro Física Transcendental, relatou suas experiências com esses fenômenos na Universidade de Leipzig, na Alemanha. Pesquisadores da Universidade de Kirov, na Rússia, constataram e explicaram a mecânica desses fenômenos como sendo produzidos por emissões de correntes energéticas do corpo bioplásmico (perispírito) do médium. Assim, apesar das críticas, está perfeitamente confirmada a existência do apport.
Quanto ao fenômeno de endopport, ele é um pouco mais complexo, pois se refere à introdução de objetos nos corpos humanos. Ainda não teve uma explicação científica suficientemente comprovada por experiências de laboratório. É considerado, na medicina psiquiátrica, como um simples ato de autoflagelação. Porém, os fatos observados ultimamente contrariam as interpretações superficiais e apressadas das correntes psicoterapêuticas. O endopport está intimamente ligado aos casos de vampirismo (obsessão) e os observadores espíritas o consideram um fenômeno bifronte, ou seja, pode ser autoflagelação em alguns casos e de efeitos físicos em outros. E mesmo nos casos de possível autoflagelação, é admissível a interferência do obsessor em suas manifestações.
Por outro lado, há uma evidente e íntima correlação dos casos de endopport com os fenômenos de cura paranormal e operação mediúnica. Os casos de autoflagelação decorrentes de distúrbios psíquicos da vítima implicariam a ação consciente desta, introduzindo ela mesma os objetos em seu corpo. Favorece essa interpretação o fato de objetos como agulhas, pequenos fios de arame, pequenos estiletes de madeira ou de metal geralmente serem facilmente introduzidos no corpo, sempre com uma disposição que favorece a operação pela própria vítima ou quase sempre em partes do corpo que não oferecem possibilidades de prejuízos, como mutilações, deformações ou morte do paciente. Todavia, os cuidados também podem ser tomados pelos vampiros flagelados, que não pretendem tirar a vida da vítima, mas simplesmente torturá-la.
Nos casos de operações como as ocorridas anos atrás com a médium Bernarda Torrúbio, em Garça (SP), observadas por médicos de Marília (SP), ou as ocorridas com José Arigó, em Congonhas do Campo (MG), vistas por grande número de cirurgiões do Rio de Janeiro, São Paulo e do exterior (como a equipe de cientistas norte-americanos que pesquisou as faculdades do médium e as comprovou), verificaram-se transposições do operado para o médium. Este vomitava os resíduos da intervenção cirúrgica invisível no corpo do paciente, constatando-se posteriormente a eficácia da operação. Os interessados sobre o assunto podem consultar o livro Arigó: Vida, Mediunidade e Martírio, do prof. José Herculano Pires, que examina o caso em todos os aspectos, como o psicológico, o social, o psicopatológico e o mediúnico, além das implicações antropológicas e espirituais.
Para que se tenha um pouco mais de luz sobre o assunto, o prof. Herculano Pires afirma que a cirurgia “simpatética” de Arigó, bem como a da médium Bernarda Torrúbio, processava-se de maneira simples, através de incorporação mediúnica e imposição das mãos sem toque no paciente. Este sentia engulhos, dores leves e, quando supunha que ia vomitar, era o médium quem vomitava os resíduos da operação. Nesse processo, é evidente que havia uma transposição dos resíduos do organismo do paciente operado para o estômago do médium, que os expelia. A realidade desse fato nos leva a acreditar que, em cada operação, ocorre a evidência de uma dupla ação de endopport, tanto no paciente como no médium, confirmando a possibilidade da introdução de objetos no corpo físico por entidades vampirescas.

Endopport: um bem ou um mal?
Como vemos, o endopport é um tipo de fenômeno mediúnico que abre largas perspectivas no campo da cirurgia paranormal. Como todos os fenômenos mediúnicos, não serve apenas à ação obssessiva, mas também e sobretudo à cirurgia mediúnica. O desenvolvimento das pesquisas espíritas nesse campo poderá confirmar o que declarou o Dr. Sérgio Valle em uma entrevista que foi publicada pelo prof. José Herculano Pires, em seu livro sobre Arigó: “Ele emprega em seus trabalhos mediúnicos uma supermedicina”. Cirurgião oftalmologista de renome, com teses científicas publicadas aqui e no exterior, especialista em hipnotismo e suas aplicações clínicas, o Dr. Sérgio Valle (já desencarnado), que estudou o médium, nunca aceitou as acusações de que Arigó empregava a hipnose para anestesiar os pacientes, provando tecnicamente a impossibilidade dessa prática por um médium rústico e absolutamente leigo no assunto. Ele afirmava que a anestesia e a assepsia usadas pelo médium eram de origem puramente espiritual.
As ocorrências de fenômeno de endopport são tão raras que, em geral, não aparecem nos livros de estudos mediúnicos. Entretanto, tivemos algumas ocorrências anos atrás que causaram espanto no próprio meio espírita. A persistência desses fenômenos e sua aparente resistência às práticas espíritas de combate ao vampirismo chegaram a amedrontar muitas pessoas. Existem casos que foram tratados durante 10, 15 e até mais anos sem que se tenha obtido qualquer solução. As vítimas são consideradas autoflagelantes e o caso interessa pouco aos clínicos, que se cansam de tratá-las sem resultados. No entanto, os pesquisadores espíritas descobriram que se trata de um vampirismo altamente agressivo e, assim, desenvolveram uma técnica mediúnica de doutrinação complementada por passes e estímulos às vítimas, para reagirem com compreensão às agressões e aos agressores.
A evangelização é parte fundamental da terapêutica, pois tudo indica que a agressão decorre de conseqüências do passado, de vidas anteriores, quando pessoas hoje atingidas praticaram atrocidades contra os espíritos que desejam se vingar no presente. Como nos ensinou Allan Kardec, “o provérbio popular segundo o qual morto o cão, morta a raiva, não se aplica aos homens”. As vítimas de violência e assassinatos não morrem, pois sobrevivem à destruição do corpo carnal e geralmente guardam seus ressentimentos, procurando se vingar assim que possível.
As dificuldades de solução do problema decorrem, muitas vezes, devido a uma mentalidade de tendência masoquista, semeada na Terra por milênios de interpretações religiosas convencionais que dominam a maioria das criaturas. Dentro desta visão, os carrascos do passado desejariam se submeter ao flagelo para aliviarem suas consciências. Reencarnam com essa intenção e, por isso, resignam-se a passar pelos sofrimentos do resgate de suas faltas. Em geral, mostram-se conformados e sofrem pacientemente o revide que vem de longe, de outras vidas. Os problemas de consciência são muito mais agudos no mundo espiritual e, para se livrarem deles, estão dispostos a todos os sacrifícios na atual encarnação.
Precisamos lembrar que não estamos na Terra para gozar ou sofrer, mas para enfrentarmos as necessidades de nossa evolução. Ela não nos leva para o servilismo degradante, mas para a consciência de nosso destino superior, como criaturas espirituais que somos. Se, em uma sessão de desobsessão, o doutrinador conseguir dar a esses seres amedrontados uma visão mais racional da evolução espiritual, conseguir-se-á despertar neles a fé nos objetivos maiores de Deus, gerando a esperança e fortificando os espíritos.
O Espiritismo reúne em seus princípios a Ciência, a Filosofia e a Religião, aprofundando nossa visão da realidade. Não somos condenados, somos criaturas livres e temos que nos aprimorar para assumirmos toda a liberdade de seres conscientes de nosso destino superior. Se estamos em processos dolorosos provenientes de erros cometidos em vidas anteriores, dispomos também da vida presente e das vidas futuras para corrigirmos nossos erros. Deus não quer nosso sofrimento, mas nossa libertação. Foi isso que Jesus quis passar quando disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”.
Portanto, a utilização dos fenômenos de endopport no vampirismo é proveniente de nossa arrogância, que nos levou a uma situação humilhante. Entretanto, se soubermos usar isto para desenvolvermos a humildade, veremos que as entidades obsessoras começarão a aprender, com nosso exemplo corajoso, a vencer as dificuldades a que também estão expostas. Nossa cura não pode ser obtida pela negação de nossas potencialidades divinas, mas pelo desenvolvimento delas em nós. Temos que analisar nossa condição atual e pesar prós e contras de nosso comportamento, procurando modificá-lo e reajustá-lo aos nossos verdadeiros interesses.
A obsessão é uma forma de escravização. Escravizamo-nos aos outros por preguiça ou indolência e os outros se escravizam a nós pelos mesmos motivos. Se resolvermos ser livres, vamos descobrir que podemos fazer e desfazer as coisas por nós mesmos, não precisaremos sugar dos outros o que temos em nós. Os vampiros (obsessores) sugam o mundo porque este é feito por nós, à nossa imagem e semelhança. Assim, se mudarmos nossa maneira de encarar o mundo, ele também se modificará.

Casos de endopport
O fenômeno do endopport é conseqüência das inúmeras e incessantes opressões que exercemos sobre os outros e vice-versa. Para ilustrar o que dizemos, vamos dar alguns exemplos.
O primeiro foi um caso ocorrido em Bauru (SP), com uma menina entre 15 e 16 anos de idade. Ela era vítima da introdução de botões comuns de vestuário nas regiões subcutâneas, nos braços, nas pernas e no corpo. Os botões eram introduzidos a qualquer momento, sem deixar cicatrizes na pele. O pai da menina era obrigado a levá-la para uma farmácia local ou consultórios médicos, onde era feita a incisão para extrair cada botão.
O segundo caso ocorreu também com uma menina da mesma idade da primeira, só que eram introduzidos agulhas e pedaços de arame na hipoderme da vítima. Às vezes, como ocorreu em São Paulo, quando a levaram para uma exibição na extinta TV Tupi, a introdução instantânea de espirais de arame se produzia, provocando dor, mas sem deixar sinais na epiderme. Para livrar a menina desse corpo estranho na sola do pé, que a impedia de andar, era preciso uma operação demorada. Um amigo, cirurgião-dentista em Jaboticabal (SP), onde ocorreu o fato, recorreu a um instituto de parapsicologia na capital paulista, mas este não teve condições de tratar o caso.
Com esta mesma menina, ocorriam também manifestações ígneas (capacidade para produzir fogo espontaneamente) que muito a atormentavam. Nas casas onde trabalhava como doméstica, acendiam-se labaredas inesperadamente, em lugares perigosos, queimando as roupas e outros objetos. Sempre acusada, acabava perdendo o emprego. Desesperada, suicidou-se. Os espíritos a acusavam de haver praticado magia negra no passado.
E não poderíamos deixar de citar aqui um impressionante caso de vampirismo. Em um determinado trabalho mediúnico, apareceu um jovem completamente obsediado e que simplesmente tinha uma entidade enraizada em seu estômago. Por esse motivo, os médicos encarnados nunca conseguiram curá-lo. Só que o enraizamento era tão intenso, antigo e profundo que foi preciso construir uma “prótese energética” para substituir temporariamente o estômago espiritual do paciente. Então, com recursos que desconhecemos, o órgão foi levado ao hospital, onde a entidade vampirizadora pôde ser removida. Os espíritos pediram ainda que o rapaz voltasse à noite, em espírito, para que fosse recolocado nele o órgão restaurado. Em menos de uma semana, acalmaram-se não apenas as dores, mas também outras perturbações do jovem.
Casos como os citados acima nos revelam a necessidade de se encarar a solução do problema do endopport de frente, sem preconceitos. É bastante angustiante a situação das vítimas, que, além de suas dores físicas, ainda têm de enfrentar suspeitas em seu próprio ambiente famíliar, de trabalho e no círculo de amizades, sem contar as condições psicológicas que certamente não são das melhores, necessitando de apoio nesse campo também.
Paralelamente, alguns sacerdotes procuraram e ainda procuram explicar tais fenômenos, em geral, sem conseguir convencer ninguém. As manifestações espíritas que acompanham essas ocorrências têm sido dadas por espíritos inferiores, que se referem apenas aos motivos cármicos, não fazendo referência ao mecanismo do endopport.
De acordo com pesquisas sobre apport realizadas pelo prof. Friedrich Zollner, na Universidade de Leipzig, existe a possibilidade de interpenetração de corpos estranhos em estruturas materiais fechadas. O fenômeno obsessivo de endopport possui conseqüências físicas materiais, mas sua natureza é moral e, portanto, uma questão de consciência. Nele estão envolvidos dois psiquismos em luta, duas consciências que precisam ser esclarecidas, sendo completamente inútil tentarmos resolver a questão por meios físicos.
Na verdade, temos realmente de recorrer aos processos espirituais da prece, do passe e da doutrinação. Essas são as únicas formas capazes de agir sobre entidades obsessoras e espíritos em geral, como Kardec ensinou, pois provêm da autoridade moral de criaturas esclarecidas. Só a autoridade moral de um espírito encarnado pode influir sobre o comportamento dos espíritos desencarnados. Assim sendo, os princípios doutrinários do Espiritismo nos obrigam a atender e socorrer o obsessor e sua “vítima”, dissuadindo o primeiro de suas intenções vingativas e o segundo de sua atitude passiva e conformista.
As curas para casos de vampirismo existem, mas como diz André Luiz, “a graça do céu não desce a esmo, tem que ser merecida”. E este merecimento é medido pelo esforço e dedicação desenvolvidos por aqueles que ainda estão ligados ao ódio e à vingança contra inimigos do passado. Com grande sabedoria e discernimento, Emmanuel explica que “no campo do espírito, as penas podem ser diminuídas e até extintas, desde que o aprendiz do evangelho esteja disputando o favor de servir ao próximo”.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 58.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O ESPIRITÍSMO É UMA RELIGIÃO?



"Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, aí estarei com eles” - Mateus XVIII, 20.



Caros irmãos e irmãs espíritas.



Estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar aos nossos irmãos que deixaram a Terra, um testemunho particular de simpatia; para continuar as relações de afeição e de fraternidade que existiam entre eles e nós em vida, e para chamar sobre eles a bondade do Todo-Poderoso. Mas, por que nos reunir? Não podemos fazer, cada um em particular, o que nos propomos fazer em comum? Qual a utilidade que pode haver em se reunir assim num dia determinado?
Jesus no-lo indica pelas palavras citadas no alto. Esta utilidade está no resultado produzido pela comunhão de pensamentos que se estabelece entre pessoas reunidas com o mesmo objetivo.
Mas compreende-se bem todo o alcance da expressão: “Comunhão de pensamentos?” Seguramente, até este dia, poucas pessoas dela tinham feito uma idéia completa. O Espiritismo, que nos explica tantas coisas, pelas leis que nos revela, vem ainda nos explicar a causa, os efeitos e o poder desta situação do espírito.
Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento seja uma força; mas é uma força puramente moral e abstrata? Não; do contrário não explicariam certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão do pensamento. Para o compreender, é preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-las ensina.
O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria: sem o pensamento, o espírito não seria espírito. A vontade não é atributo especial do espírito: é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motriz. É pela vontade que o espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido. Mas se ele tem a força de agir sobre os órgãos materiais, como não deve ser maior esta força sobre os elementos fluídicos que nos cercam! O pensamento age sobre os fluídos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluídos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode, pois, dizer-se com toda a verdade que há nesses fluídos ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros.
Uma assembléia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos em que cada um produz a sua nota. Resulta daí uma porção de correntes e de eflúvios, cada um dos quais recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de musica cada um recebe a impressão dos sons, pelo sentido da audição.
Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto for harmônico, a impressão será agradável; se for discordante, a impressão será penosa. Ora, para isso não é preciso que o pensamento seja formulado em palavras; a radiação fluídica não existe menos, seja ou não expressa; se todas forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro bem-estar e sentir-se-ão à vontade; mas si se misturarem alguns pensamentos maus, produzem, o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido.
Tal é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí como que reina uma atmosfera moral salubre, onde se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque se ficou impregnado de eflúvios fluídicos salutares. Assim se explica, também, a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, em que pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs.
A comunhão de pensamentos produz, assim, uma espécie de efeito físico, que reage sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia dar a compreender. O homem o sente instintivamente, desde que procure as reuniões onde sabe que encontra essa comunhão. Nas reuniões homogêneas e simpáticas adquire novas forças morais; poder-se-ia dizer que aí recupera as perdas fluídicas que tem diariamente, pela radiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.
A esses efeitos da comunhão dos pensamentos junta-se um outro que é a sua conseqüência natural, e que importa não perder de vista: é o poder que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto de pensamentos ou vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, esta força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número de braços.
Aceito este ponto, concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os Espíritos, haja, numa reunião onde reine uma perfeita comunhão de pensamentos, uma força atrativa ou repulsiva, que nem sempre possui o indivíduo isolado. Se, até o presente, as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela dificuldade de obter uma homogeneidade perfeita de pensamentos, o que depende da imperfeição da natureza humana na terra. Quanto mais numerosas as reuniões, mais aí se misturam elementos heterogêneos, que paralisam a ação dos bons elementos, e que são como grãos de areia numa engrenagem. Assim não é nos mundos mais adiantados, e tal estado de coisas mudará na Terra, à medida que os homens se tornarem melhores.
Para os espíritas a comunhão de pensamentos tem um resultado ainda mais especial. Vimos o efeito dessa comunhão de homem a homem; o Espiritismo nos prova que não é menor dos homens para os Espíritos, e reciprocamente. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos; assim, vemos que a tática destes últimos é impelir para a divisão e para o isolamento. Sozinho, o homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade for corroborada por outras vontades, poderá resistir, segundo o axioma: “A união faz a força”, axioma verdadeiro no moral quanto no físico.
Por outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será secundada. Sua influência salutar não encontrará obstáculos; não sendo os seus eflúvios fluídicos detidos por correntes contrárias, espalhar-se-ão sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não cada um em proveito pessoal, mas em proveito de todos, conforme a lei da caridade. Descerão sobre eles em línguas de fogo, para nos servir de uma admirável imagem do Evangelho.
Assim, pela comunhão de pensamentos, os homens se assistem entre si, e ao mesmo tempo assistem os Espíritos e são por estes assistidos. As relações entre o mundo visível e o mundo invisível não são mais individuais, são coletivas, e, por isso mesmo, mais poderosas para o proveito das massas, como para o dos indivíduos. Numa palavra, estabelece a solidariedade, que é à base da fraternidade. Ninguém trabalha para si só, mas para todos, e trabalhando por todos cada um aí encontra a sua parte. É o que não compreende o egoísmo.
Graças ao Espiritismo, compreendemos então, o poder e os efeitos do pensamento coletivo; explicamo-nos melhor o sentimento de bem-estar que se experimenta num meio homogêneo e simpático; mas sabemos igualmente, que há o mesmo com os Espíritos, porque eles também recebem os eflúvios de todos os pensamentos benevolentes que para eles se elevam, como uma nuvem de perfume. Os que são felizes experimentam uma maior alegria por esse concerto harmonioso; os que sofrem sentem um maior alívio.
Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que esta deve e pode exercer toda a sua força, porque o objetivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria. Infelizmente, em sua maioria, afastaram-se desse principio, à medida que faziam da religião uma questão de forma. Disso resultou que cada um, fazendo consistir seu dever na realização da forma, julga-se quite para com Deus e os homens quando pratica uma fórmula. Disso resulta ainda que “cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta, e o mais das vezes sem nenhum sentimento de confraternização em relação aos outros assistentes; está isolado em meio à multidão, e não pensa no céu senão para si mesmo”.
Certamente não era assim que o entendia Jesus, quando disse: “Quando estiverdes diversos reunidos em meu nome, estarei no meio de vós”. Reunidos em meu nome quer dizer com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina. Ora, qual é o principio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e obras. Os egoístas e os orgulhosos mentem quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus os desautoriza por seus discípulos.
Feridas por estes abusos e por estes desvios há criaturas que negam a utilidade das assembléias religiosas e, por conseguinte, dos edifícios consagrados a tais assembléias. Em seu radicalismo, pensam que melhor seria construir hospícios do que templos, desde que o templo de Deus está em toda a parte, que pode ser adorado em toda parte, que cada um pode orar em casa e a qualquer hora, ao passo que os pobres, os doentes e os enfermos necessitam de lugares de refúgio.
Mas pelo fato de se cometerem abusos, por se afastarem do reto caminho, segue-se que não existe o reto caminho e que tudo aquilo de que se abusa seja mal? Falar assim é desconhecer a fonte e os benefícios da comunhão de pensamentos, que deve ser a essência das assembléias religiosas; é ignorar as causas que a provocam. Que os materialistas professem semelhantes idéias, concebe-se porque para eles, em todas as coisas fazem abstração da vida espiritual; mas da parte dos espiritualistas, e melhor ainda, dos espíritas, seria um contra-senso. “O isolamento religioso, como o isolamento social, conduz ao egoísmo”. Que alguns homens sejam bastante fortes por si mesmos, muitos largamente dotados pelo coração, para que sua fé e sua caridade não necessitem ser reaquecidas num foco comum, é possível; mas assim não se dá com as massas, à qual é preciso um estimulante, sem o qual elas poderiam deixar-se ganhar pela indiferença. Além disso, qual o homem que possa dizer-se bastante esclarecido para não ter nada a aprender no tocante aos interesses futuros? E bastante perfeito para dispensar conselhos na vida presente? É sempre capaz de instruir-se por si mesmo? Não; à sua maioria são necessários ensinamentos diretos em matéria de religião e de moral, como em matéria de ciência. Sem contradita, esse ensinamento pode ser dado por toda a parte, sob a abóbada do céu, como sob a de um templo; mas por que não teriam os homens lugares especiais para os negócios do céu, como o têm para os negócios da Terra? Por que não teriam assembléias religiosas, como têm assembléias políticas, científicas e industriais? Aqui está um jogo onde se ganha sempre, sem que ninguém perca. Isto não impede as fundações em proveito dos infelizes; mas dizemos a mais que “quando os homens compreenderem melhor seus interesses do céu haverá menos gente nos hospícios”.
Se as assembléias religiosas – falamos em geral, sem alusão a qualquer culto – muitas vezes se afastaram bastante do objetivo primitivo principal, que é a comunhão fraterna do pensamento; se o ensino que aí é dado nem sempre seguiu o movimento progressivo da humanidade, é que os homens não realizam todos os progressos ao mesmo tempo; o que não fazem num período, fazem-no em outro; à medida que se esclarecem, vêem as lacunas que existem em suas instituições, e as preenchem; compreendem que o que era bom numa época, em relação ao grau de civilização, torna-se insuficiente num estado mais adiantado, e restabelecem o nível. Sabemos que o Espiritismo é a grande alavanca do progresso em todas as coisas; marca uma era de renovação. Saibamos, pois, esperar, e não peçamos a uma época mais do que ela pode dar. Como as plantas, é preciso que as idéias amadureçam para serem colhidos os frutos. Além disso, saibamos fazer as concessões necessárias nas épocas de transição, porque nada, na natureza, se opera de maneira brusca e instantânea.
Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a “comunhão de pensamentos”; é que, com efeito, a palavra “religião” quer dizer “laço”. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que “religa” os homens numa comunidade de sentimentos, de principio e de crenças. Consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. É neste sentido que se diz: “a religião política”; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra “religião” não é sinônimo de “opinião”; implica uma idéia particular; a “de fé conscienciosa”; eis porque se diz também: “a fé política”. Ora, os homens podem envolver-se, por interesse num partido, sem ter fé nesse partido, e a prova é que o deixam sem escrúpulo, quando encontram seu interesse alhures, ao passo que aquele que o abraça por convicção é inabalável; persiste ao preço dos maiores sacrifícios e é a abnegação dos interesses pessoais que é a verdadeira pedra de toque da fé sincera. Contudo, se a renúncia a uma opinião, motivada pelo interesse, é um ato de desprezível covardia, é, ao contrário, respeitável, quando fruto do reconhecimento do erro em que se estava; é, então, um ato de abnegação e de razão. Há mais coragem e grandeza em reconhecer abertamente que se enganou, do que persistir, por amor-próprio, no que se sabe ser falso e para não se dar um desmentido a si próprio, o que acusa mais teimosia do que firmeza, mais orgulho do que razão, e mais fraqueza do que força. E mais ainda: é hipocrisia, porque se quer parecer o que não se é; além disso, é uma ação má, porque é encorajar o erro por seu próprio exemplo.
O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, um laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une como conseqüência da comunidade de vistas e de sentimentos, “a fraternidade e a solidariedade”, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família.
Se assim é, perguntarão então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem duvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza.
Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque não há uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, si se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.
Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um titulo sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.
As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa. Pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que por isto as tomem por “assembléias religiosas”. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão é devida à falta de um vocábulo para cada idéia.
Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se devem confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para todos, ou, por outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, desde que sabemos que os mortos sempre fazem parte da humanidade.
A caridade é a alma do Espiritismo: ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes; eis porque se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade.
Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido. E se os Espíritos não cessam de a pregar e a definir, é que, provavelmente reconhecem que isto ainda é necessário.
O campo da caridade é muito vasto: compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões: “Caridade beneficente e Caridade benevolente”. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de toda gente, do mais pobre ao mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade pode estabelecer limites à benevolência.
Que é preciso, então, para praticar a caridade benevolente? Amar ao próximo como a si mesmo: ora, si se amar ao próximo tanto quanto a si, amar-se-ão muito; agir-se-á para com outrem como se quereria que os outros agissem para conosco; não se quereria fazer mal a ninguém, porque não quereríamos que no-lo fizessem.
Amar ao próximo é, pois, abjurar todo sentimento de ódio, de animosidade, de rancor, de inveja, de ciúme, de vingança, numa palavra, todo desejo e todo pensamento de prejudicar; é perdoar os inimigos e retribuir o mal com o bem; ser indulgente para as imperfeições de seus semelhantes e não procurar a palha no olho do vizinho, quando não se vê a trave no seu; é cobrir ou desculpar as faltas dos outros, em vez de se alegrar em as pôr em relevo por espírito de aviltamento; é ainda não se fazer valer à custa dos outros; não procurar esmagar a pessoa sob o peso de sua superioridade; não desprezar ninguém por orgulho. Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é palavra vã; é a caridade do verdadeiro Espírita, como do verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: “Fora da Caridade não há salvação”, pronuncia sua própria condenação, tanto neste quanto no outro mundo.
Quanta coisa haveria a dizer a tal respeito? Que belas instruções nos dão os Espíritos incessantemente! Sem o receio de alongar-me e de abusar de vossa paciência, senhores, seria fácil demonstrar que, em se colocando no ponto de vista do interesse pessoal, egoísta, si se quiser, porque nem todos os homens estão maduros para uma completa abnegação, para fazer o bem unicamente por amor do bem, seria fácil demonstrar que têm tudo a ganhar em agir deste modo e tudo a perder agindo diversamente, mesmo em suas relações sociais; depois, o bem atrai bem e a proteção dos bons Espíritos; o mal atrai o mal e abre a porta à malevolência dos maus. Mais cedo ou mais tarde o orgulhoso será castigado pela humilhação, o ambicioso pelas decepções, o egoísta pela ruína de suas esperanças, o hipócrita pela vergonha de ser desmascarado; aquele que abandona os bons Espíritos por estes é abandonado e, de queda em queda, se vê, por fim, no fundo do abismo, ao passo que os bons Espíritos erguem, amparam aquele que, nas maiores provações, não cessa de se confiar à Providência e jamais se desvia do reto caminho; aquele, enfim, cujos secretos sentimentos não dissimulam nenhum pensamento oculto de vaidade ou de interesse pessoal. Então, de um lado, ganho assegurado; do outro, perda certa; cada um, em virtude do livre-arbítrio, pode escolher a chance que quer correr, mas não poderá queixar-se senão de si mesmo pelas conseqüências de sua escolha.
Crer num Deus Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na pré-existência da alma como única justificação do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento moral e intelectual; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente com a perfeição; na equitável remuneração do bem e do mal, conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada pela imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade que liga o mundo visível ao invisível; na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna; aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam e não violentar a consciência de ninguém; ver enfim nas descobertas da ciência a revelação das leis da natureza, que são as leis de Deus; eis o “Credo, a religião do Espiritismo”, religião que se pode conciliar com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.
Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz e se pouparão males inumeráveis, que nascem da discórdia, por sua vez filha do orgulho, do egoísmo, da ambição, do ciúme e de todas as imperfeições da humanidade.
O Espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para a felicidade aqui na terra, porque lhes ensina a se contentarem com o que têm. Que os espíritas sejam, pois, os primeiros a aproveitar os benefícios que ele traz, e que inaugurem entre si o reino da harmonia, que resplenderá nas gerações futuras.
Os Espíritos que nos rodeiam aqui são inumeráveis, atraídos pelo objetivo que nos propusemos ao nos reunir, a fim de dar aos nossos pensamentos a força que nasce da união. Demos aos que nos são caros uma boa lembrança e o penhor de nossa afeição, encorajamento e consolações aos que estão necessitados. Façamos de modo que cada um recolha a sua parte dos sentimentos de caridade benevolente, de que estivermos animados, e que esta reunião dê os frutos que todos têm o direito de esperar.



Allan Kardec
PAZ E LUZ!