quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A obsessão


O que é Obsessão?
A Obsessão é o domínio que alguns Espíritos adquirem sobre outros, quer encarnados ou desencarnados, provocando-lhes desequilíbrios psíquicos, emocionais e físicos É uma espécie de constrangimento moral de um indivíduo sobre outro. Pode ser de encarnado para encarnado, encarnado para desencarnado, desencarnado para encarnado e desencarnado para desencarnado. Essa influência negativa e irracional traz para as pessoas problemas diversos, o que as tornam enfermas da alma, necessitando de cuidados, como toda doença. Normalmente se faz tratamento das obsessões em centros espíritas kardecistas sérios.
Se a Obsessão é uma doença da alma, quais são seus sintomas?
A obsessão apresenta sintomas tais como: angústia, depressão, perturbação do sono (insônia ou pesadelos), mau humor, desinteresse pelo estudo ou pelo trabalho, isolamento social, pensamentos suicidas, desregramento sexual etc. Não se segue daí, que se conclua que todos os portadores desses sintomas estejam obsediados. Há diversas outras causas, conhecidas da ciência médica, que podem provocar sintomatologia semelhante.
E como se pode tratar essa doença espiritual?
A obsessão, sendo uma doença da alma, deverá ser curada definitivamente com a melhoria do indivíduo no campo moral e intelectual. O Espiritismo (doutrina de Allan Kardec) oferece tratamento seguro para essas doenças, pois trata o problema abordando os dois lados da vida. Se for um Espírito desencarnado, ele será chamado por meio de evocações particulares, nas reuniões sérias de intercâmbio espiritual, para uma conversa e conscientização do mal que está praticando. Do lado do encarnado, se cuidará de tratar com a evangelização (moralização) e pela fluidoterapia (aplicação de passes), levando-o ao entendimento do que precisa fazer para libertar-se do mal.
Como o Espírito recém-desencarnado recebe um novo envolvimento amoroso de sua esposa, ainda encarnada no mundo material? Ele não o aceita? Poderá interferir nessa relação? Há um tempo de espera, para que o cônjuge encarnado possa ter novo relacionamento sem magoar quem já desencarnou?
Quando o Espírito se desprende da carne, ele entra em uma outra dimensão de vida que é a vida espiritual. Lá, terá um nova percepção das coisas, tendo um raciocínio mais livre, mais pleno, pois não está mais confinado aos limites da matéria. Compreende que viverá outros aprendizados e que os afetos deixados na vida terrena igualmente terão também experiências necessárias ao progresso individual e coletivo. Entretanto, se ele for um Espírito pouco adiantado, permanecerá preso ao seu mundo mental, vivenciando as situações que vivia quando em vida, principalmente se cultivou paixões e sentimentos de posse exacerbados.
Poderá com isso sofrer, se seus entes queridos agem com desinteresse afetivo por ele, se entram em disputa por heranças ou mesmo se seus "amores" interessam-se por outras pessoas. Poderá interferir na vida das pessoas, muitas vezes originando processos obsessivos.
Neste caso, deve-se procurar ajuda espiritual numa casa espírita kardecista, para que o problema seja devidamente equacionado. Claro, essas situações de perturbações são de exceção. Normalmente o que se observa é a compreensão por parte de quem partiu. Não há um tempo específico que seja adequado para que se tenha novo envolvimento amoroso. Vai depender da situação de cada criatura. Nas relações verdadeiras, sinceras e duradouras, geralmente quando um parte o outro permanece um bom tempo sem que encontre substituição em seu coração, quando não opta por permanecer sozinho. Entretanto, nas relações difíceis, que são maioria esmagadora no planeta, a perda não se constitui em problema. Todas essas coisas são regidas pelos sentimentos. O tempo, neste caso, é o que menos importa.
Gostaria de saber como se identifica uma obsessão de encarnado para desencarnado. E como se livrar disso?
Sabe-se que a obsessão é uma espécie de constrangimento de um Espírito sobre outro e que isso se dá através da lei das afinidades espirituais (vide pergunta 42). Portanto, as influências ruins podem partir dos encarnados para os desencarnados também. Geralmente isso acontece nas situações onde entre os dois indivíduos existe uma relação em desequilíbrio, tanto de "amor" quanto de "ódio". Pode parecer estranho que se afirme que relações de amor possam gerar processos obsessivos, mas o amor desmedido e possessivo entre duas pessoas (mesmo que seja entre mãe e filho), geram desequilíbrios os mais diversos. Se um deles desencarna é claro que o sentimento permanece o mesmo, a menos que um deles venha a se libertar dele através do esclarecimento. Da mesma forma nos casos de pessoas que desencarnam deixando heranças em que os herdeiros ficam insatisfeitos e não tinham boa relação de afeto com o desencarnado, gerando condições fluídicas mórbidas que envolvem os dois planos. A única forma de se livrar desses problemas é buscando o esclarecimento, procurando uma casa espírita que tenha experiência nesse tipo de atendimento. O tratamento espiritual, esclarecendo os envolvidos no processo, aliado à mudança de postura do indivíduo é a chave para os problemas espirituais de toda ordem.
A depressão pode estar relacionada com obsessão? Como?
Os processos obsessivos moderados e graves levam quase sempre a um estado mórbido mental, que favorece enormemente os estados depressivos, com toda a sintomatologia que esta doença produz. Entretanto, nem todos os quadros depressivos podem ser atribuídos às influências espirituais. Existem mecanismos orgânicos, decorrentes de falhas em sínteses hormonais que explicam cientificamente a depressão. Evidentemente que mesmo nesses casos, pode haver influenciação espiritual por conta da atitude mental da criatura, embora não seja esse o agente causador do processo.
Há a possibilidade de ocorrer uma auto-obsessão, ou seja, de uma pessoa encarnada ser obsediada por ela mesma?
Sim, há essa possibilidade e não é rara. São pessoas que se encontram numa condição mental doentia, atormentando-se a si mesmo. Vivem em um mundo de desarmonia interior e buscam culpar tudo o que há em sua volta, gerando cada vez mais sofrimentos para si mesma e para quem com ela convive. As causas geralmente residem nos problemas anímicos do indivíduo, ou seja, nos seus próprios dramas pessoais. São traumas, remorsos, culpas e situações provindas do seu mundo íntimo e que prejudicam sua normalidade psicológica. Certamente, por conta de sua atitude mental, entram em sintonia com ambiente espiritual de igual teor, o que agrava o quadro, embora não seja esta a causa determinante da enfermidade. Além da evangelização espírita, costumam-se beneficiar-se enormemente com as psicoterapias, no que devem ser estimulados.
Uma convulsão poderá ser sintoma de uma obsessão?
Geralmente as convulsões não são sintomas de obsessão (embora ela possa aparecer associada à enfermidade). As convulsões propriamente ditas são ocasionadas por falhas na estrutura orgânica do homem e necessita de tratamento médico especializado. As alterações do sensório ocasionadas por influências espirituais, não configuram convulsões com o cortejo clínico estudado pela ciência médica terrena. Portanto, há que se ter cautela ao lidar com pessoas que tem crises convulsivas e que querem tratar-se nas casas espíritas. Elas podem ser portadoras de enfermidade epiléptica e necessitam de avaliação médica. Crises de subjugação possuem algumas características das crises epilépticas, mas são bem diferentes. Na epilepsia quase sempre o paciente perde a consciência e desfalece, com movimentos motores involuntátios. Na crise de subjugação, não! Observa-se brusca mudança de comportamento e o perturbado pode cair ao chão, porém, não desfalece e comporta-se como se fosse uma outra pessoa.
Como devemos proceder junto a uma pessoa que está sob o império da fascinação?
Casos de fascinação são muito comuns entre encarnados, e mesmo dentro das casas espíritas que endeusam seus médiuns ou dirigentes. Antes de concluirmos se uma pessoa está sendo vítima da terrível fascinação, é preciso pesar na balança do bom senso. Levemos o problema ao exame de sociedades idôneas, que não estejam sob o domínio das nossas idéias, para opinarem. Se tivermos certeza da obsessão, devemos procurar orientar aquele que padece. Havendo abertura, temos que ir esclarecendo o enfermo aos poucos, fazendo-o ver a presença da má influência. O que acontece na maioria das vezes, é a existência. O espírita é orgulhoso e, geralmente, não aceita que esteja mal assistido. Nestes casos, o melhor é deixá-lo nas mãos da influência em que se compraz. Só aprenderá com a dor.

Escrito por Grupo Espírita Bezerra de Menezes.
PAZ E LUZ!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Equilíbrio interior


Hoje em dia é muito comum ouvir as pessoas dizerem que estão estressadas. Também... não param! Vivem ansiosas, preocupadas com um futuro que não chega nunca, pois enquanto fazem uma coisa, a mente já está pensando no que fazer em seguida...
A dificuldade para viver o presente – de corpo e alma – é enorme, e isso é péssimo, pois além de desperdiçarmos nossa energia, prejudicamos nosso corpo e nossos relacionamentos.Eu explico: é que quando nosso corpo entra em estado de alerta, devido a uma situação inesperada que surge nos oferecendo algum tipo de ameaça, nosso metabolismo se altera. Nosso batimento cardíaco fica acelerado, a musculatura fica tensa, etc. Isso tudo é uma reação natural do nosso organismo, para combatermos o que nos ameaça. O problema é que quando esse estado se prolonga a ponto de se tornar constante, habitual, nosso corpo sofre as consequências, que podem variar, tais como: dores musculares, baixa imunidade, gastrite, crises nervosas, etc. Sem contar os problemas psicológicos e emocionais que podem ser agravados com esta situação, como depressão, fobias, síndrome do pânico...
Como eu disse nossos relacionamentos também ficam prejudicados, pois quase nunca temos tempo para o outro. Nossas metas e tarefas cotidianas são tantas que não conseguimos nos conectar com a realidade do próximo. Perdemos a capacidade de ouvir e, muitas vezes, até mesmo de receber, pois nunca estamos abertos e disponíveis de verdade. Conversamos “da boca pra fora”, mas a mente e o coração nem sempre estão presentes.
Essa maneira desequilibrada de viver é uma epidemia, onde um influencia o outro, seja no trabalho, no trânsito... ou em casa, quando descarregamos na família toda nossa carga emocional negativa.
Isso tudo tem que mudar! Comece hoje mesmo a se questionar: do que eu tenho tanto medo? O que me deixa constantemente preocupado ou irritado? Por que será que eu sempre estou “correndo”, pensando no que fazer? Será que todas as tarefas que me dispus a realizar hoje são imprescindíveis? Não tem como pedir para alguém me ajudar em uma ou outra tarefa? Eu tenho me organizado da melhor maneira possível?
Essas perguntas iniciais nem sempre são fáceis de responder. Por isso, eu recomendo algumas técnicas que podem auxiliar você a acalmar a mente e pacificar o coração, para que certas realidades do seu “eu” venham à tona.
Procure praticar, por exemplo: meditação, yoga, tai chi chuan, exercícios bioenergéticos ou a prece. Isso vai ajudar a mudar o seu padrão emocional. Se for necessário partir para algo mais “físico”, eu aconselho os esportes, as artes marciais, etc. Sem falar na Arte, que é uma grande ferramenta para o autoconhecimento. Que tal aula de teatro, dança, pintura ou música? Se for necessário uma ajuda profissional, que tal um psicólogo da linha transpessoal?
Além disso, tudo, se você é espiritualista, procure frequentar seu centro espírita, O convívio social, vivido com um espírito sincero e fraterno, é uma ótima ferramenta.
Para encerrar, deixo as palavras do Dalai Lama: “O que mais me surpreende na humanidade são os homens... porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que acabam não por viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.”
Escrito por Victor Rebelo
PAZ E LUZ!


sábado, 3 de novembro de 2012

Síndrome de Down


O nascimento de um bebê, sem dúvida, é um momento mágico dentro de uma família. É a manifestação da essência divina através de uma nova vida de corpo frágil e pequenino que necessita de cuidados especiais para poder crescer e se desenvolver. Mas quando essa gravidez foge dos padrões planejados e os pais recebem o diagnóstico da chegada de um filho portador da Síndrome de Down, assim como qualquer outro tipo de deficiência, surge uma sensação de medo e angústia em lidar com a situação inesperada.
Mesmo diante do turbilhão de dificuldades, um novo caminho pode ser trilhado quando se descobre que, apesar das limitações e de necessidades especiais, existe um potencial a ser desenvolvido e que deve ser estimulado por meio de uma educação que permita o aprendizado, além do amor, que é fator fundamental no desenvolvimento de qualquer criança. Mergulhando neste universo desconhecido por muitas pessoas e fugindo de regras consideradas normais pela sociedade, vamos conhecer os aspectos de ordem física e espiritual da Síndrome de Down.
Atualmente, existe muito mais informação a respeito do que há algumas décadas. A primeira descrição foi dada pelo médico inglês John Langdon Down, em 1866, chamada também de trissomia do 21, pela existência de um cromossomo extra no material genético. Porém, essa alteração cromossômica passou a ser estudada mais profundamente a partir das pesquisas do geneticista francês Jerome Lejeune, em 1958. Portanto, a Síndrome de Down, chamada anteriormente de mongolismo (semelhança na aparência dos portadores com os povos mongóis),  passou a ser considerada uma alteração genética e não uma doença, que ocorre pela presença de um cromossomo a mais. Ao invés de um par de cromossomos, ocorre a formação de um trio, elemento extra que se une ao par número 21, daí o nome Trissomia do 21. Essa má formação congênita é considerada a forma mais freqüente de retardo mental causada por uma alteração cromossômica e ocorre com maior probabilidade na medida em que a mãe envelhece, além de outros aspectos que devem ser considerados. As estatísticas mostram um para cada mil recém-nascidos de possibilidade na gestante na faixa dos 30 anos, enquanto na faixa dos 40 anos o número sobe para nove a cada mil, embora qualquer pessoa esteja sujeita a ter um filho com tal anomalia genética. Estima-se, hoje, que de cada 650 crianças nascidas, uma tenha Síndrome de Down. Em termos percentuais, esses números representam de 3% a 5% da população mundial. No Brasil, nascem por ano cerca de 8.000 bebês com a síndrome.
A Síndrome de Down pode ser diagnosticada por algumas características físicas diferentes de outras crianças, que gera atraso nas funções motoras do corpo e mentais, o que representa maior lentidão no processo de aprendizado. Esse atraso no desenvolvimento pode ser minimizado com uma intervenção precoce por meio de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, além de abordagens psicológica e pedagógica adequadas.
Dentro deste quadro de características existem muitos mitos, vejamos alguns: a Síndrome de Down não é hereditária; não é resultado do grau de parentesco dos pais; problemas durante a gestação não influenciam na geração de um portador e é importante lembrarmos que o problema está presente em todas as raças e sexos.
Em relação à expectativa de vida dos portadores, ocorreram muitas mudanças nos últimos dez anos com os avanços científicos, principalmente em relação a problemas cardíacos, uma das maiores causas de mortalidade entre os portadores. De todos indivíduos com a síndrome, 50% apresentam má formação no coração.
Aspectos espirituais
Embora as causas que ocasionam a Síndrome de Down não sejam conhecidas ainda pela Ciência, quando os questionamentos abrangem os aspectos espirituais, as explicações ganham outra dimensão muito além das pesquisas humanas.
Do ponto de vista espiritual, tudo tem uma razão de ser. É a lei de ação e reação (karma) que deve ser compreendida com a visão reencarnacionista. Diversas obras espíritas relatam o processo desde o momento da fecundação do feto ao seu nascimento, prova de que existe um planejamento muito grande no momento da reencarnação. O livro Missionários da Luz, o terceiro livro ditado pelo espírito André Luiz ao médium Chico Xavier, descreve o Ministério da Reencarnação e o empenho dos espíritos encarregados desta função. Dentre milhões de espermatozóides e óvulos existentes, apenas um é escolhido para ser fecundado e essa escolha ocorre de acordo com as provas necessárias do espírito. A necessidade de evolução do espírito possibilita a união do perispírito (o corpo astral e os corpos mais sutis) com o corpo físico, união esta capaz de gerar os órgãos que servirão como instrumento necessário de aprendizado. Segundo o capítulo XI do livro A Gênese, de Allan Kardec, é o próprio espírito quem fabrica seu envoltório de acordo com suas necessidades. “Ele o aperfeiçoa, o desenvolve e completa o organismo à medida que sente a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, ele o talha conforme sua inteligência... Assim se explica igualmente o cunho especial que o caráter do espírito imprime aos traços da fisionomia, e às linhas do corpo”.
Podemos encontrar em O Livro dos Espíritos, perguntas 371 a 374, respostas dos espíritos a Kardec sobre a idiotia (como a deficiência mental era chamada séculos atrás). A resposta à pergunta 373 sobre esses deficientes diz: “É uma expiação decorrente do abuso que fizeram de certas faculdades. É um estacionamento temporário”. Complementa dizendo: “O gênio se torna por vezes um flagelo, quando dele abusa o homem”.
Porém, é importante lembrarmos que cada caso é um caso. Generalizarmos algo é sempre complicado. Existem espíritos que pedem aos mentores espirituais a oportunidade de reencarnar com algum tipo de deficiência que julgam ser necessária para um melhor aproveitamento evolutivo que a reencarnação oferece.
Por outro lado, cabe também aos pais escolhidos para essa responsabilidade, claro que não por acaso, educar o espírito que chega ao lar, com amor, dedicação e acima de tudo, muita paciência, por ser realmente uma prova de muita coragem para ambas as partes. No caso do portador da Síndrome de Down, suas limitações o impedem de poder utilizar o corpo – que é um instrumento de manifestação do espírito – livremente.
Na maioria dos casos – e lembre-se que cada caso é um caso –, em encarnações anteriores, a inteligência pode ter sido mal direcionada. Espíritos que se valeram do brilho intelectual para prejudicar em demasia outras pessoas, ou abreviaram suas próprias vidas por não suportarem suas dores, gerando como conseqüência, distúrbios energéticos no perispírito. Estes desequilíbrios energéticos acabam prejudicando a formação do novo corpo, em nova encarnação.
Como nada acontece sem uma razão, os pais escolhidos para essa difícil missão, em razão de compromissos assumidos anteriormente ou por amor, recebem como “joalheiros da vida” o papel de transformar uma pedra bruta em jóia preciosa. Como lembra o título do livro As Aves Feridas na Terra Voam, de autoria de Nancy Pullman, que aborda a trajetória dos excepcionais como espíritos encarnados no plano terrestre, esses espíritos precisam voltar a voar, mesmo com as asas quebradas na atual encarnação. Seus mais altos vôos dependerão daqueles que o receberem em seus ninhos.
Conquistando o Brasil
A Síndrome de Down é um dos temas abordados pela  novela global, Páginas da Vida, aliás, assuntos polêmicos relacionados ao comportamento humano e que gerem debate são comuns nas tramas do autor Manoel Carlos. Na história, Clara (Joana Mocarzel), é portadora da síndrome e sua mãe adotiva, a médica Helena, personagem protagonizada pela atriz Regina Duarte, luta pela inclusão social de sua filha.
No enredo, a estudante Nanda engravida de gêmeos do namorado Leo, e um dos bebês é portador da Síndrome de Down. Nanda sofre um atropelamento, não resiste ao acidente e morre. Dentre as duas crianças, Clara, com necessidades especiais, é rejeitada pela avó. A partir daí, como na vida real, a inclusão social de crianças especiais é sempre um desafio.  A iniciativa do autor em abordar o tema em pleno horário nobre tem o objetivo de despertar o público para a existência do preconceito. A menina Joana, que vive a personagem Clara, com apenas 6 anos de idade vem encantando todo o País  com sua graciosidade, e acima de tudo, tem provado seu potencial a ser desenvolvido.
A liberdade de expressão conquistada pelo fim da censura e repressão representa uma via de mão dupla, que se bem utilizada, pode ajudar a despertar muitas consciências, propondo um olhar mais profundo para o ser humano.
Apesar das limitações na compreensão na totalidade dos problemas humanos, por não levarem em conta a dimensão espiritual do Ser, aspecto realmente causador das dificuldades terrenas de modo geral, o fato de abordarem essas diferenças no contexto social já significa uma grande conquista.
Na vida real, muitos portadores da síndrome já conseguiram provar que é possível vencer obstáculos e conquistar seu espaço. É o caso de Maria Cristina de Orleans, de 16 anos, que lançou o livro Carta de Amor, durante o Festival Literário Internacional de Paraty. Outro exemplo que merece ser destacado é do judoca Breno Viola, 25 anos, o único faixa preta de judô portador da síndrome. Além desses, José Rogério, funcionário do Mac Donald’s de Santos há 14 anos e Felipe Badim, ator no Rio de Janeiro que trabalhou em várias novelas. Estes são alguns, entre tantos outros personagens que são heróis da vida real.
Em uma sociedade onde, infelizmente, os diferentes são excluídos, é fundamental que sejam levantadas discussões saudáveis, como a inclusão social dos portadores de alguma deficiência.
Pedagogia do Amor
A anomalia cromossômica causa alteração e mau funcionamento de diversos órgãos. E por afetar o cérebro, ocasiona também a dificuldade na manifestação intelectual, que varia de intensidade. Conforme esclarece a doutrina espírita, a inteligência é um atributo do espírito, mas para que esta se manifeste livremente no plano físico é necessário que o cérebro esteja em condições apropriadas.
Pesquisadores do mundo todo têm se surpreendido cada vez mais com o potencial de desenvolvimento das pessoas portadoras de alguma deficiência, algo que algum tempo atrás não era reconhecido.
Como todas as potencialidades na vida precisam ser estimuladas, no caso da Síndrome de Down é preciso doses ainda maiores de uma educação social e atenção afetiva, desde o nascimento da criança. Os avanços da Medicina têm permitido uma duração no tempo de reencarnação delas maior e com mais saúde, porém, todo progresso científico não terá o sentido que merece enquanto a exclusão social não for banida e substituída pela palavra dignidade. É bastante comum, no meio familiar e escolar, as pessoas subestimarem a capacidade de aprendizado dos portadores de necessidades especiais. Cabe, portanto, àqueles que se norteiam pelos paradigmas espirituais das múltiplas existências, não se deixarem contaminar por idéias preconceituosas. Porque afinal de contas, apesar do corpo se encontrar limitado, essas dificuldades são transitórias e são necessárias para sua evolução. A compreensão dos paradigmas que vão além da visão física dão um novo significado às dores da alma e ajuda na compreensão da importância do convívio social, tanto para o crescimento dos portadores, quanto da sociedade no exercício da compreensão e da fraternidade. Somente assim os muros do preconceito poderão ser substituídos pela pedagogia do amor, que sem dúvida, representa a mais eficaz das ferramentas renovadoras.

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 43.
PAZ E LUZ!