
O medo
de assumir, revelar ou definir sua própria sexualidade ainda é, nos dias
atuais, o principal motivo dos conflitos sexuais. O número de pessoas que não
sabem conviver de maneira equilibrada com suas emoções é muito maior do que
qualquer resultado apresentado em pesquisas. Existem pessoas que passam a vida
toda escondendo suas vontades e necessidades, sofrendo sem procurar ajuda.
Noções de moral e decência que foram apresentadas durante séculos
como leis e que puniram severamente aqueles que ousaram viver fora desses
padrões ainda prejudicam de forma assustadora, inibindo o próprio conhecimento
da sexualidade. Na infância, as proibições e a falta de tato para desenvolver
os sentimentos, as formas de comportamento e os anseios levam as crianças a
imaginar e procurar uma forma de fazer um inocente ato por pura curiosidade,
sem esclarecimento algum.
Já na adolescência, quando os
desejos começam a explodir, as informações são omitidas e os anseios contidos,
com a desculpa de que é muito cedo para se falar ou tocar no assunto. A grande
maioria dos pais não se sente à vontade para conversar com os filhos e, com
isso, eles absorvem as informações com os colegas e pelos meios de comunicação.
Alguns pais, mesmo não sabendo definir sua sexualidade, procuram impor aos
filhos uma postura igual à sua, criando sentimentos mesquinhos e gerando uma
onda de preconceitos e desvios de conduta.
Incentivar o conhecimento do
corpo e modernizar os ensinamentos não é vulgarizar a sexualidade. Essa
exploração sexual que estamos acostumados a presenciar através dos meios de
comunicação e com total clareza pela internet jamais poderá mostrar o que nós,
humanos, realmente precisamos aprender sobre o assunto. A mídia usa e trata a
questão da sexualidade como uma mercadoria, oferecendo-a para venda. A
divulgação invade os endereços eletrônicos com pornografias explícitas.
Ora, a sexualidade não é um
produto, um órgão, um sinal de procriação, nem tampouco uma sensação puramente
física, mas é uma força, uma energia, uma bênção divina, um caminho para o
progresso espiritual. Através dessa força que emana do íntimo de cada um, é
possível realizar o melhor de todos os nossos talentos com infinito prazer.
Imaginar que a sexualidade é apenas uma necessidade biológica rejeita os mais
nobres conhecimentos do assunto. A predominância do instinto sobre os
sentimentos sempre trará resultados traumáticos, possibilitando um aumento
considerável dos desvios e crimes sexuais.
Rumo ao
progresso espiritual
Sendo assim, devemos trabalhar
a sexualidade do mesmo jeito que trabalhamos nossos sentimentos, por várias
razões. O mais importante é que ela seja sempre uma manifestação de amor,
respeito e força divina. Quando não há equilíbrio entre sentimento e sensação,
corpo e mente, instinto e razão, corremos o risco de cometer excessos. Quando
permitimos que os desejos grosseiros superem a suavidade de um gesto, perdemos
o controle da situação. Quando procuramos o conhecimento fútil, ficamos muito
mais embaraçados. Porém, quando há serenidade dentro de nós, quando entendemos
e distribuímos essa força com equilíbrio, não por interesses puramente
mundanos, mas para fortalecermos nossa alma, certamente atingimos um nível
louvável de prazer.
Podemos escolher a melhor forma
de utilizar essa fonte de energia ao melhorarmos nosso comportamento,
permanecendo vigilantes, combatendo os perigos e tentações, evitando
influências maldosas e sustentando uma decisão firme de evitar os excessos.
Existem pessoas crentes de que
seu vigor e vitalidade são uma espécie de diploma. Tentam mostrar suas
habilidades de todas as maneiras, começando a desencadear as ondas de crimes
com excessos de atos libertinos e vulgares. Na maioria dos crimes sexuais, a
confiança entre a vítima e o acusado parece ser sólida, pois eles geralmente
acontecem entre os membros de uma família ou de pessoas próximas. A
perversidade de alguns crimes chega a destruir muitos lares, acabando com a paz
de toda a família.
A sexualidade pode permanecer
adormecida ou aflorar de forma devastadora, prejudicando seriamente o caminho
da evolução. Ninguém pode imaginar que está livre de passar por uma situação de
descontrole físico. As qualidades morais bem definidas, o controle, o
conhecimento do corpo, das sensações e dos vícios da carne eliminam o
crescimento dos abusos, dos erros e da ignorância sobre seus próprios valores.
O ser humano é um aprendiz constante de suas emoções.
É preciso acompanhar o
desenvolvimento sexual e suas tendências a partir dos primeiros anos de
existência, ajudando o novo ser a entender melhor seu corpo, suas energias e
seus sentimentos. Precisamos uns dos outros em todas as etapas da vida, bem
como de esclarecimentos convincentes, reconhecendo que a sexualidade significa
muito mais do que procriação ou relação sexual.
Algumas pessoas usam atitudes
preconceituosas para julgar a sexualidade (o comportamento) de um semelhante.
Acreditam ter razões morais e entendimento para exclui-lo, ironizá-lo,
desmoralizá-lo e condená-lo. Mas quem somos nós para julgarmos e condenarmos um
irmão? Quem somos nós para perturbarmos a paz de casais que não fazem parte da
tradição de nossa sociedade, que não se submetem a rituais religiosos, mas que
vivem com harmonia, respeito e amor?
O que realmente interessa para
desenvolver a sexualidade de uma forma sadia é amor, respeito, conhecimento,
confiança, equilíbrio, cumplicidade e crescimento em conjunto, desejando o bem
de seu semelhante em todos os momentos.
Escrito por Maria de Nazaré de Melo e Silva
PAZ E LUZ!
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