quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sexualidade em equilíbrio


O medo de assumir, revelar ou definir sua própria sexualidade ainda é, nos dias atuais, o principal motivo dos conflitos sexuais. O número de pessoas que não sabem conviver de maneira equilibrada com suas emoções é muito maior do que qualquer resultado apresentado em pesquisas. Existem pessoas que passam a vida toda escondendo suas vontades e necessidades, sofrendo sem procurar ajuda.
Noções de moral e decência que foram apresentadas durante séculos como leis e que puniram severamente aqueles que ousaram viver fora desses padrões ainda prejudicam de forma assustadora, inibindo o próprio conhecimento da sexualidade. Na infância, as proibições e a falta de tato para desenvolver os sentimentos, as formas de comportamento e os anseios levam as crianças a imaginar e procurar uma forma de fazer um inocente ato por pura curiosidade, sem esclarecimento algum.
Já na adolescência, quando os desejos começam a explodir, as informações são omitidas e os anseios contidos, com a desculpa de que é muito cedo para se falar ou tocar no assunto. A grande maioria dos pais não se sente à vontade para conversar com os filhos e, com isso, eles absorvem as informações com os colegas e pelos meios de comunicação. Alguns pais, mesmo não sabendo definir sua sexualidade, procuram impor aos filhos uma postura igual à sua, criando sentimentos mesquinhos e gerando uma onda de preconceitos e desvios de conduta.
Incentivar o conhecimento do corpo e modernizar os ensinamentos não é vulgarizar a sexualidade. Essa exploração sexual que estamos acostumados a presenciar através dos meios de comunicação e com total clareza pela internet jamais poderá mostrar o que nós, humanos, realmente precisamos aprender sobre o assunto. A mídia usa e trata a questão da sexualidade como uma mercadoria, oferecendo-a para venda. A divulgação invade os endereços eletrônicos com pornografias explícitas.
Ora, a sexualidade não é um produto, um órgão, um sinal de procriação, nem tampouco uma sensação puramente física, mas é uma força, uma energia, uma bênção divina, um caminho para o progresso espiritual. Através dessa força que emana do íntimo de cada um, é possível realizar o melhor de todos os nossos talentos com infinito prazer. Imaginar que a sexualidade é apenas uma necessidade biológica rejeita os mais nobres conhecimentos do assunto. A predominância do instinto sobre os sentimentos sempre trará resultados traumáticos, possibilitando um aumento considerável dos desvios e crimes sexuais.

Rumo ao progresso espiritual
Sendo assim, devemos trabalhar a sexualidade do mesmo jeito que trabalhamos nossos sentimentos, por várias razões. O mais importante é que ela seja sempre uma manifestação de amor, respeito e força divina. Quando não há equilíbrio entre sentimento e sensação, corpo e mente, instinto e razão, corremos o risco de cometer excessos. Quando permitimos que os desejos grosseiros superem a suavidade de um gesto, perdemos o controle da situação. Quando procuramos o conhecimento fútil, ficamos muito mais embaraçados. Porém, quando há serenidade dentro de nós, quando entendemos e distribuimos essa força com equilíbrio, não por interesses puramente mundanos, mas para fortalecermos nossa alma, certamente atingimos um nível louvável de prazer.
Podemos escolher a melhor forma de utilizar essa fonte de energia ao melhorarmos nosso comportamento, permanecendo vigilantes, combatendo os perigos e tentações, evitando influências maldosas e sustentando uma decisão firme de evitar os excessos.
Existem pessoas crentes de que seu vigor e vitalidade são uma espécie de diploma. Tentam mostrar suas habilidades de todas as maneiras, começando a desencadear as ondas de crimes com excessos de atos libertinos e vulgares. Na maioria dos crimes sexuais, a confiança entre a vítima e o acusado parece ser sólida, pois eles geralmente acontecem entre os membros de uma família ou de pessoas próximas. A perversidade de alguns crimes chega a destruir muitos lares, acabando com a paz de toda a família.
A sexualidade pode permanecer adormecida ou aflorar de forma devastadora, prejudicando seriamente o caminho da evolução. Ninguém pode imaginar que está livre de passar por uma situação de descontrole físico. As qualidades morais bem definidas, o controle, o conhecimento do corpo, das sensações e dos vícios da carne eliminam o crescimento dos abusos, dos erros e da ignorância sobre seus próprios valores. O ser humano é um aprendiz constante de suas emoções.
É preciso acompanhar o desenvolvimento sexual e suas tendências a partir dos primeiros anos de existência, ajudando o novo ser a entender melhor seu corpo, suas energias e seus sentimentos. Precisamos uns dos outros em todas as etapas da vida, bem como de esclarecimentos convincentes, reconhecendo que a sexualidade significa muito mais do que procriação ou relação sexual.
Algumas pessoas usam atitudes preconceituosas para julgar a sexualidade (o comportamento) de um semelhante. Acreditam ter razões morais e entendimento para exclui-lo, ironizá-lo, desmoralizá-lo e condená-lo. Mas quem somos nós para julgarmos e condenarmos um irmão? Quem somos nós para perturbarmos a paz de casais que não fazem parte da tradição de nossa sociedade, que não se submetem a rituais religiosos, mas que vivem com harmonia, respeito e amor?
O que realmente interessa para desenvolver a sexualidade de uma forma sadia é amor, respeito, conhecimento, confiança, equilíbrio, cumplicidade e crescimento em conjunto, desejando o bem de seu semelhante em todos os momentos.
                                        
Escrito por Maria de Nazaré de Melo e Silva

PAZ E LUZ!

Um comentário:

Beth Muniz disse...

Meu querido Garighan,
Que belo texto!
Realmente, que somos nós para julgar as pessoas apenas pela orientação sexual ou sexualidade.
Maior que tudo isso é com certeza a espiritualidade de cada um e a fé em Deus.
Gostei muito.
Parabéns.