sábado, 7 de abril de 2012

O problema das drogas


A nova lei nacional de entorpecentes, que causou polêmica em seu trâmite no Congresso Nacional, ocupou bastante espaço nas manchetes devido aos vetos da presidente. Das diversas mudanças propostas, sem dúvida a mais discutida foi questão da descriminação da maconha, com a alteração das penas dadas a usuários e traficantes.
Muita gente opinou. Políticos, advogados, delegados, usuários da droga. No entanto, quase sempre o assunto é tratado de forma superficial. Centralizando a discussão apenas no aspecto penal, evita-se analisar o porque do uso e suas consequências. Não se ouvem os familiares do drogado, os seus amigos não-usuários, os médicos e psicólogos responsáveis por tratamentos contra dependência.
Esta é mais uma demonstração da hipocrisia da sociedade. Se há uma lei que torna o vício um crime, então vamos modificar a lei, para acabar com o crime. Muito mais fácil, claro, do que acabar com o vício. O que, aliás, reflete o estado vicioso, sem trocadilho, da própria sociedade.
Naturalmente que também somos favoráveis a uma diferenciação do tratamento dado ao usuário e ao traficante. Quem se tornou dependente da droga está enfermo. Precisa de ajuda, não de castigo. Precisa da presença carinhosa dos familiares e não da companhia de criminosos comuns numa cela estreita. Precisa de tratamento especializado e não a violência diária da qual será vítima. Da mesma forma, aquele usa, mas ainda não se viciou, se for pego numa batida policial deve ser levado pra casa, não pra cadeia. Qualquer um pode imaginar a humilhação e a mágoa de um pai tendo que tirar seu filho ou filha de trás das grades por causa de um cigarro.
Porém essa postura pede maior responsabilidade. Principalmente da parte dos familiares. Tem sido cada vez mais comum ouvirmos pais e mães declararem-se vencidos na sua tarefa de educar os filhos. Acusam a televisão, as más companhias, o conflito de gerações. Certamente que todos estes fatores, e muitos outros, conspiram contra a harmonia doméstica. Mas, com relação às drogas, o trabalho preventivo deve ser incessante.
Com isso queremos dizer: é preciso centralizar o esforço na educação moral das crianças e jovens. Isto é complicado, sim, por que implica na educação moral de nós mesmos. É difícil falarmos para nosso filho dos riscos do primeiro baseado, quando mantemos um cigarro na boca. Ou alertamos para os problemas da viciação, quando diariamente nossa geladeira está entupida de cervejas. Podemos, certamente, ter as nossas justificativas: afinal, fumar e beber não são crimes. Mas, lembremos, são vícios.
Os vícios são consequências da fragilidade espiritual do indivíduo. Curiosidade (porque cada um quer ter a "sua" experiência), imitação (porque ele "tem" que ser aceito no grupo social), fuga (porque não consegue enfrentar a realidade), exibição (porque quer se destacar), rebeldia (porque tem que afirmar sua personalidade), coerção social ("todo mundo faz"), aventura (porque é "proibido") são alguns dos muitos fatores que levam as pessoas a assumir comportamentos viciosos, tornando-se aos poucos seres dependentes.
Porque são fracos, muitos pais ignoram ou aceitam a fraqueza dos filhos. Quantos não se orgulham de que seus filhos "já" bebem, "já" fumam, "já" se viram sozinhos? Concedem uma falsa liberdade, a fim de que eles próprios estejam livres. Evitam exigir respeito, já que se sabem sem condições de conquistá-lo. Receiam propor disciplinas, que eles mesmos não acreditam.
Não podemos pensar que seja uma questão apenas policial ou política. Porque políticos e policiais, que não estejam amparados por sólidos valores morais, estão colaborando para que a situação permaneça como está, ou se agrave ainda mais. Estamos diante de uma questão psicológica e espiritual. Os usuários de drogas, "pesadas"ou "leves", são Espíritos que trazem em si frustrações e rebeldias, vazios interiores e desmotivação para viver, mágoas e ressentimentos, sentimentos profundamente negativos incorporados ao seu patrimônio espiritual nesta ou em precedentes reencarnações.
Como ensina o Espírito Bezerra de Menezes, qualquer terapia, em relação ao problemas das drogas, deverá levar em consideração uma educação em regime de liberdade com responsabilidade, onde cada um possa exercer seu livre-arbítrio, respondendo por seus atos; a valorização do trabalho como método de afirmar-se na sociedade, em detrimento aos métodos escusos e corruptos que têm sido propostos por esta própria sociedade; a necessidade de viver com comedimento, evitando-se ilusões, sonhos e anseios descabidos; ambientes sadios e leituras edificantes, como antídotos às idéias fabricadas pelos meios de comunicação em massa.
Crime ou não, o uso da maconha deve ser evitado e, dentro da postura que colocamos, combatido. De nada adianta compará-la a outras drogas, ou mesmo ao álcool e ao cigarro, alegando ser mais inofensiva. De nada vale argumentar que a proibição expõe o usuário a maiores riscos porque o segrega da sociedade. Muito menos tentar manter uma vida saudável, a base de vitaminas, para combater o efeito da droga. A "cannabis" tem seu princípio ativo, age desastrosamente sobre o organismo, pode provocar dependência, retira o indivíduo da sua realidade imediata (devido às alterações sensoriais) e custa dinheiro (o que pode incentivar o furto, nos usuários que não se sustentam finaceiramente). Como ensinam os Espíritos, se não é bem, é mal.
Nós - os que não somos ouvidos - pais, amigos que não usam drogas, professores, médicos, companheiros na casa espírita, devemos estar atentos à necessidade de colaboração. Faltam exemplos dignos na Sociedade, faltam orientadores moralizados que possam orientar multidões, faltam inteligências voltadas para o bem geral, faltam administradores que queiram sinceramente resolver o problema. Cabe a cada um de nós fazer o que estiver ao nosso alcance, esclarecendo crianças e jovens dos riscos do vício, combatendo a influência negativa da mídia, assumindo a "caretice" quando necessário, compreendendo a carência de afeto de quem busca a droga, não nos afastando dos que se viciaram.. Praticando, enfim, o saudável exercício da fraternidade.
Escrito por Ely Edison Matos   
PAZ E LUZ!

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