sábado, 12 de setembro de 2009

Loucura e Obsessão


A loucura sempre foi um dos temas mais fascinantes. Nada obstante a evolução da psiquiatria, ainda permanece desafiando a ciência moderna. É muito tênue a linha divisória que separa a loucura da sanidade mental. A criatura humana pode transitar de um para outro lado com relativa facilidade, sem que haja um fator causal claro desencadeando essa transformação.
Ao longo da história a loucura sempre chamou a atenção, ora despertando curiosidade, ora provocando medo e preocupação. No passado, era interpretada de acordo com a doutrina do Humores, elaborada por Galeano, o médico grego. Essa doutrina tinha como base fundamental a presença de quatro substâncias indispensáveis ao equilíbrio mental: a fleuma, o sangue, a bílis negra e a bílis amarela. A loucura, ou tormentos psicológicos, era o resultado do desequilíbrio de alguma dessas substâncias. Durante a grande escuridão medieval, a intolerância religiosa e o fanatismo dogmático encarava a loucura como pecado, preguiça, ou interferências de entidades demoníacas.
Felipe Pinel, um dos pais da moderna psiquiatria, no final do século XIX, começou a encarar a loucura com um sentimento mais humanitário. O alienado mental não deveria ser encarcerado ou tratado como animal, mas tinha direito à dignidade. Emil Kraeplin foi um dos mais brilhantes psiquiatras de todos os tempos. Ele procurou sistematizar e classificar por ordem os diversos tipos de doença mental, examinando as ocorrências fisiológicas com conseqüências psico-comportamentais.
Charcot o médico francês, tentava através da hipnose, liberar as suas pacientes da histeria e das somatizações de fundo emocional.
Sigmund Freud dedicou longos anos da sua vida a estudar profundamente o psiquismo humano, e conseguiu descobrir que a libido exercia papel fundamental no desencadeamento da vários transtornos. Graças a Freud, a função sexual foi estudada mais detalhadamente. As paixões sexuais, os vícios, as fantasias, as mentes indisciplinadas e angustiadas em torno do sexo, os ciúmes, as frustrações e agressividade levam o paciente a adoecer gravemente.
Ao lado disso, Freud percebeu que nós somos dominados pelo mundo do inconsciente, um depósito de memórias, que guarda as impressões do passado, principalmente as traumáticas, e que leva o indivíduo a neurotizar-se. Alfred Adler, discípulo de Freud, vai perceber que ao lado do sexo, há também o instinto do poder, isto é, a tendência da criatura querer dominar as pessoas e as situações.
Quando não consegue esse domínio, a pessoa adoece mental e emocionalmente pela revolta e frustração dos instintos agressivos que não conseguiu dominar.
Carl Gustav Jung trouxe o evolucionismo darwiniano para a Psicologia. Ele percebeu que muitos conflitos do Homem civilizado tinham as suas em fatores da vida tribal, dos homens primitivos. Ao
Lado do inconsciente individual de Freud, Jung descobriu um inconsciente de natureza coletiva. Nesse inconsciente estão arquivados elementos universais de todas as culturas da Terra, e que foram transmitidos de geração a geração: os arquétipos. A partir de 1933, a ciência com o Dr. Sakel, percebeu que se conseguisse, através de um processo artificial, produzir anoxia cerebral por alguns segundos, o paciente esquizofrênico poderia ficar curado. O Dr. Sakel começou a aplicar choques úmidos, de insulina e metazol, graças aos quais logrou melhorar o quadro esquizofrênico de Nijinski, o famoso bailarino russo.
Em um congresso de Psiquiatria em Roma, no ano de 1937, Bini, Kalinowski e Cerlletti, apresentaram um método eficaz de eletroconvulsoterapia, com o qual não produzira seqüelas no aparelho circulatório e na bomba cardíaca. No entanto, a loucura até hoje permanece como grande incógnita. O avanço da física moderna descobre atualmente que a matéria é uma ilusão dos sentidos. A matéria é uma condensação de energia, como tudo no Universo é energia.
A Psicologia e Psiquiatria, avançando com a Física, também constatam que o Ser Humano é um Feixe de Energias. Como dizia Einstein, o homem é “um conjunto eletrônico comandado pela consciência”. Esta consciência é imortal. Isso faz lembrar o item 23 de O Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec perguntou aos espíritos: “O que é o Espírito?” Resposta: “Principio inteligente do Universo”.      
HERANÇA ESPIRITUAL
        Allan Kardec foi o grande psicólogo que encarou a loucura de maneira integral, contribuindo com a ciência materialista naquilo que a ciência ignorava. A loucura é uma enfermidade do espírito que se manifesta através do corpo. Mas a causa de qualquer transtorno psicótico está no indivíduo, no ser imortal que ele é. O psicótico é um espírito endividado, em expiação. É alguém que cometeu sérios crimes contra a sociedade, contra si mesmo, ou contra o próximo, desencadeando uma consciência de culpa no seu mundo íntimo. Essa consequência de culpa fez com que ele reencarnasse fora da realidade, em transtorno profundo... Os sexólatras, os violentos, os exagerados, os dependentes de qualquer vício, os pessimistas e invejosos, os amargurados, desconfiados e ciumentos, podem mais cedo ou mais tarde desencadear um processo de loucura.
Mesmo quando a loucura tem fatores genéticos, glandulares ou cerebrais, é o espírito que antes de reencarnar plasma um corpo com determinada deficiência. No entanto, há um fator predisponente para a loucura que a ciência espírita descobriu: as obsessões.
A obsessão é uma espécie de psicopatologia de natureza espiritual, que assola milhões de pessoas. Allan Kardec teve o ensejo de perguntar no item 459 de O Livro dos Espíritos: “interferem os espíritos em nossos pensamentos e atos?” Resposta: “ A esse respeito os espíritos, interferem muito mais do que imaginais, a ponto de serem eles muitas vezes que vos dirigem”. À semelhança dos bárbaros, dos visigodos, dos Hunos, periodicamente a Terra é invadida por espíritos perturbados e perturbadores.
Obsedar ou obsediar significa constranger, ou submeter. A obsessão examinada por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns é predominância de uma vontade sobre outra vontade. A mente, que não é física, pode interferir através de processos não físicos, no mundo físico. A Terra, segundo os benfeitores espirituais, ainda é um sanatório. É um planeta de provas e expiações na conceituação do codificador espírita. Predominam no planeta os elementos mais estranhos: agressividade, violência, sensualidade, egoísmo, orgulho, e todas as paixões inferiores...
Isso ocorre porque ainda somos espíritos inferiores. Como a morte não muda ninguém, os espíritos que envolvem a psicosfera da Terra também o são inferiores, na sua grande maioria.
Como a maioria de nós vive ainda mais de agressividade, de selvageria, de ambições, de primitivismo, os espíritos que permanecem ao nosso lado, e habitando o nosso mundo mental, são simpatizantes desses mesmos hábitos. A obsessão é doença de fácil contágio, que permanece ainda não identificada pela maioria dos estudiosos da psique. A Psicologia Transpessoal já a identificou denominando como “personalidade parasitária”. No entanto, nenhuma doutrina como o espiritismo o fez de forma tão profunda e detalhada.
Na psicogênese de inúmeros casos de loucura, há um fator obsessivo: a interferência de espíritos que odeiam, que nutrem ressentimento, ou que são viciados. Inúmeros pacientes em hospitais ou clínicas psiquiátricas não são loucos no sentido comum da palavra. São apenas obsediados. Mas Kardec era de uma sabedoria invulgar, analisando o processo obsessivo ele chegou a constatar: “Há loucura que não é loucura, é apenas obsessão. Mas há loucura que não passa de um transtorno eminentemente psiquiátrico.” Esse homem, que era “O bom senso encarnado”, na feliz conceituação de Camile Flamarion, percebeu que o cérebro também enfermava.
A obsessão pode ser a causa de um processo de loucura. A obsessão prolongada por muito tempo pode gerar um dano no aparelho cerebral irreversível, provocando também a loucura psiquiátrica. Mas há a loucura apenas de fundo orgânico. Em todas elas, no entanto, a matriz de transtorno psicótico está sempre na consciência do espírito encarnado, ou seja, na sua conduta anterior que desencadeou o problema atual.
A doutrina espírita tem uma teoria preventiva como também curadora da obsessão. Essa teoria já havia sido apresentado por Jesus: o Amor. Quando se ama, transforma-se o próprio comportamento para melhor. Quando se ama, a pessoa muda de estrutura moral. Quando o paciente, através da mudança moral, ora, medita, muda de pensamento, e quando tem certa lucidez, age no bem, ela sensibiliza qualquer obsessor e consegue a sua libertação. O amor transforma a “multidão de pecados”, de obsessores e de obsidiados.
Caminho Espiritual – nº 03
PAZ E LUZ!

3 comentários:

Geraldo Voltz Laps disse...

Adoro estes artigo que falam da saúde, eu particularmente, como leigo, gosto muito das idéias de Carl Jung

Abraço

Anônimo disse...

O tema abordado é ótimo, vou seguir seu blog, o conteúdo é muito bom! Parabéns

Cida Medeiros disse...

Gostei.
Muito boa materia.
Grata.