"Certa vez, um homem viu-se transportado para uma ilha. Abriu os olhos e apenas uma pequena embarcação flutuava próximo à praia. olhou em volta e viu apenas água e areia, num horizonte sem fim. Desesperou-se.
- Ninguém para me ajudar! - pensou. Resolveu esperar um pouco mais - quem sabe passaria um navio ou outra embarcação para buscá-lo?
Passaram-se dias e o homem, já enfraquecido, lembrou-se de Deus: Senhor, tira-me daqui! implorou de joelhos, com mãos entre cabelos, rosto ardente de sofrimento e solidão. Abriu os olhos na esperança do milagre e eis que viu... o barquinho. Nervoso, indignado e profundamente revoltado com Deus, correu rumo ao barco e jogou-se dentro dele. Tamanha foi sua fúria que, com os próprios braços, começou a remar, remar, remar e, quando acordou, já se encontrava em cama quentinha, socorrido por moradores do continente que ficava a poucos quilômetros daquela ilha."
Quantas vezes nos pegamos sozinhos em nosso mar de decisão? Desesperados, em nosso mar de solidão? Frustados, em nosso mar de expectativas? Mudos, em nosso mar de preces? Desanimados, em nosso mar de esperanças? Revoltados, em nosso mar de súplicas?
E quantas vezes teremos enxergado a benevolência do Pai Maior em nos oferecer "apenas" um barquinho?
Sim, porque Deus, em sua imensa bondade e misericórdia, deixou para o homem da história acima o mérito de ter conseguido se salvar pelos seus próprios braços.
Assim também se dá conosco: Jesus, o Mestre Supremo, oferece o lenitivo, a solução, o remédio: "Buscai e achareis", que também pode ser comparável ao "Ajuda-te a ti mesmo, que o Céu te ajudará".
É preciso que arregacemos as mangas e comecemos a remar, porque a oportunidade de sair do sofrimento, do desespero e da solidão está sempre diante dos nossos olhos! Precisamos remar contra o orgulho que nos endurece o coração, contra o egoísmo que nos distancia das pessoas, contra a autopiedade que nos adoece. Precisamos empreender o bom combate, aquele que nos aproximará do bem, da humildade, do próximo, do Pai.
Porque a vida é sua e somente você pode colocá-la no caminho da felicidade. E o barquinho já está à sua disposição...
Ângela Moraes, revista Salmos e Anjos nº97/2007
FELIZ ANO NOVO À TODOS
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