Quantas vezes já não nos questionamos a respeito de nossa existência, suas causas e, consequentemente, o infinito amor de Deus, que ainda permite a maldade nos homens e o "castigo" para aqueles que nascem e vivem sem a menor perspectiva de vida?
Ao lembrarmos daquela frase “a cada um conforme suas obras”, passamos a refletir sobre esse amor divino que nos concede, através da reencarnação, infinitas oportunidades de reajuste perante nosso passado não muito distante, no qual nos encontrávamos equivocados sobre a verdadeira essência do que é viver.
Se plantarmos dor, colheremos dor, mas ao semearmos amor, colheremos amor. Esta é a lei universal que elucida nossas mentes, que descortina a importância da renovação para os olhos do espírito. Assim, devemos buscar a compreensão de que a evolução do homem ocorre através dos tempos. Somos indivíduos que conquistaram virtudes por meio das realizações, ampliando o ângulo visual de nossas consciências, expandindo forças que revigoram nossos passos a cada mudança direcionada ao bem incondicional. Dessa forma, passamos a entender o processo regenerativo adquirindo novos conceitos sobre uma nova realidade.
Porém, muitos de nós, ao entrarem em um centro espírita portando dificuldades, acreditam no simples fato de que, saindo dali, deixarão de estar agregados às problemáticas que nos causam o sofrimento, vivenciando a certeza ilusória de que a espiritualidade possivelmente tomará para si aquilo cujo aperfeiçoamento ou correção cabe a nós, refletindo dentro do aspecto fantasioso que criamos e relacionando os espíritos às nossas dificuldades, isentando-nos de qualquer resolução. Trata-se de um grande equívoco!
Tarefas e obstáculos
Quando lembramos da frase “Deus não dá ao seu filho uma cruz da qual não tenha condições de carregar”, passamos a perceber a profundidade do ensinamento e iniciamos o entendimento de que todos nós temos tarefas para cumprir e obstáculos a serem superados. Sabemos da existência do amparo e auxílio da espiritualidade para todos, mas não devemos distorcer as coisas, confundindo ajuda com resoluções. Somos nós mesmos que, em cada encarnação, procuramos burilar sentimentos, modificar pensamentos, percorrer as estradas da evolução, sempre aprendendo e ensinando uma nova lição.
Mas como ficam os tratamentos espirituais que buscamos para nossa melhora, os passes? Quantos de nós já não ouviram ou pronunciaram algo como “estou procurando tratamento espiritual há anos e ainda me encontro na mesma situação de quando iniciei”?
As energias que revigoram o ser humano são mantidas na criatura, propiciando sua melhora quando busca realmente adquiri-las. Como? Alterando posturas, deixando para trás sentimentos, pensamentos e ações que nos prendem às condutas infelizes e dificultam a transformação do mal que ainda existe em nós no sentimento oposto que tanto almejamos sentir.
Milagres e destinos não existem, a natureza não dá saltos. Através do livre-arbítrio, somos nós que optamos por este ou qualquer outro caminho, refletindo nossa personalidade atual e passando a reconhecer ou não, através de uma maior compreensão, a possibilidade existente em tudo aquilo que, antes, julgávamos ser impossível de alcançar. Mas e quanto ao sobrenatural, às almas de outro mundo, aos fantasmas e espíritos que habitam regiões trevosas? Por que Deus permite a existência desse mal?
Estágios de evolução
O fato de desencarnar não santifica ninguém, não há mágicas nem mudanças fenomenais. Se a criatura compartilhava ideais de teor menos felizes em sua vida física, ela buscará e experimentará as mesmas atitudes com as quais tem afinidade ao retornar para a vida espiritual. Trata-se de um ser que ainda não assimila ou valoriza o aprendizado do amor, não entende que mesmo o mal e a incompreensão possuem seu limite de tempo para serem reconhecidos e vivificados ao seu próprio alicerce no bem.
Os espíritos que chamamos de malévolos, trevosos, demônios ou obsessores nada mais são do que seres em ascensão, criados pelo mesmo infinito amor de Deus como todos nós, mas que ainda não conseguiram compreender o tempo e o espaço para o necessário reajuste de suas próprias consciências, percorrendo um lento processo de assimilação a respeito da necessidade de se educarem através da cartilha do amor. Não podemos nos esquecer que somos espíritos criados simples e ignorantes. A cada oportunidade, seja no plano físico ou espiritual, complementamos nosso aprendizado como viajores do tempo em busca da evolução. Através do conhecimento adquirido, passamos a compreender melhor os desígnios da vida, que refletem em cada ser a necessidade de alcançar o progresso perante nossas próprias consciências.
Estejamos sempre conscientes sobre o que nos compete realizar, procurando o estudo para compreender melhor o fato de que, em nossa vida, não existem mistérios ou fantasias, destinos ou imposições, mas infinitas oportunidades de adquirirmos respostas para inúmeros questionamentos nossos. Quem somos? Somos filhos de Deus. De onde viemos? Viemos de Deus. Para onde vamos? Voltaremos para Deus de forma sublime, em sentimentos, por intermédio do conhecimento e das experiências acumuladas nas várias existências, dentro do processo evolutivo.
Revista Cristã de Espiritismo, edição 20.
PAZ E LUZ!
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