quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

OBSESSÃO E DOENÇAS MENTAIS




Muitos dos distúrbios de ordem mental e psíquica têm origem não em problemas orgânicos, mas em processos desencadeados por obsessores.
- Dr. Jorge Andréa dos Santos - Boletim do Associação Médico-Espírita do Brasil

Na análise do psiquismo humano e com os conhecimentos que já possuímos sobre psicologia profunda, estarão em evidência não só o campo material, mas também o energético-orientador, mais avançado em qualidades psicológicas e responsável pelas diretrizes inteligentes do ser. Neste campo do psiquismo, os pensamentos são elaborados e devidamente estruturados, a fim de serem reflexionados e adaptados para o mundo físico das células nervosas ou zona consciente.

Por outro lado, não podemos deixar de notar no psiquismo a condição de centro emissor e receptor de energias específicas, propiciando ligações dos campos mentais com os nossos afins. O psiquismo humano está sujeito a interações cada vez mais intensas, quando o bloco afetivo está presente de forma preponderante. Nestes casos, as permutas mentais se tornam constantes e ativas por questões de sintonia e mais apurada afinidade.

Desse modo, compreendemos as influências psíquicas a que estamos subordinados, que se intensificam quando o elemento emocional e afetivo se encontra ativado não só no campo do amor, mas também no desamor ligado ao ódio. Tanto os que amam como os que odeiam desencadeiam imensos pacotes energéticos psíquicos que vão atingir os seus afins em sintonia consciente ou inconsciente.

Estes campos psicológicos, em suas devidas manifestações, necessitam da acolhida e do respectivo entrosamento. 


Como nossa vida mental será o resultado de muitas etapas (reencarnações), as ligações apresentam profundas relações não só com os fatores e experiências presentes, mas também com as fontes e registros de todo o nosso passado. 

Isto faz com que as ligações mentais sejam bastante complexas, com estruturações de difícil decifração e cujo conjunto de emissão e recepção ou ação e reação de toda natureza (positiva, gerada pelo bem e pela ordem, ou negativa, desencadeada pelo mal e pelo desejo de vingança e ódio) apresente projeções das mais variadas em estados harmônicos. 

Os estados de desarmonia que se refletem na organização mental mostram variações de toda ordem, cujo grau de intensidade estará relacionado principalmente com os lastros distônicos do passado.

A acolhida mental dessas reações se faz comumente entre encarnados e desencarnados com naturais oscilações, cuja sintomatologia decorrente deverá fazer parte de um capítulo pouco abordado ou mesmo desconhecido da psiquiatria, as decantadas obsessões espirituais.


Classificação das Obsessões

A doutrina espírita tem cuidado com zelo do tema das obsessões, apresentando uma classificação didática que torna compreensível o processo da influência espiritual do desencarnado no psiquismo do encarnado. Assim, as obsessões foram abordadas em três patamares: simples, fascinação e subjugação.

A obsessão simples é observada quando há pouca interferência nas correntes mentais do atingido, consciente ou inconscientemente, mas sem domínio do receptor. Muitas vezes, o próprio atingido reconhece a influência negativa, procura se prevenir, possui condições de luta e expulsa a ideia parasitária que deseja acolhida.

A obsessão-fascinação é um processo mais intenso e mais grave, no qual as correntes emissoras destoantes se assentam na mente receptora, fazendo parte da estrutura dos pensamentos. O indivíduo fica como que totalmente envolvido pelas sugestões e passa a não distinguir mais o certo do errado. Apesar da presença de raciocínio e de diversas elaborações mentais em parâmetros fisiológicos, o indivíduo passa a conviver com uma ideia que lhe foi injetada, achando-a certa, justa e perfeita, ainda que seja um absurdo. É como se a pessoa perdesse sua avaliação crítica em determinadas mensurações psicológicas.

Já a obsessão-subjugação traduz um bloqueio intenso da vontade, as resoluções do psiquismo estarão subordinadas ao jugo das correntes emissoras do obsessor, que passa a comandar, subjugando o obsediado de modo integral. É neste grupo, principalmente, que se desenvolvem os conhecidos quadros mentais patológicos, nos quais, muitas vezes, a análise se torna de difícil avaliação. 

Nestes casos, as associações entre obsessão espiritual e doença mental se imbricam de tal modo que os sintomas mentais se tornam definitivos pelas constantes demarcações do processo obsessivo.

É lógico se compreender que os diversos quadros obsessivos são variados e estão de acordo com cada ser, levando-se em consideração o arcabouço psicológico, a intensidade das reações, a conduta pessoal, atitudes diversas e as ligações com o passado, tudo a responder pelas conhecidas reações cármicas. 


Muitas vezes, certas obsessões aparecem de modo fugaz e logo são afastadas pelas atitudes nobres e corretas do indivíduo que, com este proceder, neutraliza as investidas. Outras vezes, mostram-se mais duradouras, mas se apagam à medida que o atingido vai se ligando ao bem e aos modelos mentais mais ajustados.

Existe um fator ao qual não podemos deixar de nos referir, que é a sensibilidade mediúnica, pois ela permite ligações mais intensas pelas aberturas dos campos mentais. 


Allan Kardec afirmou de forma oportuna: "Não foram os médiuns nem os espíritas que criaram os espíritos. Ao contrário, foram os espíritos que fizeram com que haja espíritas e médiuns. Não sendo os espíritos mais do que as almas dos homens, é claro que há espíritos desde quando há homens e, por conseguinte, desde todos os tempos eles exercem influência salutar ou perniciosa sobre a humanidade. A faculdade mediúnica não lhes é mais do que um meio de se manifestarem. Em falta dessa faculdade, fazem-na por mil outras maneiras mais ou menos ocultas. Seria, pois, um erro crer que só por meio das comunicações escritas ou verbais exercem os espíritos sua influência. Esta é de todos os instantes e mesmo os que não se ocupam com os espíritos ou até não creem neles estão expostos a sofrê-la, como os outros e mesmo mais do que os outros, porque não têm com que a contrabalançarem".

Diante de tais manifestações e fatos do psiquismo, não podemos deixar de compreender a importância desses eventos nos campos psicológicos da humanidade. Necessitamos de sondagens, observações e avaliações ajustadas dentro dos modelos científicos em vigor, pois os fatos estão presentes em toda a parte, exigindo catalogação.

Abertura mental

Compreende-se a impossibilidade de se fazer uma análise mais detalhada do processo obsessivo neste artigo, entretanto, algumas explicações a mais serão oportunas e elucidativas. O processo, por sua condição de ligação mental, estende-se em múltiplas condições, perdendo-se em estruturações psicológicas de toda natureza. Podemos dizer que é possível o processo ocorrer de encarnados para desencarnados, de desencarnados para encarnados e entre desencarnados. Todas essas variações respondem por autênticos fenômenos de hetero-obsessões.

A constante e duradoura atuação obsessiva traduz um real processo parasitário. Nesta ordem de ideias, devemos computar como fatores predisponentes a existência de pensamentos negativos constantes e revoltas acompanhadas de forte séquito emocional que certos indivíduos cultuam habitualmente por falta de higiene mental. 


Esses indivíduos introduzem e absorvem a própria negatividade desenvolvida na zona consciente e que, pelo constante condicionamento, refletem um processo auto obsessivo que lhe são próprios, sem interferências externas. Existem grupos neuróticos, principalmente da classe histérica, que denotam este tipo de auto obsessão com intensa sintomatologia psicossomática.

Todos os processos obsessivos podem ser ativados e alimentados pelas ações desequilibrantes de conduta e descontrole emocional e afetivo, cujos mecanismos aceleram as condições de fixação mental. 


Podemos mesmo dizer que se encontra nas bases do processo em pauta um vasto condicionamento hipnótico, pela existência de um mesmo clima psicodinâmico no qual o monoideísmo passa a ser a tônica constante, de modo a estabelecer um verdadeiro circuito fechado. 

Nesta posição, incrementa-se o fenômeno ideoplástico na fixação de imagens, propiciando o surgimento das alucinações de toda ordem, principalmente visuais e auditivas. 

Nesta fase, serão atingidos não só os componentes físicos do psiquismo, mas também as regiões energéticas que os envolvem, representadas pelos campos perispirituais ou psicossoma, campo intermediário entre matéria e espírito.

Por tudo isso, tornam-se compreensíveis os desarranjos psicossomáticos no obsediado, cujos reflexos mais profundos podem atingir o sistema imunológico, através da diminuição das defesas orgânicas. 


Conforme o grau de atuação e implantação obsessiva, poderá haver lesões definitivas nas organizações psíquicas, cujos sintomas desembocam em distonias psiquiátricas. Claro que as estruturas defeituosas do passado, como campos vibratórios específicos encravados no espírito na zona inconsciente, constituem pontos frágeis a serem envolvidos pelos processos obsessivos de toda natureza. 

As consequências processuais de intensidade das reações estarão relacionadas às próprias atitudes psicológicas dos seres, isto é, as atitudes do passado, com suas consequências, exercem um forte compromisso no desencadeamento do processo obsessivo.

Todo esse mecanismo de simbiose mental entre os hominais será consequência de atuações envolvendo totalidade psíquica, racionalização e responsabilidade, próprios do psiquismo humano, condição diferente da cerebração fragmentada e oscilante existente nos mamíferos. 


Não tendo o cérebro destes alcançado ainda o processo de racionalização característico dos mamíferos superiores, os atos psicológicos são fragmentários, para não permitir a fixação de ideias. 

A simbiose observada no hominal por sintonia propicia ao desencarnado nutrir-se das energias vitais do encarnado. A imantação e fixação obsessiva estará relacionada às afinidades de atitudes, principalmente as pregressas, que ambos carregam. 

Fixada a simbiose, uma vez que pode ser um fator temporário, o encarnado passa a ser vampirizado, a ser um fornecedor de energias para vitalização do obsessor. É nesta condição que vinganças e desencadeamento de ódios ligados ao pretérito se exteriorizam em um panorama de imensas apresentações.

O Espiritismo tem fornecido elementos valiosos para compreender o intercâmbio dimensional entre encarnados e desencarnados com relação às interações bioenergéticas. Sabemos que essas ligações se tornam mais intensas na presença dos fatores emocionais e afetivos com os quais convivemos habitualmente. 


No psiquismo humano, as reações do dia-a-dia são mais um atestado desse processo. Embora convivamos com pequenas reações ansiosas, depressivas, compulsivas, em tonalidades reduzidas por serem necessárias aos impulsos da vontade, os tipos psicológicos e a respectiva maturidade evolutiva dos seres demarcam os aspectos das manifestações.

Portanto, as manifestações obsessivas estão em constante manipulação dos campos afetivos. 


Há como que uma interação entre hóspede e hospedeiro, chegando a tal ponto que, às vezes, ambos se integram e se necessitam mutuamente, vivendo às expensas um do outro em legítima união parasitária. 

Por outro lado, devemos considerar os sintomas que o processo obsessivo desencadeia, com tonalidades imensas e, muitas vezes, de difícil avaliação. 

Entretanto, temos observado a predominância do complexo de culpa em muitos casos de obsessões espirituais, podendo levar a reações de incompreensível medo, refletido nos acontecimentos diários da vida.

Como devemos nos comportar diante da existência das obsessões? 


Analisar os fatos e tentar compreender sua dinâmica face a cada indivíduo em particular é o que reputamos ser da mais alta importância, incluindo-as nos quadros nosológicos da psiquiatria para serem melhor avaliadas pela ciência. 

Não podemos relegar tantos fatos comprovados ao desconhecimento como casos neuróticos ou psicóticos. Claro que os modelos de tratamento psiquiátrico não podem ser relegados, temos que lançar mão das aquisições científicas de nosso tempo como coadjuvante terapêutico. 

Nas obsessões, os modelos psicológicos transpessoais representam valiosos suportes em busca de equilíbrio e ajuste.

Análise e compreensão

Reações de tal quilate podem também não estar ligadas a componentes pregressos, mas como respostas de atitudes atuais. 


Nossa vontade, com o relativo livre-arbítrio que carregamos, pode neutralizar ou ampliar muitas manifestações obsessivas, até mesmo renascer novos focos e seus respectivos sintomas. 

Insistimos em dizer que o processo obsessivo, ainda não computado pela ciência oficial como entidade causadora de distúrbios principalmente mentais, apresenta-se oscilante, com sintomas pouco definidos e bastante mesclados, porém, com características ora neuróticas, ora psicóticas. 

Por estes fatos, a confusão reinante é grande, percebendo-se algumas vezes que o processo obsessivo se acopla ao sintoma psiquiátrico já existente e, em outras, acontece o contrário, ou seja, o processo possibilita o nascimento da distonia mental. Então, os casos se mostram combinados e com imprecisos limites.

Fornecer um quadro patológico que caracterize as obsessões é um assunto difícil, em virtude da oscilação e da imbricação dos sintomas associados. 


Não sabemos onde começa a doença mental ou a obsessiva, mas possuímos condições de analisar a presença espiritual deletéria predominando no cenário. 

Muitos pacientes portadores de delírios podem estar relacionados a um processo exclusivo ou combinado com um quadro psicótico. 

O psiquiatra moderno precisa conhecer os variados transes mediúnicos, para avaliar e ampliar os horizontes que o psiquismo humano vem revelando a todo momento.

Postado em Editora Vivência


PAZ E LUZ!





quinta-feira, 6 de abril de 2017

Magnetismo e Espiritismo

Essa afirmação de Kardec não se restringe apenas ao magnetismo consistente nos corpos celestes, mas se estende ao magnetismo nas suas mais variadas configurações e que está presente em todas partículas com as quais se constituem o micro e o macro Universo. É através desse fluido elétrico que os seres pensantes se atraem ou se repelem e se influenciam mutuamente segundo seus pensamentos, suas emoções e seus sentimentos.

Na pergunta 388, de O livro dos Espíritos, Kardec indaga: “Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de uma certa relação de simpatia?” E obteve a seguinte resposta: “Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor”.

Esta resposta dos espíritos coloca o magnetismo como piloto dessa ciência. Quer dizer, está no comando dos acontecimentos e é ele que atua para que haja tal encontro. Ou seja, quando necessitamos compartilhar de uma convivência com alguém, nosso encontro se dará infalivelmente, pois seremos atraídos mutuamente por força de uma imantação magnética que liga os nossos destinos para uma convivência em comum.

Essa imantação é construída através das nossas ações praticadas durante nossas vidas sucessivas segundo as quais não só nos imantamos às pessoas, mas também aos acontecimentos que irão compor o roteiro das nossas provações e resgates enquanto encarnados neste mundo de expiação e prova.

É através do magnetismo cósmico ou fluido universal que nos imantamos e nos submetemos às leis naturais e divinas que nos impulsionam na direção das nossas necessidades evolutivas, situando-nos exatamente onde merecemos estar e com quem devemos estar segundo as leis de causa e efeito.

Em O Livro dos Espíritos, no capítulo da Intervenção dos Espíritos, os espíritos afirmam:“O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, revela a realidade das coisas e suas verdadeiras causas”.

Realmente, o estudo do Espiritismo sem uma compreensão maior do magnetismo fica incompleto, pois o Espiritismo nos revela a natureza espiritual do ser humano e nos esclarece sobre as leis naturais e divinas às quais todos os seres estão submetidos, e o magnetismo por sua vez nos revela o meio por onde essas leis se cumprem.

Assim como tudo se origina de uma transformação do fluido universal, o magnetismo ou fluido magnético também é uma modificação do fluido universal e não difere do fluido vital revelado pelos espíritos e que está presente em todos os corpos orgânicos.

No capítulo intitulado Do Princípio Vital, de O Livro dos Espíritos, os espíritos fazem uma analogia interessante: “Um aparelho elétrico, como todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido elétrico é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia então dizer que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia.”

“Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte. A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer saturados desse fluido, enquanto os outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante. A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.”

O progresso no estudo do eletromagnetismo, ocorrido principalmente no século XIX, provocou uma mudança a respeito dos conceitos da Ciência sobre a energia.

Segundo as teorias quânticas, a troca de energia a distância se produz em conseqüência das ondas eletromagnéticas, que viajam no espaço à velocidade da luz. Tais ondas, constituídas por fótons, atuam sobre as partículas do meio e dos corpos.

Os apontamentos dos espíritos e o estudo da física quântica nos induzem a uma compreensão ampliada do que consiste o fluido universal e nos dá uma idéia da importância do magnetismo e da sua função no contexto das relações entre os mundos e entres os seres, o qual podemos defini-lo como o veículo condutor dos pensamentos e da vontade do Criador e de todos os seres pensantes.

Na parte 2, cap. IX de O Livro dos Espíritos, os espíritos afirmam: “...o fluido universal entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários; veículo imenso da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som.”

Se, segundo a ciência, as ondas eletromagnéticas atuam sobre as partículas do meio e dos corpos e, considerando que hoje o pensamento é reconhecido como pulsos eletromagnéticos, torna-se clara a força incomensurável com que o pensamento atua sobre os corpos e partículas quando direcionado sob o impulso de uma vigorosa vontade ou desejo.

Ainda em O Livro dos Espíritos, pergunta 424:

“Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?”

Resposta: “Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos”.

Segundo Franz Anton Mesmer (1733-1815), médico austríaco, todo ser vivo seria dotado de um fluido magnético capaz de se transmitir a outros indivíduos, estabelecendo-se, assim, influências psicossomáticas recíprocas, inclusive com fins terapêuticos.

Considerando o magnetismo como condutor da vontade e dos pensamentos dos seres pensantes atuando incessantemente sobre as partículas e os corpos, sua ação pode ser benéfica ou maléfica, dependendo da fonte que o irradia. Neste caso, a fonte geradora, ou seja, o ser pensante, pode ser comparado a uma usina de eletricidade e os seus pensamentos e sentimentos os transformadores que graduam e determinam sua potência e qualidade. Nada melhor para a comprovação dessa realidade do que os fatos observados e que são muito numerosos, registrando a ação magnética direcionada através dos pensamentos e dos sentimentos humanos.

(...) Certa vez, quando eu administrava a construção de um prédio industrial na capital do estado de São Paulo, ocorreu um fato que ilustra bem esse fenômeno de impregnação psíquica magnética nos objetos de uso pessoal. Um dos meus funcionários, o encarregado da obra, foi acometido de um mal estranho. Todo dia chegava no canteiro da obra sentindo-se bem, mas assim que começava a trabalhar, passava a sofrer de cólicas intestinais violentas sendo obrigado a retornar para casa, porém, assim que deixava a obra, sentia-se muito bem novamente. Isso se repetiu durantes três dias. No quarto dia conversávamos enquanto ele se trocava no barraco da obra e observando-o, fui intuído de que o problema estava na roupa que usava para trabalhar, então perguntei a ele a origem da roupa e ele afirmou que a calça e a cinta que ele usava ganhara de uma vizinha e que era a roupa do seu marido que há pouco tempo havia desencarnado de câncer intestinal. Diante dessa afirmação, a qual confirmava a minha intuição, eu atuei com o meu magnetismo sobre as calças e a cinta. A partir daquele dia não mais sentiu as cólicas que o importunavam.(...)

(...) É evidente que a calça e a cinta do recém-desencarnado ainda se mantinham impregnadas do seu psiquismo de dor e de sofrimento que havia precedido à sua passagem para o mundo dos espíritos, cuja atuação magnética alterava a estabilidade das moléculas situadas na região gástrico intestinal do meu funcionário provocando dores semelhantes as que havia sofrido. (...)

Aqui fizemos um pálido estudo sobre o magnetismo, pois seria impossível em um espaço diminuto de uma matéria se aprofundar mais num assunto tão empolgante e esclarecedor, porém, tenho a certeza que foi o suficiente para compreendermos a profunda visão de Kardec quando afirmou que ninguém imagina que no brinquedo dos patinhos imantados está o segredo do mecanismo do Universo e da marcha dos mundos.

PAZ E LUZ!

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 46.

terça-feira, 29 de março de 2016

Epidemia Obsessiva


A obsessão, essa incoercível constrição psíquica exercida pelos Espíritos infelizes sobre as criaturas humanas, nunca é demais afirmá-lo, constitui lamentável processo epidêmico, que se alastra na Terra.

Tendo a sua gênese nos distúrbios do comportamento atual ou pretérito de quem lhe padece a injunção, exige imediata consideração, através de um estudo cuidadoso dessas causas profundas com as correspondentes terapêuticas capazes de agir nas suas bases, modificando ou extirpando os fatores preponderantes e propiciatórios de tão grave alienação.

Imperioso, portanto, que sejam examinadas as psicopatologias da obsessão com naturalidade e firmeza, sem eufemismos nem desvios que possam dificultar a real compreensão do problema afligente.

Tendo-se em vista a imortalidade da alma, cumpre seja meditado sobre o destino que se reserva a cada ser, de acordo com o comportamento que se permite antes da desencarnação.

Não permanecendo estática a vida, após o túmulo as criaturas prosseguem com as suas realizações e comportamentos, identificando-se com semelhantes outros que compõem a sociedade viva e atuante, donde se procede em direção ao corpo e para onde se volve após a desvestidura dos tecidos carnais.

Como conseqüência, o intercâmbio entre os que são afins e se unem pelo amor, é das mais formosas concessões da Vida, contribuindo para a vitalização dos sentimentos, ao mesmo tempo oferecendo esperanças para o reencontro futuro e consolação diante das aflições presentes.  Inevitavelmente, os que se antipatizam e odeiam, imanados pelos vínculos da reciprocidade vibratória, sofrem a interferência mental da animosidade que mantêm entre eles, quase sempre prevalecendo a força psíquica do desencarnados, pela razão mesma de encontrar-se liberado do corpo, o que lhe dá mobilidade, disposição, mais ampla alternativa infeliz para o cometimento do desencarnado.

Estabelecem-se nefandas situações perturbadoras em que ambos consórcios do desequilíbrio se engalfinham na luta sem quartel, na qual predomina a ação vingadora do desencarnado. Estabelecida a identificação psíquica desequilibradora, é urgente que a vítima, advertida da parasitose espiritual, modifique os quadros mentais e se renove pelas ações meritórias, impedindo a fixação dos clichês deprimentes ou exaltadores que lhe são transmitidos em largo curso, co uma pertinácia temerária.

Ideal será sempre a ação preventiva. Descuidado, porém, dos seus deveres espirituais, o homem avança no seu desenvolvimento psicológico e social, negando-se maiores responsabilidades morais, mormente nestes dias de licenças e promiscuidades dos costumes éticos.

Não querendo enxergar da vida senão os interesses que lhe ferem os sentidos, afadiga-se pela aquisição dos excessos e derrapa no comportamento salutar, gerando distúrbios vibratórios na personalidade, que lhe permitem a identificação com os seus adversários desencarnados.

Não se resguardando do mal que, afinal, existe em todos nós, potencialmente, como efeito dos deslizes passados, dá guarida às obsessões, quando mais fácil seria precatar-se, auxiliando aqueles a quem feriu ou magoou nesta ou noutra existência corporal. Não dando guarida aos compromissos superiores, é despertado para as responsabilidades espirituais pela dor, tombando nas alienações sob o jugo das obsessões.

Cada paciente, no entanto, requer auxílios e terapias específicas, não obstante, genericamente, os valores morais e os exercícios enobrecedores das virtudes constituam os mais eficazes antídotos para tão rude enfermidade, que permanece, talvez, ignorada propositadamente pelas academias e pelos seus membros, aliás, não isentos de experimentar a ocorrência psíquica...

Ao paciente, todavia, cabe o desempenho da parte mais importante da terapia: o esforço sincero para alterar o quadro dos sentimentos pessoais e a ação honesta que o torne melhor em relação a si mesmo e ao agente que o perturba. Diante da transformação moral legítima do enfermo e em considerando as vibrações que passa a emitir com teor benigno, o adversário desencarnado, por sua vez, altera os planos malévolos, despertando para a realidade em que se encontra e de que se não deu contra real, aplicando o cabedal do tempo e da oportunidade a benefício do próprio. Torna-se urgente o serviço, a terapia preventiva contra a obsessão espiritual e a desobsessão, quando aquela já se encontra instalada. 

O Evangelho do Cristo é, ainda, e será sempre, o melhor medicamento para obsidiados e obsessores, por prevenir os males e recuperar os que lhes tombam nas malhas.  Verdadeiro tratado de otimismo, suas lições constituem valioso medicamento psíquico, atuando nos refolhos da alma e consubstanciando os propósitos que se transformam em ações libertadoras.

Com o auxílio da Doutrina Espírita, que aclara, mediante a luz da reencarnação, e confirma pelo fato mediúnico a sobrevivência espiritual, dispõe o homem dos recursos extraordinários para colocar barreiras à propagação epidêmica doas obsessões,que avassalam as mentes e afligem os sentimento do homem, aturdido no báratro dos dias que ora se vive na Terra.

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA
(Terapêutica de Emergência)